Palavra do leitor
- 20 de dezembro de 2007
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A ética do reino e o mundo da política
A ética cristã não se baseia em disputas, mas na fraternidade produzida pela vivência dos valores do reino de Deus, na comunhão com Deus e com o próximo (Mc 9.33). A ética do reino baseia-se em servir, e nisso precisamos ser exemplo (Jo 13.15). Com a mesma intensidade que evitamos lutar contra a carne ou o sangue (Ef 6.12), combatemos todas as formas de corrupção, exploração e opressão, na esperança de que o Filho tem poder para transformar a nossa vida e, consequentemente, a vida da nossa comunidade.
Sonhamos que a terra que a Deus pertence também pertença ao povo que Deus criou. Temos esperança de que a própria criação há de ser libertada do cativeiro da corrupção para a glória de Deus, o criador e Pai (Rm 8.21). Acreditamos que a transformação social em nossa cidade, como em todos os lugares do mundo, não se dará por decreto de nenhum governo.
A verdadeira transformação acompanha a redenção, de forma que só se dará através da ação do Espírito Santo (que convence o homem do pecado) e do Senhor Jesus Cristo, que tem o poder de nos redimir, formar novas criaturas, que antes nem eram povo, mas agora são povo e povo de Deus (1Pe 2.10). Um povo que é sal para uma terra sem sabor, sem esperança, sem paz, sem Deus (Mt 5.13). Um povo que é luz, para uma humanidade lançada em profundo abismo, padecendo nas trevas, que diz ser rica e de nada ter falta, não reconhecendo que é miserável e cega (Ap 3.17).
A ética do cristão envolvido nas questões políticas consiste em afirmar a providência de Deus, a ação constante daquele que veio para que todos tenham a vida com abundância, a vida completa, a vida integral (Jo 10.10). E vida abundante é isso: todas as necessidades humanas supridas – e está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas da palavra, da orientação de Deus. É preciso repetir as palavras de Jesus: É chegado o Reino dos Céus, que não é deste mundo (Mt 4.17). E a confissão de Paulo: pois o Reino de Deus não é questão de comida ou de bebida (nem de dinheiro ou posição social), mas de Justiça e Paz e Alegria no Espírito Santo (Rm 14.17). Entendemos que o Reino de Deus não é um regime político, nem é um império. São sim, as orientações de Deus para a nossa vida. Orientações que não nos deixam conformados com este século, mas transformados pela renovação do nosso entendimento, com vontade de experimentar qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.1-2).
O cristão político, para ser ético, precisa estar comprometido integralmente com a vivência dos princípios e valores do Reino de Deus. Se fizer o contrário, corre o risco de cair em tentação, buscando os reinos deste mundo, prostrando-se diante de deuses estranhos (Mateus 4:9). A orientação de Jesus Cristo é essa: Busque o Reino dos Céus e Sua Justiça (Mateus 6:33). O Senhor acrescenta: a minha Graça lhe basta! (2Co 12.9).
O Senhor já nos deu outras orientações importantes, já nos mostrou o que é bom, já disse o que exige de nós. O que Ele quer é que façamos o que é direito; que andemos em humilde obediência a Deus (Mq 6.8). Humildade para reconhecer que não somos auto-suficientes e dependemos de Deus em tudo, que nada podemos se o Senhor não estiver conosco. Humildade para ouvir as orientações do Espírito da Verdade, aquele que nunca erra. Humildade para olhar o próximo não meramente como um adversário político, mas também como semelhante carente de libertação, redenção, transformação. A ação vivificadora do Espírito Santo.
O cristão político, antes de tudo, necessita ser profeta. Lembrando que ser profeta exige sacrifício, doação e compromisso com a verdade. Precisamos ser profetas porque é preciso ter visão de Deus. Numa sociedade corrompida pelo pecado, por vaidade de vaidades (Ec 1.2), pela desonestidade de tantos – o que prejudica os serviços públicos essenciais (Educação, Saúde, Segurança e etc.) – e por sentimentos que suscitam uma cultura individualista e egoísta de indiferença perante o próximo, gerando a desintegração das famílias e das comunidades, é preciso ter visão de Deus.
Ezequiel era um jovem que aos 25 anos foi surpreendido vendo a invasão de seu país. Ele foi levado cativo junto com dez mil homens do seu povo. Cinco anos difíceis ele viveu. Cinco anos vendo a miséria do seu povo, a desesperança de seu povo. Um silêncio dos céus. Apesar de toda a crise, Deus animou Ezequiel com sua visitação. O profeta nos conta: Aconteceu no trigésimo ano... que estando eu no meio dos exilados... se abriram os céus e eu tive visões de Deus (Ez 1.1). Somos carentes de uma constante visitação de Deus, nos dando visões e discernimento.
Ricardo Matense é membro da Igreja Assembléia de Deus em Mata de São João (Bahia) e Coordenador do Grupo Cidade de Deus, organização que atua na promoção da Justiça e defesa de direitos.
NOTA: O penúltimo parágrafo foi adaptado da reflexão Eu tive visões de Deus, do pastor Carlinhos Veiga.
Sonhamos que a terra que a Deus pertence também pertença ao povo que Deus criou. Temos esperança de que a própria criação há de ser libertada do cativeiro da corrupção para a glória de Deus, o criador e Pai (Rm 8.21). Acreditamos que a transformação social em nossa cidade, como em todos os lugares do mundo, não se dará por decreto de nenhum governo.
A verdadeira transformação acompanha a redenção, de forma que só se dará através da ação do Espírito Santo (que convence o homem do pecado) e do Senhor Jesus Cristo, que tem o poder de nos redimir, formar novas criaturas, que antes nem eram povo, mas agora são povo e povo de Deus (1Pe 2.10). Um povo que é sal para uma terra sem sabor, sem esperança, sem paz, sem Deus (Mt 5.13). Um povo que é luz, para uma humanidade lançada em profundo abismo, padecendo nas trevas, que diz ser rica e de nada ter falta, não reconhecendo que é miserável e cega (Ap 3.17).
A ética do cristão envolvido nas questões políticas consiste em afirmar a providência de Deus, a ação constante daquele que veio para que todos tenham a vida com abundância, a vida completa, a vida integral (Jo 10.10). E vida abundante é isso: todas as necessidades humanas supridas – e está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas da palavra, da orientação de Deus. É preciso repetir as palavras de Jesus: É chegado o Reino dos Céus, que não é deste mundo (Mt 4.17). E a confissão de Paulo: pois o Reino de Deus não é questão de comida ou de bebida (nem de dinheiro ou posição social), mas de Justiça e Paz e Alegria no Espírito Santo (Rm 14.17). Entendemos que o Reino de Deus não é um regime político, nem é um império. São sim, as orientações de Deus para a nossa vida. Orientações que não nos deixam conformados com este século, mas transformados pela renovação do nosso entendimento, com vontade de experimentar qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.1-2).
O cristão político, para ser ético, precisa estar comprometido integralmente com a vivência dos princípios e valores do Reino de Deus. Se fizer o contrário, corre o risco de cair em tentação, buscando os reinos deste mundo, prostrando-se diante de deuses estranhos (Mateus 4:9). A orientação de Jesus Cristo é essa: Busque o Reino dos Céus e Sua Justiça (Mateus 6:33). O Senhor acrescenta: a minha Graça lhe basta! (2Co 12.9).
O Senhor já nos deu outras orientações importantes, já nos mostrou o que é bom, já disse o que exige de nós. O que Ele quer é que façamos o que é direito; que andemos em humilde obediência a Deus (Mq 6.8). Humildade para reconhecer que não somos auto-suficientes e dependemos de Deus em tudo, que nada podemos se o Senhor não estiver conosco. Humildade para ouvir as orientações do Espírito da Verdade, aquele que nunca erra. Humildade para olhar o próximo não meramente como um adversário político, mas também como semelhante carente de libertação, redenção, transformação. A ação vivificadora do Espírito Santo.
O cristão político, antes de tudo, necessita ser profeta. Lembrando que ser profeta exige sacrifício, doação e compromisso com a verdade. Precisamos ser profetas porque é preciso ter visão de Deus. Numa sociedade corrompida pelo pecado, por vaidade de vaidades (Ec 1.2), pela desonestidade de tantos – o que prejudica os serviços públicos essenciais (Educação, Saúde, Segurança e etc.) – e por sentimentos que suscitam uma cultura individualista e egoísta de indiferença perante o próximo, gerando a desintegração das famílias e das comunidades, é preciso ter visão de Deus.
Ezequiel era um jovem que aos 25 anos foi surpreendido vendo a invasão de seu país. Ele foi levado cativo junto com dez mil homens do seu povo. Cinco anos difíceis ele viveu. Cinco anos vendo a miséria do seu povo, a desesperança de seu povo. Um silêncio dos céus. Apesar de toda a crise, Deus animou Ezequiel com sua visitação. O profeta nos conta: Aconteceu no trigésimo ano... que estando eu no meio dos exilados... se abriram os céus e eu tive visões de Deus (Ez 1.1). Somos carentes de uma constante visitação de Deus, nos dando visões e discernimento.
Ricardo Matense é membro da Igreja Assembléia de Deus em Mata de São João (Bahia) e Coordenador do Grupo Cidade de Deus, organização que atua na promoção da Justiça e defesa de direitos.
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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