Palavra do leitor
- 07 de fevereiro de 2011
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A escandalosa história das ideias circulares (Parte 1)
Era uma vez dois teólogos cabeças duras.
Amigos de seminário, Antônio dos Reis e Marcelo Antonione, terminaram juntos o curso de teologia. Possuíam contudo inclinações opostas: um era adepto incondicional da total soberania de Deus - no fundo ele acreditava inconscientemente no destino - já o outro, fascinava-lhe a liberdade humana – devia haver uma escolha que só a ele cabia.
Apesar do extremismo refletido das visões de mundo das escolas teológicas que adotaram, ainda uma outra coisa lhes restava em comum, criam (por via das dúvidas) na máxima de São Vicente de Paula que rezava: "confiar como se tudo dependesse de Deus e agir como se tudo dependesse do homem".
Aquela romântica amizade teve porém um triste fim, quando em posse dos diplomas começaram a disputar a mesma vaga – se por força do destino ou por escolhas próprias, não se sabe - em uma famosa igreja na mesma comarca, paróquia, região ou seja lá como se chama isso.
Cada um, sabendo da competência do colega e prevendo-se (ou não querendo-se) perdedor, resolveu entregar os pontos, seguir seu próprio caminho (ou destino) e partir em busca de maior ambição acadêmica, um mestrado no exterior.
Antônio, buscando incessantemente a vontade de Deus, e recebendo confirmação sobrenatural, incontestável e inquestionavelmente subjetiva da tal, partiu para os USA onde em algum lugar do Arkansas desenvolveu sua tese sobre “a Soberania de Deus num mundo pós-moderno”.
Convicto de que aquela era a vontade de Deus para sua vida, comeu o pão que o Diabo amaçou: lavou privadas de igrejas, fez trabalhos noturnos em linhas de produção recebendo um salário miserável, morou em um pequeno quartinho que seria devastado por um furacão. Naquela ocasião, não somente perdeu tudo o que tinha (e o que não tinha – pois não lhe pertencia) como ficou hospitalizado em função de ferimentos graves. Contraiu dívidas impagáveis. Por pouco não morreu e por pouco não desviou-se da fé. Mas todos que o conheceram podiam perceber que Antônio já não era mais a mesma pessoa.
Ele ficara estranho…
Estranho ele já havia se tornado, há certo tempo, para o ex-amigo Marcelo, o qual por sua vez seguiu seu caminho rumo a Alemanha. Nem tanto se importando se essa era, ou não, a vontade Deus, o cara sabia sim, que esse era seu sonho.
Conseguiu uma bolsa de estudos oferecida pelo sínodo ecumênico de igrejas luteranas e católicas e começou a trabalhar em sua tese sobre “a liberdade humana em um mundo pós-moderno”. Morou em república mista e quis conhecer Amsterdam, onde a título experimental, provou drogas e sexo em várias dosagens e tipos. Este lhe cativou por alguns anos e aquelas, logo de início, não lhe entusiasmaram muito. Após uma crise de depressão e uma profunda ressaca existencial, bem decepcionado com a vida e com o mundo, defendeu sua tese e foi aprovado. Convidaram-no para dar aulas em um seminário de uma missão coreana em Hiroshima, Japão. Aceitou.
Nos Estados Unidos, após recuperar-se e ficar novamente bom de saúde, Antônio quis levar suas convicções de fé até as últimas consequências. Conseguiu terminar (milagrosamente) sua pós. Consciente de que a América estava infestada de cristãos para todos os lados, tipos e gostos, sentiu-se chamado a pregar a Palavra em lugares “onde Cristo ainda não havia sido anunciado”. Achou então, após breve pesquisa, uma vaga num seminário em Hiroshima. Depois de uma bateria de exames, foi aprovado. Assinou o contrato (que incluía os custos de viagem) partiu para o Japão.
Marcelo e Antônio se encontram, novamente nos corredores do mesmo seminário, agora do outro lado do mundo. Se abraçaram e beijaram-se saudosamente.
Foram conhecer a noite daquela estranha cidade.
(Continua...)
Amigos de seminário, Antônio dos Reis e Marcelo Antonione, terminaram juntos o curso de teologia. Possuíam contudo inclinações opostas: um era adepto incondicional da total soberania de Deus - no fundo ele acreditava inconscientemente no destino - já o outro, fascinava-lhe a liberdade humana – devia haver uma escolha que só a ele cabia.
Apesar do extremismo refletido das visões de mundo das escolas teológicas que adotaram, ainda uma outra coisa lhes restava em comum, criam (por via das dúvidas) na máxima de São Vicente de Paula que rezava: "confiar como se tudo dependesse de Deus e agir como se tudo dependesse do homem".
Aquela romântica amizade teve porém um triste fim, quando em posse dos diplomas começaram a disputar a mesma vaga – se por força do destino ou por escolhas próprias, não se sabe - em uma famosa igreja na mesma comarca, paróquia, região ou seja lá como se chama isso.
Cada um, sabendo da competência do colega e prevendo-se (ou não querendo-se) perdedor, resolveu entregar os pontos, seguir seu próprio caminho (ou destino) e partir em busca de maior ambição acadêmica, um mestrado no exterior.
Antônio, buscando incessantemente a vontade de Deus, e recebendo confirmação sobrenatural, incontestável e inquestionavelmente subjetiva da tal, partiu para os USA onde em algum lugar do Arkansas desenvolveu sua tese sobre “a Soberania de Deus num mundo pós-moderno”.
Convicto de que aquela era a vontade de Deus para sua vida, comeu o pão que o Diabo amaçou: lavou privadas de igrejas, fez trabalhos noturnos em linhas de produção recebendo um salário miserável, morou em um pequeno quartinho que seria devastado por um furacão. Naquela ocasião, não somente perdeu tudo o que tinha (e o que não tinha – pois não lhe pertencia) como ficou hospitalizado em função de ferimentos graves. Contraiu dívidas impagáveis. Por pouco não morreu e por pouco não desviou-se da fé. Mas todos que o conheceram podiam perceber que Antônio já não era mais a mesma pessoa.
Ele ficara estranho…
Estranho ele já havia se tornado, há certo tempo, para o ex-amigo Marcelo, o qual por sua vez seguiu seu caminho rumo a Alemanha. Nem tanto se importando se essa era, ou não, a vontade Deus, o cara sabia sim, que esse era seu sonho.
Conseguiu uma bolsa de estudos oferecida pelo sínodo ecumênico de igrejas luteranas e católicas e começou a trabalhar em sua tese sobre “a liberdade humana em um mundo pós-moderno”. Morou em república mista e quis conhecer Amsterdam, onde a título experimental, provou drogas e sexo em várias dosagens e tipos. Este lhe cativou por alguns anos e aquelas, logo de início, não lhe entusiasmaram muito. Após uma crise de depressão e uma profunda ressaca existencial, bem decepcionado com a vida e com o mundo, defendeu sua tese e foi aprovado. Convidaram-no para dar aulas em um seminário de uma missão coreana em Hiroshima, Japão. Aceitou.
Nos Estados Unidos, após recuperar-se e ficar novamente bom de saúde, Antônio quis levar suas convicções de fé até as últimas consequências. Conseguiu terminar (milagrosamente) sua pós. Consciente de que a América estava infestada de cristãos para todos os lados, tipos e gostos, sentiu-se chamado a pregar a Palavra em lugares “onde Cristo ainda não havia sido anunciado”. Achou então, após breve pesquisa, uma vaga num seminário em Hiroshima. Depois de uma bateria de exames, foi aprovado. Assinou o contrato (que incluía os custos de viagem) partiu para o Japão.
Marcelo e Antônio se encontram, novamente nos corredores do mesmo seminário, agora do outro lado do mundo. Se abraçaram e beijaram-se saudosamente.
Foram conhecer a noite daquela estranha cidade.
(Continua...)
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