Palavra do leitor
- 20 de novembro de 2021
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A igreja atual X O mito da caverna
Partindo do pressuposto de que a filosofia é uma forma de interpretar a realidade, interagindo e considerando temas sociais, políticos, culturais e religiosos, nos é possível entender que ela propicia o desenvolvimento do senso crítico, o afastamento da mente da mediocridade, nos levando a refletir sobre qual é o melhor caminho para compartilhar as descobertas, repassar o bem, auxiliando e ensinando ao próximo em sua evolução.
No momento atual, em que boa parte dos cristãos se encontram envolvidos na idolatria e na prática dos "fake news", neste momento de arrefecimento de uma cruel pandemia, refletir e fazer uma analogia sobre a obra de Platão – O MITO DA CAVERNA – e interpretá-la sociologicamente em alinhamento à realidade da Igreja brasileira é algo de importância ímpar.
[Na alegoria da caverna, Platão descreve a seguinte situação: "Em uma caverna escura existe um grupo de prisioneiros que desde a infância se encontram acorrentados a uma parede e a única coisa que conseguem ver é a parede paralela à sua frente. Nessa parede, sombras formadas por uma fogueira num fosso anterior aos prisioneiros são projetadas. Pessoas passam com estatuetas e fazem gestos na fogueira para projetar as sombras na parede frontal aos prisioneiros, e esses acham que toda a realidade são aquelas sombras, pois o seu restrito mundo resume-se a estas experiências. Um dia, um dos prisioneiros é liberto e começa a explorar o interior da caverna, descobrindo que as sombras que ele sempre via eram, na verdade, controladas por pessoas atrás da fogueira. O homem livre sai da caverna e encontra uma realidade muito mais ampla e complexa do que a que ele jugava haver quando ainda estava preso. No início, o homem sente um incômodo muito forte com a luz solar, elemento que as suas retinas não estavam habituadas e que o cega momentaneamente. Após algum tempo de visão ofuscada, o homem consegue enxergar e percebe que a realidade e a totalidade do mundo não se parecem com nada do que ele tinha conhecido até então. Tomado por um dilema, de retornar para a caverna e correr o risco de ser julgado como louco por seus companheiros ou desbravar o novo mundo, o homem aprende que o que ele julgava conhecer antes era fruto enganoso de seus sentidos, que são limitados.]
Tanto no mito da caverna, quanto na vida cristã, o ponto central a ser focado é a luz, pois ela é que leva ao discernimento de todas as coisas. Se no escrito de Platão a luz é o bem ansiado, na Igreja a luz é Jesus. E em ambas as sombras representam o mal e a ignorância. Portanto, sair da caverna é sair de um estado de ilusão para o conhecimento de algo real.
Quando se olha atentamente para a Igreja atual é possível ver que a maior parte de seus membros fizeram do mundo com seu sistema uma grande caverna. Uma caverna que os mantém prisioneiros vivendo pela ideia do ter, os levando a lutar por coisas instáveis, passageiras e não prioritárias. Uma caverna em que as sombras e os ecos representam as opiniões e os preconceitos que trazem da vida cotidiana, ou seja, conhecimentos errados que são adquiridos no dia a dia por meio dos sentidos, apenas projeções distorcidas da imagem real, levando-os ao falso entendimento de que continuar na caverna exige menos esforço do que sair da zona de conforto e enfrentar a realidade e lidar com suas consequências.
Sair da caverna, estar em contato com a luz traz aos olhos uma dor insuportável, por isso aceitar a própria ignorância, os erros, as ilusões, é algo bem menos doloroso do que tentar olhar de frente para a luz. Amar o mundo, amar o que ele nos oferece no aqui e agora é algo bem mais desejável e apetecível do que entender, se convencer e viver pela fé na promessa da vida eterna. Viver alimentados pela pregação de falsas promessas, andar sob a luz projetada pelos falsos "deuses terrenos", se comportar conforme o padrão estabelecido, conforme certas ideologias criadas por pessoas irrelevantes e sem embasamento divino é algo bem mais confortável do que seguir os princípios ensinados por Jesus. Por isso, amar o próximo, mostrar Jesus aos mortos em delitos e pecados, ser tolerante com os fracos e desvalidos, buscar justiça para os oprimidos, vestir o nu e alimentar o faminto são paradigmas dos quais grande parte da Igreja de Cristo na atualidade, prefere ficar distante e se manter indiferente. A cada dia constata-se que para estes cristãos as redes sociais tornaram-se vitrines cheias de imagens que demonstram felicidade e perfeição invejáveis, mas revelam egos vazios de sentido. Há uma vulgarização da vida humana, pois a escolha é manter-se na caverna tornando-se seres cada vez mais desprezíveis, manipuláveis, fracos e dominados.
Diante desta situação, a esperança está nos 144000 que não dobraram o joelho a baal, aqueles que saíram da caverna, que foram iluminados pela luz do Senhor e Salvador Jesus Cristo, e se tornaram aptos a resgatar muitos dos "zumbis cavernísticos".
Fabio S. Faria
No momento atual, em que boa parte dos cristãos se encontram envolvidos na idolatria e na prática dos "fake news", neste momento de arrefecimento de uma cruel pandemia, refletir e fazer uma analogia sobre a obra de Platão – O MITO DA CAVERNA – e interpretá-la sociologicamente em alinhamento à realidade da Igreja brasileira é algo de importância ímpar.
[Na alegoria da caverna, Platão descreve a seguinte situação: "Em uma caverna escura existe um grupo de prisioneiros que desde a infância se encontram acorrentados a uma parede e a única coisa que conseguem ver é a parede paralela à sua frente. Nessa parede, sombras formadas por uma fogueira num fosso anterior aos prisioneiros são projetadas. Pessoas passam com estatuetas e fazem gestos na fogueira para projetar as sombras na parede frontal aos prisioneiros, e esses acham que toda a realidade são aquelas sombras, pois o seu restrito mundo resume-se a estas experiências. Um dia, um dos prisioneiros é liberto e começa a explorar o interior da caverna, descobrindo que as sombras que ele sempre via eram, na verdade, controladas por pessoas atrás da fogueira. O homem livre sai da caverna e encontra uma realidade muito mais ampla e complexa do que a que ele jugava haver quando ainda estava preso. No início, o homem sente um incômodo muito forte com a luz solar, elemento que as suas retinas não estavam habituadas e que o cega momentaneamente. Após algum tempo de visão ofuscada, o homem consegue enxergar e percebe que a realidade e a totalidade do mundo não se parecem com nada do que ele tinha conhecido até então. Tomado por um dilema, de retornar para a caverna e correr o risco de ser julgado como louco por seus companheiros ou desbravar o novo mundo, o homem aprende que o que ele julgava conhecer antes era fruto enganoso de seus sentidos, que são limitados.]
Tanto no mito da caverna, quanto na vida cristã, o ponto central a ser focado é a luz, pois ela é que leva ao discernimento de todas as coisas. Se no escrito de Platão a luz é o bem ansiado, na Igreja a luz é Jesus. E em ambas as sombras representam o mal e a ignorância. Portanto, sair da caverna é sair de um estado de ilusão para o conhecimento de algo real.
Quando se olha atentamente para a Igreja atual é possível ver que a maior parte de seus membros fizeram do mundo com seu sistema uma grande caverna. Uma caverna que os mantém prisioneiros vivendo pela ideia do ter, os levando a lutar por coisas instáveis, passageiras e não prioritárias. Uma caverna em que as sombras e os ecos representam as opiniões e os preconceitos que trazem da vida cotidiana, ou seja, conhecimentos errados que são adquiridos no dia a dia por meio dos sentidos, apenas projeções distorcidas da imagem real, levando-os ao falso entendimento de que continuar na caverna exige menos esforço do que sair da zona de conforto e enfrentar a realidade e lidar com suas consequências.
Sair da caverna, estar em contato com a luz traz aos olhos uma dor insuportável, por isso aceitar a própria ignorância, os erros, as ilusões, é algo bem menos doloroso do que tentar olhar de frente para a luz. Amar o mundo, amar o que ele nos oferece no aqui e agora é algo bem mais desejável e apetecível do que entender, se convencer e viver pela fé na promessa da vida eterna. Viver alimentados pela pregação de falsas promessas, andar sob a luz projetada pelos falsos "deuses terrenos", se comportar conforme o padrão estabelecido, conforme certas ideologias criadas por pessoas irrelevantes e sem embasamento divino é algo bem mais confortável do que seguir os princípios ensinados por Jesus. Por isso, amar o próximo, mostrar Jesus aos mortos em delitos e pecados, ser tolerante com os fracos e desvalidos, buscar justiça para os oprimidos, vestir o nu e alimentar o faminto são paradigmas dos quais grande parte da Igreja de Cristo na atualidade, prefere ficar distante e se manter indiferente. A cada dia constata-se que para estes cristãos as redes sociais tornaram-se vitrines cheias de imagens que demonstram felicidade e perfeição invejáveis, mas revelam egos vazios de sentido. Há uma vulgarização da vida humana, pois a escolha é manter-se na caverna tornando-se seres cada vez mais desprezíveis, manipuláveis, fracos e dominados.
Diante desta situação, a esperança está nos 144000 que não dobraram o joelho a baal, aqueles que saíram da caverna, que foram iluminados pela luz do Senhor e Salvador Jesus Cristo, e se tornaram aptos a resgatar muitos dos "zumbis cavernísticos".
Fabio S. Faria
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