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Palavra do leitor

A esperança que gera transformação

Vivemos em uma sociedade carente de Deus. Diariamente os telejornais, revistas, programas de rádio, bombardeiam as nossas mentes com violência, drogas, corrupção, guerras, intolerância. Em uma primeira análise poderíamos até pensar se realmente vale a pena viver em um mundo tão caótico. Muitos estão fragilizados com tanta desesperança.

Dentro deste contexto lembro-me então de um versículo que Paulo escreve aos crentes de Corinto que diz assim: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1 Co 15.19). Ou seja, se a nossa confiança em Cristo depender apenas da nossa existência neste mundo, que é passageiro, nos tornamos os mais miseráveis seres humanos. Paulo nos traz à lembrança, que por mais que as circunstâncias a nossa volta nos traga desesperança, a nossa existência não se limita a esta vida terrena, a nossa esperança está em Cristo e na certeza de que nEle temos vida e vida em abundância, uma vida eterna.

Por isso, aquele que está cheio da esperança outorgada por Deus tem uma visão de mundo completamente transformada e transformadora, pois como o apóstolo Paulo, entende que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada através de sua vida (Rm 8.18).

A igreja por sua vez, deveria ser o local onde esta esperança se faria mais forte. Infelizmente o que observamos nos dias atuais são pessoas que procuram a igreja como uma espécie de mosteiro, um local onde elas possam exercer a sua religiosidade, sem precisar se envolver com vidas, isoladas do mundo; queremos diariamente ser transformados, ter a nossa esperança sempre restaurada, mas não queremos usar o nosso caráter transformado para transformar o mundo a nossa volta apregoando a verdadeira esperança que há em nós. O individualismo, conseqüência desta sociedade desestruturada, nos alcançou.

Precisamos urgentemente fazer uma auto-análise, ser aquilo que Deus espera que sejamos, a saber, imitadores de Cristo, para que a esperança que há em nós transborde em vida e transforme o mundo a nossa volta.

O apóstolo Paulo através dos seus ensinos, nos orienta a usar a esperança que há em nós como meio transformador de vidas, do mundo a nossa volta. No conselho que Paulo dirige a Timóteo (1 Tm 4.10–16), o apóstolo começa falando àqueles que tem colocado a sua esperança no Deus vivo. A estes, que inclui ele próprio e Timóteo, Paulo recomenda e espera que sejam padrão dos fieis, ou seja, um exemplo a ser imitado:

Na palavra – ou seja, no ensinar, no exortar, no aconselhar, no falar com pessoas; para que a nossa palavra não suscite ira, mas sim seja um refrigério para aqueles que a escutam.

No procedimento – ou seja, que o nosso modo de vida, conduta, comportamento, possa glorificar a Deus como está escrito em 1 Pedro 2.12.

No amor - amor é atitude, é uma ação que eu pratico para com o outro. Quem ama não vê somente a sua condição, mas mesmo na dificuldade consegue ver a necessidade do outro e tenta ser um auxílio. Quem ama não espera retorno. Ama incondicionalmente, seu amor não está baseado em troca de favores e sim em um bem estar consigo e com Deus. Quem ama se doa para ver o bem estar do outro, a exemplo de Cristo.

Na fé - ter convicção no relacionamento do homem com Deus, a convicção de que Deus existe e é o criador e governador de todas as coisas, o provedor e doador da salvação eterna em Cristo, a convicção de que Jesus é o Messias, através do qual nós obtemos a salvação eterna no reino de Deus.

Na pureza – que possamos ser na nossa vida diária e nas nossas decisões respeitáveis, modestos, prudentes e discretos.

Paulo recomenda ainda que sejamos aplicados a leitura das Escrituras a exemplo do salmo 1 que diz “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido” e que não devemos ser descuidados com os dons que a nós foi dado pelo próprio Deus.

Fazendo assim, nós que temos a verdadeira esperança e que fomos transformados por ela, poderemos ser agentes transformadores de vida, distribuindo esperança a um mundo tão carente de paz e amor. Que possamos ser como está escrito na oração de São Francisco este instrumento da paz e do amor divino.

“…Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.”

“…fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.”
Fortaleza - CE
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