Palavra do leitor
- 12 de agosto de 2021
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À altura dos olhos
Certa vez um pastor me incomodou com uma afirmação que fez. Estávamos num bate papo informal. Ele fez uma interpretação a respeito de um versículo bíblico, onde o apóstolo Paulo aconselha cada um a considerar os outros superior a si próprio. Aquele pastor advogava que considerar os outros superiores não significava considerarmo-nos inferiores. A princípio entendi seu argumento. Afinal Paulo não estava ali ensinando a favor do complexo de inferioridade... Mas me senti bem incomodado na forma – pois conhecia tal pastor bem o suficiente para saber que ele não vivia o que estava tentando apregoar. Mas incomodou-me também no conteúdo.
Pastores podem afirmar coisas com certa autoridade infalível, que nem a igreja católica confere aos papas. Mas a culpa não está só nos pastores. Nós também atribuímos às pessoas tal status. Diga-se de passagem, que também não é monopólio das autoridades dizerem coisas com certo ar de superioridade e dogmático. Qualquer mortal pode se arrogar um sabichão. Fazemos isso com mais frequência que imaginamos...
Mas a retórica daquele pastor parecia-me mero jogo de palavras. Pois, para mim, considerar-se inferior aos outros ou considerar os outros superiores era, em última análise, uma e a mesma coisa.
Conversar com alguém à altura dos olhos pode ser algo salutar. Amigos conversam à altura dos olhos. Gosto desta figura de linguagem. Gostei desde a primeira vez que a ouvi. Não me lembro de tê-la ouvido ainda no Brasil (onde vivi por quase trinta anos). Ela diz respeito a pessoas que estão no mesmo patamar. Ninguém é melhor ou pior do que ninguém. Ninguém é superior ou inferior – é um diálogo onde o que é dito é levado a sério por todos agentes, pois os agentes em si são levados a sério.
"Auf Augenhöhe" é a expressão no idioma alemão – é muitíssima usada por aqui.
Quero ser enfático: Há momentos, situações, onde também é salutar o desnível. Faz parte e condiz com a realidade. Um pai pode (e deve) tratar seu filho com a autoridade de pai. Da mesma forma, o mestre, seu aprendiz; e o patrão e seu empregado. E até mesmo o pastor e sua ovelha. E vice-versa.
Quando Paulo escrevia aos Filipenses para que cada um considere os outros superiores, ele está ensinando um segredo, uma chave para que os relacionamentos funcionem na base do amor. E ele usa o próprio Jesus como exemplo, que se humilhou a si mesmo. Se humilhar, assumindo a forma de servo, é considerar-se inferior na hierarquia de comando, da mão de obra. Quando me rebaixo no serviço, considero o outro (automaticamente) superior. Lhe confiro um status de senhorio, de dignidade.
João diz que o Verbo se fez carne – humano. Na encarnação, Deus se humilha ao ponto de nos tratar à altura dos olhos. Ao vir até o nosso nível – indo até o mais inferior imaginável na cruz e na morte – Ele nos resgata e nos alça juntamente com Ele até às alturas dos céus.
Ser tratado à altura dos olhos é ser tratado de igual para igual. Foi isso que Deus fez. Ele nos chamou de filhos. Seus filhos (de Deus), e não de criaturas caídas – de segunda categoria. Jesus fez esse milagre. A ele toda glória!
Pastores podem afirmar coisas com certa autoridade infalível, que nem a igreja católica confere aos papas. Mas a culpa não está só nos pastores. Nós também atribuímos às pessoas tal status. Diga-se de passagem, que também não é monopólio das autoridades dizerem coisas com certo ar de superioridade e dogmático. Qualquer mortal pode se arrogar um sabichão. Fazemos isso com mais frequência que imaginamos...
Mas a retórica daquele pastor parecia-me mero jogo de palavras. Pois, para mim, considerar-se inferior aos outros ou considerar os outros superiores era, em última análise, uma e a mesma coisa.
Conversar com alguém à altura dos olhos pode ser algo salutar. Amigos conversam à altura dos olhos. Gosto desta figura de linguagem. Gostei desde a primeira vez que a ouvi. Não me lembro de tê-la ouvido ainda no Brasil (onde vivi por quase trinta anos). Ela diz respeito a pessoas que estão no mesmo patamar. Ninguém é melhor ou pior do que ninguém. Ninguém é superior ou inferior – é um diálogo onde o que é dito é levado a sério por todos agentes, pois os agentes em si são levados a sério.
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Quero ser enfático: Há momentos, situações, onde também é salutar o desnível. Faz parte e condiz com a realidade. Um pai pode (e deve) tratar seu filho com a autoridade de pai. Da mesma forma, o mestre, seu aprendiz; e o patrão e seu empregado. E até mesmo o pastor e sua ovelha. E vice-versa.
Quando Paulo escrevia aos Filipenses para que cada um considere os outros superiores, ele está ensinando um segredo, uma chave para que os relacionamentos funcionem na base do amor. E ele usa o próprio Jesus como exemplo, que se humilhou a si mesmo. Se humilhar, assumindo a forma de servo, é considerar-se inferior na hierarquia de comando, da mão de obra. Quando me rebaixo no serviço, considero o outro (automaticamente) superior. Lhe confiro um status de senhorio, de dignidade.
João diz que o Verbo se fez carne – humano. Na encarnação, Deus se humilha ao ponto de nos tratar à altura dos olhos. Ao vir até o nosso nível – indo até o mais inferior imaginável na cruz e na morte – Ele nos resgata e nos alça juntamente com Ele até às alturas dos céus.
Ser tratado à altura dos olhos é ser tratado de igual para igual. Foi isso que Deus fez. Ele nos chamou de filhos. Seus filhos (de Deus), e não de criaturas caídas – de segunda categoria. Jesus fez esse milagre. A ele toda glória!
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