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Palavra do leitor

A falácia do racionalismo deísta

DEUS pode até existir, mas não há nenhuma possibilidade dEle se relacionar com a criação! Esta é a tese central do pensamento deista.

Este tipo de racionalismo apesar de parecer distante, coisa do passado, tem representantes bem atuais. Alguns acreditam e disseminam o pensamento de que a vida é simplesmente uma vida natural. Nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos (na melhor das hipóteses) e todos os efeitos em nossa existência aqui e agora são exclusivamente de causas naturais e quanto a isso não haveria exceção. Deus não teria lugar na vida prática, cotidiana. No máximo Ele seria reverenciado à distância como numa memória póstuma. Tal postura tem influenciado muitos a perderem a convicção de que Deus pode e age de forma mediata e imediata sobre a criação.

O deísmo nos deixa muito pensativos e parece se estabelecer quando fazemos uma sincera reflexão sobre nosso relacionamento com Deus. Em alguns momentos difíceis de nossa vida Deus realmente esteva lá? Algumas decisões foram visivelmente orquestradas por Deus ou foram fruto das circunstâncias naturais? Aqueles milagres de que tanto se fala foram obras sobrenaturais realmente ou manufatura da medicina moderna? Aquele carro foi Deus quem deu ou a agência financiadora proporcionou parcelas suaves para que você conseguisse pagar? Enfim, muitos destes questionamentos parecem apoiar o deismo, mas um lembrete aqui é válido: o fato de não nos relacionarmos corretamente com Deus e nem mesmo termos percepção espiritual não significa que Ele não possa intervir em nossas vidas.

Cito agora, de Charles Hodge, quatro argumentos para atestar a falácia dessa teoria no que diz respeito a relação de Deus com a criação.

1) (...) contradiz o testemunho de nossa natureza moral. A relação que mantemos com Deus, como se revela em nossa consciência, implica que estamos constantemente na presença de um Deus que toma conhecimento de nossos atos, ordena nossas circunstâncias e interfere constantemente para nossa correção ou proteção. Ele não é um Deus distante de nós, com quem não temos nenhum relação imediata; mas um Deus que não está longe, em quem vivemos, nos movemos e existimos, que conta os cabelos de nossa cabeça e sem cuja permissão um pardal não cai ao chão.

2) A própria razão ensina que a concepção de Deus como governante do mundo, tendo suas criaturas nas mãos, capaz de controlá-las como lhe apraz e manter comunhão com elas, está longe de ser uma concepção nobre e mais consistente com a idéia de perfeição infinita, superior àquela em que o sistema racionalista se fundamenta.

3) A consciência comum dos homens se opõe a essa doutrina, como fica evidente à luz do fato de que todas as nações, as mais desenvolvidas e as mais bárbaras, têm sido forçadas a conceber Deus como um Ser capaz de tomar conhecimento das atividades humanas e revelar-se a suas criaturas.

4) O argumento da Escritura, ainda que não admitido pelos racionalistas, é conclusivo para os cristãos. A Bíblia revela um Deus que está constantemente e em toda parte presente com suas obras, e age sobre elas, não só mediatamente, mas imediatamente, quando, onde e como julga conveniente.

(HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001).

Ficou claro que, apesar das dificuldades, não existe motivo suficientemente forte capaz de fazer-nos desacreditar que Deus age e continuará agindo na criação.

Que Deus nos abençoe.

"Busquem o Senhor enquanto é possível achá-lo; clamem por ele enquanto está perto" Isaías 55.6
Ji-paraná - RO
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