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Palavra do leitor

A cruz do samaritano

A questão do amor a Deus, ao próximo e como a ti mesmo deve ser compreendida, segundo o conceito de amar a si mesmo não ser visto ou interpretado ou apreendido como algo a ser logrado, porque, se assim fosse, a vida de nada vale e o Criador cometeu um equívoco, para não dizer – ‘’um notório erro crasso’’’.

Semelhantemente, tão somente posso amar a Deus, por meio de uma confluência e submersão a Cruz de Cristo. Em outras palavras, o amor a Deus é e perpassa sempre por Cristo e isto nos leva a compreender que o meu próximo pode ser partícipe da minha realidade. Ora, por tal modo, se digo – ‘’amar a Deus’’, subentende, logo, amar a si mesmo deveria ser algo esperado, como amar a Deus e ao próximo; mas a vontade humana entremeada pelo pecado traz consequências de o amor a si mesmo se transformar, se plasmar e se convolar em uma covarde postura egoísta para evitar as decepções ou os atritos de toda e qualquer relação interpessoal interativa. Indo a parábola do bom Samaritano, num aguda e inexorável provocação de Jesus aos sistemas eclesiásticos, moralistas e teológicos de sua época, observamos a maneira como o personagem inquisidor espelhava a percepção de Deus, como se fosse um ídolo ou um arcabouço de normas e regramentos institucionalizados.

Por isso, sentia – se tranquilo, leve e solto para dispensar atenção aqueles que se amoldava a sua mesma forma de conceber a divindade. Diametralmente oposto, o texto de Lucas 10. 25 a 37, orientam – nos a discernir o quanto a adoração a Deus envolve não substituir o amor ao próximo, em detrimento ao amor a Deus, como a ti mesmo. Sem sombra de dúvida, o episódio da Parábola do Bom Samaritano lacera e irrompe com os ideais do certo e errado, do bom e mau, do aceito e repudiado. Atentemos para os célebres e contraditórios personagens, representantes paradigmáticos de uma espiritualidade estereotipada e lacunosa.

De início, o sacerdote se depara com a figura combalida e, expressamente, num estado de deploração, e prossegue sua trajetória. Afinal de contas, o por qual motivo interrompe a viagem, diante de prováveis compromissos a ser perpetrados, ritualismos, reuniões, campanhas, orações e todo um arsenal de medidas imprescindíveis. Na mesma sequência, o levita de forma alguma apresenta uma reação por decidir a obedecer aos mandamentos do Deus da vida e segue adiante. Não por menos, as agendas imbuídas de eventos, de apresentações, de lançamentos, de entrevistas, de apresentações e por ai vai, taxativamente, ficariam comprometidos. Deve ser dito, os contratos com o mercado gospel e as exposições aos holofotes não poderiam ser deixados de lado, com certeza, algum filho de Deus, chamado para servir, apareceria e cumpriria seu papel.

Cumpre salientar, cada um tem um talento e um dom, ou, coloquialmente, cada macaco no seu galho! Tristemente, ainda encontramos discursos e comportamentos travestidos de uma obediência leviana de que Deus me chamou para esse ministério, essa função, essa posição. Entrementes, ainda nos deparamos com cristãos arraigados na crença estúpida de que Deus levantou sicrano e beltranos para orar, interceder;outros, para pregar, evangelizar; outro para cantar e por ai vai. Por fim, Jesus despe as mazelas escondidas, por debaixo dos panos de uma tradição de enfeites, de feitos estupendos e sem qualquer projeção na realidade concreta do ser humano, assaz e tão bem personificadas nessas duas figuras apoteóticas, canais de manifestação do Todo Poderoso.

Deveras, a parábola do bom Samaritano demonstra a sina e o risco da Igreja, eu e você. Presumidamente, a sina de amar, de se entregar, de se doar, de renunciar e isto reverbera a maior das sandices, diante de uma pós – modernidade regida por submeter pessoas a uma engrenagem de troca, de consumo, de descartamento e tornar as relações objetificadas, inclusive a fé. Destarte, utilizo a parábola do Samaritano e ouso cotejar como a Cruz do Samaritano, em função de expor a trilha do evangelho de Cristo aos encontros, desencontros e reencontros da vida. Aliás, a Cruz do Samaritano percebe as pegadas, o vendaval de poeiras, as marcas de espoliação, as incertezas, as dúvidas, o porquê de tantas anomalias.

A grosso modo, a Cruz do Samaritano desce dos pedestais dos ideais, das ufanias triunfalistas, das utopias teocráticas como antídoto para todos os malogros experimentados pelos homens. Cabe dizer, não se vale dos subterfúgios dos sistemas eclesiásticos e teológicos, do caudilho ditatorial das tradições e das ortodoxas estéreis da revelação da Graça. Em tempos de uma espécie de indulgências com Deus, aqui e agora, de um leilão da vida, de uma manipulação da Cruz, por onde cada um tenta provar com quem Cristo está, a Cruz do Samaritano, quiçá não venha apresentar um mundo perfeito, mesmo assim, nos direciona para o sentido, o motivo e o destino do evangelho, dessa nova realidade criadora e que nos enfrentar as vicissitudes, as ambiguidades, as tensões e as contradições da vida, com coragem, com lágrimas...
São Paulo - SP
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