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Palavra do leitor

A história de Celestino

Celestino, apesar do nome, não era nem um pouco ligado às coisas do céu. Ele gostava mesmo era de se divertir, e por conta disto volta e meia se envolvia em brigas e desavenças.

Não que a diversão seja algo ruim, mas Celestino adorava tomar umas pingas e esse seu hábito muitas vezes o metia em várias confusões e atritos exigindo até a presença da polícia.

Quando ele estava "são" era um bom sujeito, brincalhão, bem humorado e sensível. Muita gente o conhecia por Tino e ele era uma figura muito querida em toda a vizinhança. Era assim o seu dia a dia na pequena casa onde morava sozinho e às vezes recebia alguns amigos para um longo bate papo regado a umas doses daquela bebida que passarinho não bebe. Mas eles bebiam. E muito.

A bebida alcoólica na vida do ser humano sempre foi a causa de muitas confusões e mortes. Ela transforma literalmente as pessoas, causa reações as mais estranhas e reduz a pessoa muitas vezes a um objeto perigoso, sem razão e sem controle. Eu não entendo porque tantas pessoas bebem álcool, mas todas têm os seus motivos, as suas alegações. O indivíduo alcoolizado não tem sequer coordenação, vive caindo e se machucando e causa sérios transtornos à sociedade, além de envergonhar a sua familia.

O homem só vai parar de beber e de se embriagar no dia em que proibirem a fabricação e o comércio de aguardente ou qualquer outra bebida alcoólica. Mas, como a proibição não interessa aos empresários nem ao Governo, tal coisa nunca vai acontecer. A menos que aconteça um milagre. O homem, portanto, está condenado a viver bêbado destruindo e se auto-destruindo simplesmente pelo fato de haver grandes interesses por trás dessa vergonha que é a bebida alcoólica. E tem muita gente que ainda faz piada desta desgraça que tem causado tantas mortes e tanta destruição. Que piada mais triste e sem graça!

Celestino, o nosso personagem, sabia de tudo isto, mas, como acontece com a maioria das pessoas, continuava bebendo e muitas vezes era levado para casa por algum amigo que o vira bêbado caido em alguma rua próxima de sua casa. Muitos o aconselhavam a parar de beber; diziam a ele que havia um grupo que ajudava pessoas que tinham esse vício e esse pessoal se reunia semanalmente na Escola do seu bairro. Era um grupo denominado "Alcoólicos anônimos".

Celestino ouvia tudo, concordava, mas depois esquecia e continuava a sua rotina de bêbado inveterado. "Isto ainda vai acabar mal!" - dizia seu Robério, um dos amigos mais fiéis de Celestino. "Que cena mais triste!" - disse Dona Carminha quando um dia viu o pobre homem caido bem em frente à sua casa. Era mesmo de dar dó: um sujeito tão bom vivendo escravizado daquela maneira pelo vicio da bebida. Ninguém acreditava mais em sua recuperação. Para todos, o seu fim era só uma questão de tempo. Agora, era só aguardar o desfecho final. Mas ainda restava uma tênue luz, ainda havia uma esperança pairando no ar.

Dizem que a esperança é a última que morre. Eu prefiro dizer que a esperança nunca morre. Certo dia, Celestino chegou em casa com outra aparência e todos estranharam a sua repentina mudança. Queriam lhe perguntar o que tinha acontecido, mas preferiram aguardar um pouco, ou deixar que ele mesmo contasse a novidade.

Com o passar dos dias, a mudança continuou e sua aparência foi só melhorando. Ninguém aguentava mais de tanta curiosidade. Todos comentavam admirados e não acreditavam no que viam. Não demorou muito e todos ficaram sabendo. Celestino, a convite de uns vizinhos, estava frequentando uma igreja e agora era uma pessoa transformada. Parecia brincadeira, mas era uma realidade. Todos que o viam não tinham como negar a sua transformação.

Ele, quando era indagado sobre a mudança, contava que lá nessa "igreja dos crentes" as pessoas não só o aconselharam a deixar a bebida, mas oraram a Deus por ele pedindo a sua libertação. Além disto, lá ninguém bebia, ou seja, eles davam exemplo com a vida, ao contrário de seus amigos que o aconselhavam a parar de beber, mas bebiam junto com ele. Essa era a grande diferença! Celestino, agora era um homem novo, regenerado! Celestino, como gostava de afirmar, agora era um cidadão do céu - um homem que conseguiu, com a ajuda divina, vencer a bebida. Finalmente, aquele homem fazia justiça ao seu nome, ou seja, era uma pessoa que se preocupava não só com as coisas da terra, mas, sobretudo, com as coisas do céu. Assim, se cumpria nele as palavras do Senhor Jesus: "Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8.36).
Mogi Guaçu - SP
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