Palavra do leitor
- 11 de junho de 2020
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A dor que nos revela
Sentado à beira do rio e desfrutando dos últimos raios de sol antes da noite que se avizinhava, ele reflete sobre sua vida, sua caminhada, suas lutas, suas contradições, suas perdas. As lágrimas eram sua única companhia naqueles dias nebulosos, escancarando uma profunda depressão. A dúvida insistia em dormir e acordar ao seu lado a cada dia ofuscando o brilho da estrela da manhã. Como encontrar um propósito para viver em meio à paisagem árida que vislumbrava diante de seus tristes olhos? Como acreditar que a videira ainda daria seu fruto?
Não sabemos o significado de seu nome. Mas bem que poderia ser: paciência, perseverança, honra, dignidade, fidelidade, maturidade, ou simplesmente fé. Também não sabemos de onde ele veio e para onde prosseguiu depois de sua profunda experiência com o Altíssimo que havia lhe tirado tudo que lhe era tão caro mantendo apenas seu corpo doente e frágil. Tão repentinamente ele some da narrativa como aparecera. Uma história ou uma parábola que surge em meio a salmos e profecias trazendo-nos conceitos e valores universais e atemporais.
Muitos personagens na história humana deixaram-nos lições profundas, ensinamentos que alcançaram o coração e adentraram na cultura de povos, raças e etnias. Alguns se tornaram ícones para seus pares, exemplos de virtude para seu povo. Outros até atingiram o título de semideuses. Como explicar o fato de algumas pessoas se mostrarem tão resilientes diante de forças contrárias, tão fortes e focadas mesmo quando tudo ao redor parece desabar sobre suas cabeças? Quando até mesmo aqueles mais próximos lhe dão as costas e ainda tentam empurrar-lhes ao abismo profundo?
Quantas vezes vemos pessoas serem descartadas por não poderem mais nos dar algo numa lógica utilitarista perversa e insana. Olhamos para alguém e decidimos e jugamos que não vale mais a pena investir naquela vida. E quantas vezes não somos estas mesmas pessoas que diante de um moribundo simplesmente o aconselhamos a desistir de tudo e tirar-lhe suas últimas gotas de esperança.
Relendo sua história é impossível não ser impactado por este homem incomum, que chegou a ser o mais próspero do Oriente, cercado de amigos e muitas riquezas e alguém que mesmo diante do absurdo que lhe visitara mantém-se firme sob uma fé madura "capaz de enxergar o invisível como uma certeza daquilo que se espera" (Hb 11.1). Vemos que sua verdadeira riqueza não estava nas muitas conquistas materiais, mas num relacionamento sincero e sério com seu Deus infinito e pessoal que tinha a prerrogativa de "dar e tirar a vida".
Porém, olhando com mais profundidade o relato da sua desventura, notamos que, na verdade, ele é simplesmente como cada um de nós: pobres, cegos e nus. No auge de sua dor, como que entregando os pontos, escancara o mais íntimo de seu coração e questiona a Deus pondo-o na parede como se a criatura pudesse cobrar algo do Criador, como se este estivesse sob julgamento como um réu no tribunal diante de um juiz. A mesma luta interior que enfrentamos hoje quando duvidamos da soberania e da justiça do SENHOR era sua luta. A contradição que nos acusa a todos era algo presente no coração do velho patriarca. No final de sua história, o que aprendemos é que, como nós, ele é, simplesmente, pó e como tal deve viver dependendo do sopro de vida daquele que tudo pode e a tudo prescruta. Aprendemos que a dor revela quem somos e quem Deus é. Não apenas no final de nossa caminhada, mas durante o processo de cura, que nós também possamos declarar: "eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem".
"Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal." (Jó 1.1)
Tony
faos.ead@gmail.com
Não sabemos o significado de seu nome. Mas bem que poderia ser: paciência, perseverança, honra, dignidade, fidelidade, maturidade, ou simplesmente fé. Também não sabemos de onde ele veio e para onde prosseguiu depois de sua profunda experiência com o Altíssimo que havia lhe tirado tudo que lhe era tão caro mantendo apenas seu corpo doente e frágil. Tão repentinamente ele some da narrativa como aparecera. Uma história ou uma parábola que surge em meio a salmos e profecias trazendo-nos conceitos e valores universais e atemporais.
Muitos personagens na história humana deixaram-nos lições profundas, ensinamentos que alcançaram o coração e adentraram na cultura de povos, raças e etnias. Alguns se tornaram ícones para seus pares, exemplos de virtude para seu povo. Outros até atingiram o título de semideuses. Como explicar o fato de algumas pessoas se mostrarem tão resilientes diante de forças contrárias, tão fortes e focadas mesmo quando tudo ao redor parece desabar sobre suas cabeças? Quando até mesmo aqueles mais próximos lhe dão as costas e ainda tentam empurrar-lhes ao abismo profundo?
Quantas vezes vemos pessoas serem descartadas por não poderem mais nos dar algo numa lógica utilitarista perversa e insana. Olhamos para alguém e decidimos e jugamos que não vale mais a pena investir naquela vida. E quantas vezes não somos estas mesmas pessoas que diante de um moribundo simplesmente o aconselhamos a desistir de tudo e tirar-lhe suas últimas gotas de esperança.
Relendo sua história é impossível não ser impactado por este homem incomum, que chegou a ser o mais próspero do Oriente, cercado de amigos e muitas riquezas e alguém que mesmo diante do absurdo que lhe visitara mantém-se firme sob uma fé madura "capaz de enxergar o invisível como uma certeza daquilo que se espera" (Hb 11.1). Vemos que sua verdadeira riqueza não estava nas muitas conquistas materiais, mas num relacionamento sincero e sério com seu Deus infinito e pessoal que tinha a prerrogativa de "dar e tirar a vida".
Porém, olhando com mais profundidade o relato da sua desventura, notamos que, na verdade, ele é simplesmente como cada um de nós: pobres, cegos e nus. No auge de sua dor, como que entregando os pontos, escancara o mais íntimo de seu coração e questiona a Deus pondo-o na parede como se a criatura pudesse cobrar algo do Criador, como se este estivesse sob julgamento como um réu no tribunal diante de um juiz. A mesma luta interior que enfrentamos hoje quando duvidamos da soberania e da justiça do SENHOR era sua luta. A contradição que nos acusa a todos era algo presente no coração do velho patriarca. No final de sua história, o que aprendemos é que, como nós, ele é, simplesmente, pó e como tal deve viver dependendo do sopro de vida daquele que tudo pode e a tudo prescruta. Aprendemos que a dor revela quem somos e quem Deus é. Não apenas no final de nossa caminhada, mas durante o processo de cura, que nós também possamos declarar: "eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem".
"Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal." (Jó 1.1)
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