Palavra do leitor
- 16 de janeiro de 2009
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A beleza da oração
"O Senhor é o meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam." (Salmo 23.1-4)
À primeira vista, quando lemos o salmo 23, muito conhecido por nós, vemos apenas o lado do cuidado de Deus por nós. Mas o que quero refletir aqui não é apenas sobre esse aspecto do cuidado, mas da beleza da oração. Muito se fala em orar com propósito e resultados, e acabamos sendo motivados por questões práticas, como se orar fosse apenas buscar, obter êxito sobre algo; a oração vai muito além disso.
No livro de Salmos vemos belíssimas orações declamadas por pessoas simples e outras que ocupavam cargos de extrema importância, como reis. No caso do salmo 23, vemos alguém, no caso Davi, que conhecia toda a rotina de um pastor e sabia do cuidado que ele tinha por suas ovelhas.
Esse salmo foi declamado numa situação de grande angústia, por usar termos que demonstram que ele estava necessitando de paz e descanso no Senhor. Essa oração é uma afirmação da extrema necessidade de descansar em Deus. Em outros artigos falamos sobre a necessidade do descanso, que também é motivo desse blog, e que o descanso é alcançado através do silêncio.
Esse texto tem paralelos com o Salmo 91 e Romanos 8, pois aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, na sombra do onipotente descansará e ainda que ele ande pelo vale da sombra da morte, nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus. Com isso teremos um conjunto: descanso-silêncio, que ocasiona a Paz, baseada na Paz de Cristo de João 14.27.
Nesse sentido, a oração ganha um novo aspecto. Ela tem relação direta com a nossa maior necessidade: Deus. Agostinho de Hipona dizia que o ser humano possui um vazio que é do tamanho de Deus e só pode ser preenchido por Ele, longe das amarras da religião, pois quando oramos a Deus, estamos solicitando a companhia do Altíssimo e devemos buscar a liberdade das palavras. Assim como em Gênesis 3.8, Deus caminhava no jardim para desfrutar da companhia de sua criação, nós também, através da oração, caminhamos no jardim de Deus para desfrutar de sua companhia.
Isso faz com que a oração obtenha uma nova conotação a do Getsemani, quando Cristo, num momento de angústia, busca no seu Pai consolo, mas sem deixar de lado à Sua vontade, pois ela é a prioridade. E Jesus viu no silêncio a resposta para sua indagação e nela descansou. A grande questão desse silêncio de Deus era a de que Cristo precisava ultrapassar seu próprio limite para mostrar para o homem que Deus estava dando o caminho para que o homem pudesse novamente caminhar no jardim de Deus.
Quando oramos de forma apenas disciplinada, com palavras marcadas de teologia e não de sentimento, estamos nos afastando da oração do publicano e nos aproximando da oração do fariseu de Lc 18.9-14. Deus quer de nós o contato que nos eleva a Ele, não através do dogma, que aprisiona o homem à forma (e isso é incoerente com o sentimento de liberdade que Deus nos dá).
Andar na companhia de Deus requer de nós um grande desafio, pois orar, não com propósito, buscando resultados, mas com beleza, assim como é bela a amizade entre duas pessoas, está acima de nosso cotidiano religioso; está associado com prioridades. Quando damos o que sobra de nosso dia, de nossas alegrias e nossas tristezas, não desfrutamos da plenitude de Sua companhia, mas esperamos que Deus entenda que não queremos a totalidade de sua presença e com isso continuamos com nossas almas atribuladas. Andar na companhia do Pai é compartilhar com Ele todos os momentos de nossa vida, sendo eles bons e ruins (Fp 4.6).
E quando priorizamos a Deus nesse sentido, servir a Ele é conseqüência, pois assim chegamos à plenitude do conhecimento da graça, longe do conceito. Mas o que ela realmente representa em nossas vidas e com essa graça, aprendemos a cada dia a caminhar com Deus, assim como os apóstolos do caminho de Emaús, que desfrutaram da companhia do mestre sem perceber, mas aproveitaram todo o momento da viagem com sua companhia.
Orar com beleza é isso: começa com o coração humilde do publicano, até ao descanso de uma ovelha que necessita ardentemente da companhia e do cuidado do bom Pastor. Através disso, devemos pensar qual o nosso propósito em orar? Obter coisas ou a fé que produz a paz e o conhecimento de estar desfrutando da agradável companhia do Senhor? O que buscamos de Deus quando oramos? E como exercemos nossa fé através da oração?
Que possamos pensar nisso e quando orarmos ou cantarmos sobre oração, lembremos que quando oramos é no Jardim do Senhor que entramos para desfrutar da companhia do Pai.
www.descansodaalma.com.br
À primeira vista, quando lemos o salmo 23, muito conhecido por nós, vemos apenas o lado do cuidado de Deus por nós. Mas o que quero refletir aqui não é apenas sobre esse aspecto do cuidado, mas da beleza da oração. Muito se fala em orar com propósito e resultados, e acabamos sendo motivados por questões práticas, como se orar fosse apenas buscar, obter êxito sobre algo; a oração vai muito além disso.
No livro de Salmos vemos belíssimas orações declamadas por pessoas simples e outras que ocupavam cargos de extrema importância, como reis. No caso do salmo 23, vemos alguém, no caso Davi, que conhecia toda a rotina de um pastor e sabia do cuidado que ele tinha por suas ovelhas.
Esse salmo foi declamado numa situação de grande angústia, por usar termos que demonstram que ele estava necessitando de paz e descanso no Senhor. Essa oração é uma afirmação da extrema necessidade de descansar em Deus. Em outros artigos falamos sobre a necessidade do descanso, que também é motivo desse blog, e que o descanso é alcançado através do silêncio.
Esse texto tem paralelos com o Salmo 91 e Romanos 8, pois aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, na sombra do onipotente descansará e ainda que ele ande pelo vale da sombra da morte, nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus. Com isso teremos um conjunto: descanso-silêncio, que ocasiona a Paz, baseada na Paz de Cristo de João 14.27.
Nesse sentido, a oração ganha um novo aspecto. Ela tem relação direta com a nossa maior necessidade: Deus. Agostinho de Hipona dizia que o ser humano possui um vazio que é do tamanho de Deus e só pode ser preenchido por Ele, longe das amarras da religião, pois quando oramos a Deus, estamos solicitando a companhia do Altíssimo e devemos buscar a liberdade das palavras. Assim como em Gênesis 3.8, Deus caminhava no jardim para desfrutar da companhia de sua criação, nós também, através da oração, caminhamos no jardim de Deus para desfrutar de sua companhia.
Isso faz com que a oração obtenha uma nova conotação a do Getsemani, quando Cristo, num momento de angústia, busca no seu Pai consolo, mas sem deixar de lado à Sua vontade, pois ela é a prioridade. E Jesus viu no silêncio a resposta para sua indagação e nela descansou. A grande questão desse silêncio de Deus era a de que Cristo precisava ultrapassar seu próprio limite para mostrar para o homem que Deus estava dando o caminho para que o homem pudesse novamente caminhar no jardim de Deus.
Quando oramos de forma apenas disciplinada, com palavras marcadas de teologia e não de sentimento, estamos nos afastando da oração do publicano e nos aproximando da oração do fariseu de Lc 18.9-14. Deus quer de nós o contato que nos eleva a Ele, não através do dogma, que aprisiona o homem à forma (e isso é incoerente com o sentimento de liberdade que Deus nos dá).
Andar na companhia de Deus requer de nós um grande desafio, pois orar, não com propósito, buscando resultados, mas com beleza, assim como é bela a amizade entre duas pessoas, está acima de nosso cotidiano religioso; está associado com prioridades. Quando damos o que sobra de nosso dia, de nossas alegrias e nossas tristezas, não desfrutamos da plenitude de Sua companhia, mas esperamos que Deus entenda que não queremos a totalidade de sua presença e com isso continuamos com nossas almas atribuladas. Andar na companhia do Pai é compartilhar com Ele todos os momentos de nossa vida, sendo eles bons e ruins (Fp 4.6).
E quando priorizamos a Deus nesse sentido, servir a Ele é conseqüência, pois assim chegamos à plenitude do conhecimento da graça, longe do conceito. Mas o que ela realmente representa em nossas vidas e com essa graça, aprendemos a cada dia a caminhar com Deus, assim como os apóstolos do caminho de Emaús, que desfrutaram da companhia do mestre sem perceber, mas aproveitaram todo o momento da viagem com sua companhia.
Orar com beleza é isso: começa com o coração humilde do publicano, até ao descanso de uma ovelha que necessita ardentemente da companhia e do cuidado do bom Pastor. Através disso, devemos pensar qual o nosso propósito em orar? Obter coisas ou a fé que produz a paz e o conhecimento de estar desfrutando da agradável companhia do Senhor? O que buscamos de Deus quando oramos? E como exercemos nossa fé através da oração?
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