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Palavra do leitor

A "fé" dos náufragos

"Agora, porém, completai o já começado, para que, assim como houve prontidão de vontade, haja também cumprimento..." 2 Co 8;11

Uma situação pontual em Corinto, de uns que começaram uma coleta em favor dos mais pobres e em dado momento arrefeceram e pararam antes de completá-la.

Deixando esse evento em particular, quero pensar um pouco sobre o vício humano de começar coisas e largar inacabadas.

Advertindo sobre a seriedade de segui-lo, Jesus ensinou que o homem prudente calcularia custos e posses antes de começar a edificar uma torre, para que não pesasse sobre ele a vergonha de ter começado sem conseguir acabar; ou, de um rei, ante a batalha, que sabedor da superioridade do adversário, sequer começaria a mesma, desperdiçando vidas inutilmente; antes, evitaria isso e enviaria embaixadas buscando condições de paz.

Quanto ao custo do discipulado, avisou: "Assim, qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo." Lc 14;33 Se, para salvação a palavra-chave é arrependei-vos, para o discipulado e perseverança na fé, desprendei-vos.

A Abraão, "Pai da fé" foi dito: "Sai da tua terra e dentre tua parentela para um lugar que te mostrarei". Um apego qualquer ao lugar ou a alguma pessoa teria sido um óbice, na caminhada dele.

O que são os milhares de divórcios, mães solteiras, pais até, senão, projeções de sentimentos enganosos, planos de famílias começados e deixados por acabar?

O que são os milhares de desviados por aí, senão, gente que começou a obra e não a terminou?

Em muitos casos, na maioria deles, a culpa é dos pregadores que, invés de, como Jesus, advertirem da seriedade do que está em jogo, bem como dos custos, no seu afã carnal de encher templos mais que encomendar almas aos Céus, alargam as portas acenando com facilidades ausentes na Palavra de Deus. "Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, espaçoso o caminho que conduz à perdição e muitos são, os que entram por ela;" Mt 7;13

Chamam incautos dourando a cruz e prometendo facilidades onde deveriam ensinar renúncias; como bem disse Watchman Nee, alguns se ocupam em ensinar "viver melhor" quando, deveriam ensinar a morrer melhor.

A esses festeiros adversários da Cruz, Paulo combatia desde seus dias já; "Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas." Fp 3;18-19

Entretanto, só pensar nas coisas materiais é um vício tão entranhado, que a maioria sequer precisa do engano dos pregadores falsos; os próprios corações se encarregam disso.

Muitos embarcam no oba oba do momento, como certo populacho no Egito que, vendo Deus pelejar maravilhosamente pelos escolhidos contra Faraó, e os libertados saírem do cativeiro com grandes despojos decidiram embarcar junto como se a peregrinação pelo deserto fosse um convite para festa.

Esses tributários das emoções, eram os primeiros a choramingar ante as dificuldades e devanear em voltar ao Egito.

Na Parábola do Semeador, O Salvador falou das sementes sobre pedras que nascem rápido e por não ter raízes fundas ao primeiro sol murcham.

Desse calibre é a "fé" dos que se baseiam meramente em emoções, invés de o fazerem na imutável Palavra de Deus; no Seu Santo Caráter; "Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre seu Deus." Is 50;10

Muitos possuem suas fés de plástico para decoração das mesas do próprio engano. Pintam imaginários horizontes coloridos e animam um ao outro; "confie, creia, tome posse, vai dar tudo certo;" chamam a essa doença de fé. Só otimismo raso e inconsequente.

A fé sadia supera a falta de horizontes por ser aferida por um "Prumo" excelente; "Quando estiver em trevas e não ver luz nenhuma..." Cadê o horizonte? "Confie no Nome do Senhor" a Santa Integridade, na qual se pode confiar mesmo em circunstâncias adversas.

Então, muitos começam e não acabam, porque em vez de uma confiança inabalável no Piloto, que sabe como levar, e onde devem chegar as naus das suas vidas, querem eles ser os timoneiros; escolher por si mesmos as direções.

Mais que confiança, como pensaria o incauto, fé demanda obediência, por ter um conteúdo, uma doutrina na qual crer, e pela qual, andar.

Se, sairmos fora da mesma, a consciência, essa faculdade do Espírito regenerada, nos acusará; se não lhe dermos ouvidos, não acabaremos a obra; naufragaremos. "Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé." 1 Tm 1;19
Tio Hugo - RS
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Site: http://ofarol21.blogspot.com.br

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