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Palavra do leitor

A chuva, o bar e a hipocrisia

A última vez que eu entrei num bar foi para me esconder da chuva. Eu estava na rua a trabalho e de repente caiu uma chuva. Procurei abrigo num bar que estava aberto. Infelizmente só tinha uma mulher no bar e eu fiquei meio sem jeito, mas depois me ajeitei num canto. Se eu soubesse o rolo que ia dar eu teria tomado toda aquela chuva. Alguém me viu naquele bar e a fofoca correu longe. Quando a "chuva de verão" passou eu saí imediatamente para continuar o meu trabalho externo que eu fazia quando trabalhava na escola. Os fofoqueiros da igreja inventaram estórias e eu só fiquei sabendo quando já tinham espalhado a peçonha. Graças a Deus o pastor não era fofoqueiro. Essa foi a última vez que eu entrei num bar. Este fato ocorreu há mais de 10 anos, mas eu me lembro até dos detalhes, que eu prefiro não descrever. Foi algo, a princípio normal e sem agravantes, mas depois redundou em fofocas, reuniões e até ameaças. Afinal, um crente, um obreiro entrar num bar é pecado mortal. Eu dei azar porque um irmão que morava perto viu tudo, ou seja, não viu nada. Passado esse episódio eu fiquei pensando na hipocrisia e na falta de sensibilidade e de correção por parte de tantas pessoas. Felizmente o pastor, ainda bem jovem e acostumado a lidar com muita gente, pois era um empresário de sucesso, agiu com sabedoria e prudência descartando qualquer punição a um irmão que só não queria se molhar e correr o risco de ficar doente. Num momento me passou muita coisa pela cabeça, mas isto foi facilmente contornado e algum tempo depois aconteceu coisa pior que acabou me fazendo abandonar a igreja, depois de ser desligado, ou expulso, por não concordar com envolvimento de pastores na política. De lá pra cá muitos pastores já se envolveram na política partidária e vários foram ou são políticos, inclusive com mandato. Nada contra, mas a pessoa deve escolher entre ser político e ser pastor, afinal ninguém pode servir a dois senhores. Para mim, não existe pastor-político, nem político-pastor. Mas isto é assunto para outra ocasião.

A chuva de verão me pegou de sobressalto, me envolveu literalmente e eu tive que procurar um abrigo de repente. Fiquei pensando em tantos casos que envolvem igrejas e isto me lembrou um fato ocorrido há dezenas de anos lá no interior de Minas. Na igreja onde meu pai era obreiro tinha um obreiro muito querido que, infelizmente, fumava escondido, mas muita gente sabia. Um dia o meu pai ia pela estrada e numa curva encontrou esse irmão que estava fumando. De repente ele pegou aquele cigarro de palha e jogou o mesmo dentro de um guarda-chuva. Quando o mesmo se encontrou com o meu pai ambos pararam para conversar um pouco e de repente começou a sair uma fumaça de dentro do guarda-chuva. Foi horrível aquela cena, tanto o meu pai quanto aquele irmão ficaram numa situação constrangedora. A partir desse dia aquele irmão nunca mais fumou e morreu bem velho, firme na fé. Eu o conheci e muitas vezes orei com ele e por ele. Era uma pessoa muito boa, tinha um coração de ouro, era um homem de muita oração. Nesse episódio, o amor, a fé, a amizade tudo ajudou e Deus completou a obra, mas nem sempre o final é esse. Onde há fofoca, "conversa atravessada", como o meu pai dizia, a tendência é as coisas só piorarem. Se eu soubesse que ia dar tanta confusão eu teria tomado aquela chuva toda e poupado tantas pessoas de serem hipócritas julgando alguém apenas pelo que vira, sem ter nenhuma prova. "Não julgueis para não serdes julgados, disse Jesus em Mateus 7. "Não julguem, e assim vocês não sereis julgados! Porque como vocês julgarem os outros, vocês também serão julgados. E a medida que usarem, também será usada para medir vocês". (Mateus 7.1). Palavras do Senhor Jesus.
Mogi Guaçu - SP
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