Palavra do leitor
- 20 de junho de 2016
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A Igreja evangélica pode ensinar ética à política partidária?
A Igreja evangélica brasileira está a salvo da podridão ética da política brasileira? Pastores e líderes estão longe dos escaninhos do poder? Ou compactuam com tudo que está acontecendo em maior ou menor proporção? Uma igreja conivente com os desmandos pode ser voz ativa nas mudanças que precisamos? Quando pastores assentem com benesses ofertadas e envolvem a Igreja como contrapartida é uma postura ética e bíblica?
Prezados trinta leitores, é forçoso lembrar que o Brasil está envolto num nevoeiro de corrupção. A cada dia, a cada nova revelação, as coisas só complicam. É um verdadeiro espiral de podridão moral, arrastando consigo todos os brasileiros. Sim, este tornado em que se tornou nossa crise ética já seria complicado o suficiente se só arrastasse os envolvidos diretos, o problema é que os efeitos são sentidos na economia, nos investimentos públicos e nas esferas mais improváveis. Chega-se até mesmo a pensar que não há mais solução. O Judiciário, a instância mais respeitável de um país democrático no qual vigem os três Poderes se vê obrigado a provar que não é covarde ou comprado.
Uma breve divagação vai para aquele nobre irmão que acha que as coisas são assim mesmo, que é o fim do mundo, a volta de Jesus, etc. Há uma verdade latente nisso, porém, o que dizer das demais nações, especialmente, daquelas onde o nível de corrupção é mínimo? Jesus só está voltando para nós? Ou é falta de vergonha na cara e de coragem para fazer as mudanças necessárias para o bem de todos? Voltemos…
Até que entre tantas perguntas que baratinam o imaginário comum surge aquela fatal: E a Igreja evangélica brasileira? Está imune a tudo isso? Tem algum papel relevante de exemplo, como sal e luz? Este missivista não desejaria lançar tudo e todos num mesmo lugar comum. Entendo que há a Igreja espiritual, um conceito abstrato dentro da Palavra de Deus, que não se contamina e está caminhando célere para o Céu, e há a Igreja organizada, cujos templos, fachadas e dísticos traduzem uma balburdia sem fim. Afinal há milhares de igrejas evangélicas em termos denominacionais.
Já há, no meio das delações premiadas, igrejas sendo denunciadas como receptoras do dinheiro do Petrolão. Numa
investigação mais apurada não duvido que surgissem diversas outras. A verdade dos gabinetes de prefeitos, vereadores, deputados, governadores e senadores é que as igrejas evangélicas estão atoladas neste lamaçal até o pescoço. Praticamente todas. O Petrolão só está revelando uma das faces do problema. Vasculhe-se as folhas de pagamento de Câmaras e Prefeituras, as verbas de gabinete, os escaninhos do poder. E vamos encontrar pastores aos milhares negociando a boa fé das ovelhas, enquanto ganham um bom dinheiro extra.
As maneiras como se aproveitam variam, enumeremos algumas:
Acomodação de pastores em cargos comissionados em prefeituras e câmaras de vereadores, assembleias legislativas e gabinetes de senadores;
Acomodação nestes mesmos lugares de prepostos e parentes de pastores;
Concessão de vantagens, como colocação a disposição de pessoas chave dentro das igrejas, como retribuição pelos votos;
Concessão de vantagens diretas aos pastores, familiares, prepostos ou à agremiação religiosa.
É uma simbiose perfeita entre o poder temporal e a religião evangélica. Aquilo que Constantino fez com a Igreja Católica, por volta do ano 300, foi aperfeiçoado pela igreja evangélica brasileira. Lá o imperador, aqui vereadores, prefeitos, deputados e senadores se encarregam de lançar vantagens diante de lideranças despudoradas e avarentas. Não foi preciso sequer absorver as crenças. A igreja evangélica continua mística nos templos e devassa nos gabinetes. Para consumo interno as mentiras mais deslavadas, como aquela que “era preciso ter alguém para defender a Igreja”, ou “irmão vota em irmão”, ou ainda “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”. Os amigos políticos da Igreja estão por toda parte e são cantados em verso e prosa. Enquanto as vantagens singram os cenários, quase imperceptíveis!
Qualquer pessoa que junte duas sílabas é capaz de compreender o fazer política diário de pastores e líderes maiores. Como eles lutam por seus apaniguados? Afastam eventuais discordantes do sistema político. Abrem seus templos e recebem suntuosamente os candidatos. Lutam para que tenham apoio. Atenuam arestas. Políticos são atendidos em gabinetes pastorais, em detrimento de outros pastores e membros. E mantém a rédea curta sobre quem deve se candidatar ou não. É uma preocupação constante. Já não é sobre almas e espaços. É sobre manutenção de privilégios! Se os escândalos se sucedem, mudam-se os personagens, mas a engrenagem é azeitada e vantajosa demais para se abrir mão completamente. Deus anda longe de muitos gabinetes pastorais!
Dias atrás soube de um caso de determinado líder que se candidatou a um cargo numa associação de pastores. Foi demovido de sua intenção por outro que receberia, pasmem!, R$ 1.000.000,00 para fazer sua campanha deslanchar. São lances inverossímeis. Um salário
Prezados trinta leitores, é forçoso lembrar que o Brasil está envolto num nevoeiro de corrupção. A cada dia, a cada nova revelação, as coisas só complicam. É um verdadeiro espiral de podridão moral, arrastando consigo todos os brasileiros. Sim, este tornado em que se tornou nossa crise ética já seria complicado o suficiente se só arrastasse os envolvidos diretos, o problema é que os efeitos são sentidos na economia, nos investimentos públicos e nas esferas mais improváveis. Chega-se até mesmo a pensar que não há mais solução. O Judiciário, a instância mais respeitável de um país democrático no qual vigem os três Poderes se vê obrigado a provar que não é covarde ou comprado.
Uma breve divagação vai para aquele nobre irmão que acha que as coisas são assim mesmo, que é o fim do mundo, a volta de Jesus, etc. Há uma verdade latente nisso, porém, o que dizer das demais nações, especialmente, daquelas onde o nível de corrupção é mínimo? Jesus só está voltando para nós? Ou é falta de vergonha na cara e de coragem para fazer as mudanças necessárias para o bem de todos? Voltemos…
Até que entre tantas perguntas que baratinam o imaginário comum surge aquela fatal: E a Igreja evangélica brasileira? Está imune a tudo isso? Tem algum papel relevante de exemplo, como sal e luz? Este missivista não desejaria lançar tudo e todos num mesmo lugar comum. Entendo que há a Igreja espiritual, um conceito abstrato dentro da Palavra de Deus, que não se contamina e está caminhando célere para o Céu, e há a Igreja organizada, cujos templos, fachadas e dísticos traduzem uma balburdia sem fim. Afinal há milhares de igrejas evangélicas em termos denominacionais.
Já há, no meio das delações premiadas, igrejas sendo denunciadas como receptoras do dinheiro do Petrolão. Numa
investigação mais apurada não duvido que surgissem diversas outras. A verdade dos gabinetes de prefeitos, vereadores, deputados, governadores e senadores é que as igrejas evangélicas estão atoladas neste lamaçal até o pescoço. Praticamente todas. O Petrolão só está revelando uma das faces do problema. Vasculhe-se as folhas de pagamento de Câmaras e Prefeituras, as verbas de gabinete, os escaninhos do poder. E vamos encontrar pastores aos milhares negociando a boa fé das ovelhas, enquanto ganham um bom dinheiro extra.
As maneiras como se aproveitam variam, enumeremos algumas:
Acomodação de pastores em cargos comissionados em prefeituras e câmaras de vereadores, assembleias legislativas e gabinetes de senadores;
Acomodação nestes mesmos lugares de prepostos e parentes de pastores;
Concessão de vantagens, como colocação a disposição de pessoas chave dentro das igrejas, como retribuição pelos votos;
Concessão de vantagens diretas aos pastores, familiares, prepostos ou à agremiação religiosa.
É uma simbiose perfeita entre o poder temporal e a religião evangélica. Aquilo que Constantino fez com a Igreja Católica, por volta do ano 300, foi aperfeiçoado pela igreja evangélica brasileira. Lá o imperador, aqui vereadores, prefeitos, deputados e senadores se encarregam de lançar vantagens diante de lideranças despudoradas e avarentas. Não foi preciso sequer absorver as crenças. A igreja evangélica continua mística nos templos e devassa nos gabinetes. Para consumo interno as mentiras mais deslavadas, como aquela que “era preciso ter alguém para defender a Igreja”, ou “irmão vota em irmão”, ou ainda “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”. Os amigos políticos da Igreja estão por toda parte e são cantados em verso e prosa. Enquanto as vantagens singram os cenários, quase imperceptíveis!
Qualquer pessoa que junte duas sílabas é capaz de compreender o fazer política diário de pastores e líderes maiores. Como eles lutam por seus apaniguados? Afastam eventuais discordantes do sistema político. Abrem seus templos e recebem suntuosamente os candidatos. Lutam para que tenham apoio. Atenuam arestas. Políticos são atendidos em gabinetes pastorais, em detrimento de outros pastores e membros. E mantém a rédea curta sobre quem deve se candidatar ou não. É uma preocupação constante. Já não é sobre almas e espaços. É sobre manutenção de privilégios! Se os escândalos se sucedem, mudam-se os personagens, mas a engrenagem é azeitada e vantajosa demais para se abrir mão completamente. Deus anda longe de muitos gabinetes pastorais!
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