Palavra do leitor
- 04 de março de 2011
- Visualizações: 5110
- 7 comentário(s)
- +A
- -A
- compartilhar
A farsa do carnaval que o baiano gosta
A mídia, de modo geral, vende uma imagem do carnaval baiano que não é real. Pela cobertura que se dá, pela ênfase nos supostos benefícios para a cidade e pelas imagens da multidão correndo atrás do trio, a impressão que se passa é a de que a população baiana está inteiramente envolvida com a festa. Ledo engano. Transcrevo abaixo, o resultado de uma recente pesquisa publicada no site do jornal A Tarde.
"A folia é soteropolitana, mas uma parcela expressiva dos moradores da capital baiana – 77,9% – preferem mesmo é escapar do Carnaval. Destes, com base em pesquisa feita em julho, agosto e setembro do ano passado, 60,5% preferem ficar em casa e envolver-se em atividades como ver televisão, ouvir música e acessar a internet. O restante viaja e, neste universo, a maioria (89,8%) prefere outras cidades baianas."(25/02/2011 às 09:28 - ATUALIZADA EM: 25/02/2011 às 09:29 - Içara Bahia, do A TARDE)
Se a imprensa estivesse interessada em noticiar a verdade, a manchete dos jornais, revistas e chamadas televisivas seria: "BAIANOS NÃO GOSTAM DO CARNAVAL". No entanto, tutelados por interesses mesquinhos, se empenham em mascarar a realidade e atrair os desavisados para uma festa que de muito tempo já deixou de ser divertida. Na verdade, os únicos interessados em manter este evento são, dentre outros, os fabricantes de bebidas alcoólicas, donos de trios e blocos, com seus respectivos artistas, e a rede hoteleira. O fundamento é o benefício pessoal que uma minoria usufrui da muvuca.
A sociedade baiana demonstra insatisfação com a brincadeira, seja pelo incômodo causado a quem não quer saber disto, seja pelo enorme custo social e moral impostos às famílias. Aliás, por falar em custo, vamos ponderar.
Suposto benefício na geração de empregos - Na maioria, temporários, cujos trabalhadores são submetidos a jornadas extenuantes, sem amparo legal e sem as condições adequadas de trabalho, e ainda tem de brigar para que paguem o valor acertado.
Suposto benefício pela maior arrecadação de impostos – Tomando por base os dados do carnaval de 2005, ao contrário de lucro, o carnaval gera prejuízo para os cofres públicos.
“Dados da Secretaria de Serviços Públicos, apresentados no Congresso do Carnaval 2005, dão conta de que os patrocinadores oficiais da festa pagaram ao município, juntos, R$ 2 milhões. Foram arrecadados R$ 684 mil dos blocos e R$ 205 mil dos camarotes. Isso para uma festa que custou aos cofres públicos nada menos que R$ 15 milhões, ou seja, o déficit com o carnaval é próximo de R$ 13 milhões” (Jornal A Tarde de 23.08.2005).
Seria de bom tom que publicassem os dados econômicos da festa de 2011, sem manipulação e auditados, a fim de que pudéssemos verificar a falácia dos discursos dos promotores.
A alegria estampada no rosto do folião – Depois da festa, os organizadores não aparecerão para pagar as dívidas contraídas pelos foliões para adquirirem os caríssimos abadás; nenhum deles estará ao lado das garotas que engravidaram ou foram seviciadas e violentadas, a fim de enxugar suas lágrimas e minimizar sua dor; nenhum deles estará ao lado dos filhos que sofrerão a dor de ver seus pais se separarem por causa de um envolvimento temporário estimulado; nenhum deles vai acompanhar os foliões feridos, convalescendo nas enfermarias dos pronto-socorros; ninguém vai aparecer para doar remédios que ajudem no combate as doenças contraídas; ninguém vai ficar de prontidão durante os outros 358 dias de tristezas, haja vista que a alegria do carnaval só dura sete.
O carnaval, que começou como uma festa popular, de certa forma ingênua, tomou ares de superprodução e atraiu os abutres oportunistas que não perdem uma oportunidade de ganhar dinheiro, mesmo que seja a custa da miséria popular. Atraiu, também, os políticos medíocres que defendem a realização deste tipo de aglomeração para que possam projetar seus nomes no consciente e subconsciente da população, a fim de, nas urnas, receberem os votos para se beneficiarem da coisa pública. E assim, círculo vicioso dos falsos benefícios e da falsa alegria é perpetuado com o amparo da mídia tendenciosa e, repito, tutelada por interesses particulares.
Que não se enganem. Sou favorável que as pessoas devem e podem se divertir, porém, é preciso verificar o custo-benefício (inclusive social e moral) das festas oferecidas do ponto de vista da maioria da população.
Aproveitando a onda de manifestação no mundo árabe e considerando a situação atual da nossa população, o carnaval deveria ser transformado numa grande manifestação popular por serviços públicos melhores. Os trios, blocos e escolas de samba deveriam sair às ruas para cobrar melhoria na educação, na segurança, na saúde, no saneamento básico e no salário mínimo. A mídia deveria somar esforços com eles para promover mais participação popular nestas questões realmente importantes para nossa vida e nação.
Se isso acontecesse, eles perderiam os recursos financeiros que recebem e o carnaval já teria acabado.
"A folia é soteropolitana, mas uma parcela expressiva dos moradores da capital baiana – 77,9% – preferem mesmo é escapar do Carnaval. Destes, com base em pesquisa feita em julho, agosto e setembro do ano passado, 60,5% preferem ficar em casa e envolver-se em atividades como ver televisão, ouvir música e acessar a internet. O restante viaja e, neste universo, a maioria (89,8%) prefere outras cidades baianas."(25/02/2011 às 09:28 - ATUALIZADA EM: 25/02/2011 às 09:29 - Içara Bahia, do A TARDE)
Se a imprensa estivesse interessada em noticiar a verdade, a manchete dos jornais, revistas e chamadas televisivas seria: "BAIANOS NÃO GOSTAM DO CARNAVAL". No entanto, tutelados por interesses mesquinhos, se empenham em mascarar a realidade e atrair os desavisados para uma festa que de muito tempo já deixou de ser divertida. Na verdade, os únicos interessados em manter este evento são, dentre outros, os fabricantes de bebidas alcoólicas, donos de trios e blocos, com seus respectivos artistas, e a rede hoteleira. O fundamento é o benefício pessoal que uma minoria usufrui da muvuca.
A sociedade baiana demonstra insatisfação com a brincadeira, seja pelo incômodo causado a quem não quer saber disto, seja pelo enorme custo social e moral impostos às famílias. Aliás, por falar em custo, vamos ponderar.
Suposto benefício na geração de empregos - Na maioria, temporários, cujos trabalhadores são submetidos a jornadas extenuantes, sem amparo legal e sem as condições adequadas de trabalho, e ainda tem de brigar para que paguem o valor acertado.
Suposto benefício pela maior arrecadação de impostos – Tomando por base os dados do carnaval de 2005, ao contrário de lucro, o carnaval gera prejuízo para os cofres públicos.
“Dados da Secretaria de Serviços Públicos, apresentados no Congresso do Carnaval 2005, dão conta de que os patrocinadores oficiais da festa pagaram ao município, juntos, R$ 2 milhões. Foram arrecadados R$ 684 mil dos blocos e R$ 205 mil dos camarotes. Isso para uma festa que custou aos cofres públicos nada menos que R$ 15 milhões, ou seja, o déficit com o carnaval é próximo de R$ 13 milhões” (Jornal A Tarde de 23.08.2005).
Seria de bom tom que publicassem os dados econômicos da festa de 2011, sem manipulação e auditados, a fim de que pudéssemos verificar a falácia dos discursos dos promotores.
A alegria estampada no rosto do folião – Depois da festa, os organizadores não aparecerão para pagar as dívidas contraídas pelos foliões para adquirirem os caríssimos abadás; nenhum deles estará ao lado das garotas que engravidaram ou foram seviciadas e violentadas, a fim de enxugar suas lágrimas e minimizar sua dor; nenhum deles estará ao lado dos filhos que sofrerão a dor de ver seus pais se separarem por causa de um envolvimento temporário estimulado; nenhum deles vai acompanhar os foliões feridos, convalescendo nas enfermarias dos pronto-socorros; ninguém vai aparecer para doar remédios que ajudem no combate as doenças contraídas; ninguém vai ficar de prontidão durante os outros 358 dias de tristezas, haja vista que a alegria do carnaval só dura sete.
O carnaval, que começou como uma festa popular, de certa forma ingênua, tomou ares de superprodução e atraiu os abutres oportunistas que não perdem uma oportunidade de ganhar dinheiro, mesmo que seja a custa da miséria popular. Atraiu, também, os políticos medíocres que defendem a realização deste tipo de aglomeração para que possam projetar seus nomes no consciente e subconsciente da população, a fim de, nas urnas, receberem os votos para se beneficiarem da coisa pública. E assim, círculo vicioso dos falsos benefícios e da falsa alegria é perpetuado com o amparo da mídia tendenciosa e, repito, tutelada por interesses particulares.
Que não se enganem. Sou favorável que as pessoas devem e podem se divertir, porém, é preciso verificar o custo-benefício (inclusive social e moral) das festas oferecidas do ponto de vista da maioria da população.
Aproveitando a onda de manifestação no mundo árabe e considerando a situação atual da nossa população, o carnaval deveria ser transformado numa grande manifestação popular por serviços públicos melhores. Os trios, blocos e escolas de samba deveriam sair às ruas para cobrar melhoria na educação, na segurança, na saúde, no saneamento básico e no salário mínimo. A mídia deveria somar esforços com eles para promover mais participação popular nestas questões realmente importantes para nossa vida e nação.
Se isso acontecesse, eles perderiam os recursos financeiros que recebem e o carnaval já teria acabado.
Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
- 04 de março de 2011
- Visualizações: 5110
- 7 comentário(s)
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Revista Ultimato
- +lidos
- +comentados
- A democracia [geográfica] da dor!
- O cristão morre?
- Só a Fé, sim (só a Escolha, não)
- Mergulhados na cultura, mas batizados na santidade (parte 2)
- Não nos iludamos, animal é animal!
- Amor, compaixão, perdas, respeito!
- Até aqui ele não me deixou
- O soldado rendido
- O verdadeiro "salto da fé"!
- E quando a profecia te deixa confuso?