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Palavra do leitor

A apologia do macaco

A apologia do macaco



‘’A maldade tem sido e será um tema a ser discutido, uma vez que envolve a questão do ser e da existência, ao qual a trajetória do Cristo estabelece um sentido para enfrentarmos respectiva situação, sem os delírios espiritualistas e os idealismos descabidos. ’’



A palavra apologia, além de ser interpretada como discurso de defesas, também alcança uma conotação de, e por qual não, discurso responsivo. De certo, parto dessa simplória e delimitada abordagem e enfoco a velha, mas sempre ressurgente discussão sobre a tese evolucionista versus a criacionista.

Aliás, ao ressoar da palavra evolução, quando se adentra ao tema da origem da vida, começamos a folhear os enredos de Darwin. Sem hesitar, a visão do mundo, segundo as posturas adotadas por Copérnico e Galileu, apenas para citar esses expoentes, dentre outros, que trouxeram uma contribuição de suma importância para a humanidade, ao qual acarretou uma reação ferrenha e implacável da inquisição e seus cães de guarda.

Agora, os embates e refutações com relação a Darwin sobrepujam a dimensão da questão evolucionária das espécies e finca suas estacas nos seios da gênese ou da origem do homem. Nessa linha de raciocínio, a figura do macaco se constituiu numa colisão, tão presente no século dezenove, com os prós e os contra efervescentes.

Por mais que muitos relutem, os abalos sofridos pelos até então inabaláveis cinturões aportados numa visão literalista da bíblica estabeleceu uma nova trajetória e, muito embora ainda se observa direções exacerbadas, seja dos apologistas de uma narrativa da criação literal, ao pé da letra, sem nenhuma condição e direito de ir além da superfície dos sete ias ou daqueles que fazem anotações, referente aos religiosos, como uma matilha de bárbaros, tem nos proporcionado uma dimensão de aprendizado e cooperação.

Deveras, as arestas são percebidas, em todos os cantos e recantos do mundo, e, principalmente, as calamidades que nos afligem, todos os dias, detonam um retorno sobre falibilidade humana e as inócuas conquistas protagonizadas pela ciência. Ora, para ser um seguidor da ciência se faz vital assumir uma postura anti – religiosa ou para ser um crente, uma pessoa de fé, deve assumir uma forma de vida declaradamente anti – religiosa?

Será ponderável aceitar a religião meter o dedo em tudo, onde não é chamada, como um convidado não colocado na lista? Grosso modo, a religião tem o direito de interferir nas questões científicas, com a intenção de determinar para onde vai e como vai?

Por ora, ater – me – ei a conceber, segundo as colocações Tomás e Aquino, que qualquer coisa que conheçamos nos dá um testemunho de seu fundamento criativo e, longe de arroubos, assim devemos lidar com as declarações da ciência. Vamos adiante, não podemos nos esquecer que a peleja dos cientistas representa uma obra de alto valor e respeito, em função de que trata com a o logos do ser, com a estrutura interna da realidade e que não pode ser vista e tida ou eleita como uma opositora do Logos personificado em Cristo, o Verbo que se faz Carne.

Sem querer forçar a barra, posso testificar que a testemunha da ciência pode ser convertida como testemunho de Deus e as interferências indevidas, tão somente, mancham a oportunidade de tanto as dimensões teológicas e quanto como as científicas de formarem um diálogo de maturidade e de efeitos benéficos em prol do ser humano.
São Paulo - SP
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