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Palavra do leitor

A implacabilidade do tempo

O tempo é implacável com os seres humanos. Todos nós, querendo ou não, sofremos a sua ação. É inevitável tentar fugir de seus efeitos, impossível esquivar-se de suas garras. O tempo torna velho o que antes era novo, obsoleto o que era moderno e inútil o que algum dia teve alguma serventia.

Os museus são um prova da passagem do tempo ou uma forma de preservar lembranças ou memórias de serem devoradas por ele. Quando estamos diante das recordações históricas que permanecem registradas para a posteridade nos acervos dos museus e bibliotecas espalhadas pelo mundo, temos uma idéia ainda que pequena da ação cronológica do tempo sobre as coisas, pessoas e sobre a própria existência.

O fato é que, nós, homens, não somos senhores do tempo. Não podemos domá-lo, retê-lo, confiná-lo ou fazê-lo retroceder. Ele é um monstro guloso que insaciavelmente abocanha os anos da existência, e, por fim, dará o seu ultimato derradeiro a todos nós reles mortais. Diante da última curva da jornada, estaremos perante a travessia do tempo para a eternidade. O instante em que nos defrontaremos com a nossa finitude e o momento em que não mais seremos controlados pelos ponteiros do relógio.

Deixar de existir neste mundo é libertar-se das amarras da cronometragem e adentrar na liberdade incomensurável do tempo infinito da imortalidade. Onde todos os sentidos e afetos infinitamente aperfeiçoados experimentarão sensações etéreas nunca dantes experienciadas aquém.

O tempo não pode ser tratado como um vilão. Deve ser aproveitado ao máximo. Cada instante da vida tratado como uma dádiva dos céus, um tesouro a ser experimentado em seus mínimos detalhes sem qualquer desperdício. O salmo 90, cuja autoria é atribuída a Moisés, declara: “ Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12).

Nosso mundo não parece muito afeito à idéia de envelhecer ou à realidade do fim desta vida terreal. Os homens procuram de todas as formas prolongar como podem suas vidas neste planeta, criando tratamentos estéticos para disfarçar os estrago do tempo sobre o corpo, praticando exercícios, desenvolvendo medicamentos que prolonguem a vida. Mas, todas estas coisas se mostram inúteis ante o golpe doloroso da morte. O salmista assevera: “Tu reduzes os homens ao pó”( Sl 90.3a). E, ainda: “Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, havendo vigor,a oitenta; neste caso, o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa, e nos voamos.”( Sl 90.10).

O viver neste mundo de trevas constitui-se um grande desafio para o homem moderno. Cada pessoa encara diferentemente as etapas da vida. No entanto, a vida só pode obter sentido real se estiver solidificada em Deus. Caso contrário, será apenas perda de tempo, um correr atrás do vento, uma utopia. Tal situação deprimente tem conduzido muitos corações ao desespero, depressão e suicídio. Porque o existir perde o sentido e, neste caso, traz conseqüências desastrosas sobre os corações sem esperança.´

Podemos comparar este mundo a um grande deserto ou a um imenso vale de lágrimas. Os efeitos da queda são perceptíveis em toda parte. A começar pela própria vida humana que sofreu os reflexos negativos do pecado dos nossos primeiros pais no Éden. A transgressão deles abriu a porta para que o pecado entrasse no mundo, e, com ele, a morte.

Em Gênesis, encontraremos relato da queda e de como tudo começou a dar errado na vida do homem. Ao dar ouvidos a serpente maldita, nossos primeiros pais escancararam a porta para que a maldição entrasse no mundo e contaminasse toda a criação. Um ato deliberado de desobediência criou toda a desgraça que vemos neste triste planeta condenado.
Cabo Frio - RJ
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