Palavra do leitor
- 24 de dezembro de 2012
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A aldeia global e as tribos
Outro dia, após o toró que caiu, resolvi aproveitar parte do dia, trabalhando um pouco, ainda que estivesse bastante embarrado. Estava fazendo a base de um muro que circunda o terreno onde vivo.
De repente passou um sujeito, visivelmente alterado em suas faculdades, possivelmente, efeito de crack, e resolveu me incentivar. “Isso aí, meta sal, está ficando bom, manda ver, perverso!”
Meu instinto de defesa da honra produziu na hora o clássico revide; - Perversa é a mãe – mas, me contive, olhei o tipo virando a esquina e pensei; Do seu jeito, o cara me elogiou.
Depois, à noite, me ocorreu de pensar novamente sobre isso; Eis um dilema filosófico, espiritual, com o qual têm que lidar os que pretendem transmitir valores absolutos através dos signos relativos da comunicação. A contextualização.
Quem estuda Teologia, por exemplo, na disciplina, hermenêutica, sabe o valor do contexto para identificar o sentido de uma mensagem qualquer. Não se atém às palavras em si, mas, ao significado em seu tempo e lugar, buscando a intenção do autor, e o sentido histórico; antes, que o significado para nós. Se isso fosse verificado amiúde, as seitas pseudo-cristãs, que se “baseiam” na Bíblia, cairiam por terra, ao escrutínio hábil de suas crenças.
Interessante arte, a comunicação! Todos que podem, estudam um ou mais idiomas, pois, isso amplia horizontes profissionais, abre portas, além de facilitar a compreensão da vida, nessa aldeia global que nos tornamos. Em suma, o domínio da língua nos faz citizens of world. ( Cidadãos do mundo)
Todavia, é comum encontrarmos “tribos” seja de surfistas, nerds, de drogados, etc, com gírias peculiares, tais, que só podem ser entendidas pelos tribais. Nesse caso, a comunicação é usada para construir cercas, antes que rompê-las. O domínio de vários idiomas nos dá o mundo, a habilidade em gírias específicas, pode nos ilhar dentro dele.
A poesia tem seu “Esperanto” como disse o Mário Quintana, sua linguagem própria, que demanda que seus leitores sejam, de certa forma, poetas também; pois, só assim, lograrão entender plenamente a mensagem.
Mas, voltando ao “elogio”, o cara me chamou de perverso, que, possivelmente, na tribo dele, seja um sujeito hábil, jeitoso, malandro... Todavia, seu significado original é bem diferente disso. É, em latim, uma aglutinação de “Permutare” mudar completamente, e “vertio” versão. Ou seja, alguém que deturpa um conceito, ensino, comportamento, versão, socialmante estabelecido e aceito, é um perverso.
Interessante que a exortação bíblica é à conversão, que traz a ideia de acompanhar uma versão confiável, ao invés de perverter, produzir uma própria.
Ouçamos Isaías: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR.” Is 55; 7 e 8
Acho que demorei a captar a profundidade filosófica das palavras de meu benfeitor; Se estou fazendo um muro, de certa forma me alieno do todo, do absoluto, que é um tipo de perversão. Outra coisa que ele disse: “Meta sal”. Lá no seu idioma, deve significar algo, como, manda ver! Força!
O sal é um elemento bastante presente nas Escrituras Sagradas, tanto que, no Velho Testamento era obrigatório nas ofertas de alimento. “E todas as tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal.” Lev 2; 13.
Já no Novo, o Senhor chama aos discípulos de “sal da terra” e Paulo alegoriza como uma linguagem sóbria, o sal; “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4; 6
E pensar que eu quase respondi ao tipo com um palavrão...
Então, eu poderia afirmar que o transeunte é catedrático em filosofia e hábil nas Escrituras, mas, a única coisa que ele fez, foi dizer: Manda ver, é isso aí. Mas, como estamos acostumados a interpretar palavras, não intenções, tanto apedrejamos nossos benfeitores, quanto elegemos nossos roubadores.
“Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração." Nelson Mandela
De repente passou um sujeito, visivelmente alterado em suas faculdades, possivelmente, efeito de crack, e resolveu me incentivar. “Isso aí, meta sal, está ficando bom, manda ver, perverso!”
Meu instinto de defesa da honra produziu na hora o clássico revide; - Perversa é a mãe – mas, me contive, olhei o tipo virando a esquina e pensei; Do seu jeito, o cara me elogiou.
Depois, à noite, me ocorreu de pensar novamente sobre isso; Eis um dilema filosófico, espiritual, com o qual têm que lidar os que pretendem transmitir valores absolutos através dos signos relativos da comunicação. A contextualização.
Quem estuda Teologia, por exemplo, na disciplina, hermenêutica, sabe o valor do contexto para identificar o sentido de uma mensagem qualquer. Não se atém às palavras em si, mas, ao significado em seu tempo e lugar, buscando a intenção do autor, e o sentido histórico; antes, que o significado para nós. Se isso fosse verificado amiúde, as seitas pseudo-cristãs, que se “baseiam” na Bíblia, cairiam por terra, ao escrutínio hábil de suas crenças.
Interessante arte, a comunicação! Todos que podem, estudam um ou mais idiomas, pois, isso amplia horizontes profissionais, abre portas, além de facilitar a compreensão da vida, nessa aldeia global que nos tornamos. Em suma, o domínio da língua nos faz citizens of world. ( Cidadãos do mundo)
Todavia, é comum encontrarmos “tribos” seja de surfistas, nerds, de drogados, etc, com gírias peculiares, tais, que só podem ser entendidas pelos tribais. Nesse caso, a comunicação é usada para construir cercas, antes que rompê-las. O domínio de vários idiomas nos dá o mundo, a habilidade em gírias específicas, pode nos ilhar dentro dele.
A poesia tem seu “Esperanto” como disse o Mário Quintana, sua linguagem própria, que demanda que seus leitores sejam, de certa forma, poetas também; pois, só assim, lograrão entender plenamente a mensagem.
Mas, voltando ao “elogio”, o cara me chamou de perverso, que, possivelmente, na tribo dele, seja um sujeito hábil, jeitoso, malandro... Todavia, seu significado original é bem diferente disso. É, em latim, uma aglutinação de “Permutare” mudar completamente, e “vertio” versão. Ou seja, alguém que deturpa um conceito, ensino, comportamento, versão, socialmante estabelecido e aceito, é um perverso.
Interessante que a exortação bíblica é à conversão, que traz a ideia de acompanhar uma versão confiável, ao invés de perverter, produzir uma própria.
Ouçamos Isaías: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR.” Is 55; 7 e 8
Acho que demorei a captar a profundidade filosófica das palavras de meu benfeitor; Se estou fazendo um muro, de certa forma me alieno do todo, do absoluto, que é um tipo de perversão. Outra coisa que ele disse: “Meta sal”. Lá no seu idioma, deve significar algo, como, manda ver! Força!
O sal é um elemento bastante presente nas Escrituras Sagradas, tanto que, no Velho Testamento era obrigatório nas ofertas de alimento. “E todas as tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal.” Lev 2; 13.
Já no Novo, o Senhor chama aos discípulos de “sal da terra” e Paulo alegoriza como uma linguagem sóbria, o sal; “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4; 6
E pensar que eu quase respondi ao tipo com um palavrão...
Então, eu poderia afirmar que o transeunte é catedrático em filosofia e hábil nas Escrituras, mas, a única coisa que ele fez, foi dizer: Manda ver, é isso aí. Mas, como estamos acostumados a interpretar palavras, não intenções, tanto apedrejamos nossos benfeitores, quanto elegemos nossos roubadores.
“Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração." Nelson Mandela
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