Por Tiago Kieffer

Naturalmente não fui pela minha vontade, mas da minha namorada. Mas fui.

O filme é bom? Para quem viu Interestelar, Forest Gump, Um Sonho de Liberdade, certamente que não. Comparado com Lagoa Azul, Guerreiros da Virtude e Super Herói, Barbie é digno de um Óscar.

Para começar, o filme é uma aula de estética que capta bem o universo exageradamente colorido. A ideia da Barbie perfeita é criticada na produção, além da cultura norte-americana do consumo.

A Barbie principal, interpretada pela atriz Margot Robbie, é como a bailarina de Chico Buarque: não tem celulite, não tem pentelhos e não tem asa. Barbies são presidentes, advogadas, policiais. Já os Ken são Ken, os namorados da Barbie. Ken depende da atenção da Barbie, não tem identidade, precisa da aprovação dela em tudo. Alguns diriam que ele é um gado – não suporto essa expressão, mas nesse caso ela cabe muito bem.

O mundo real da personagem se abre quando, imersa no mundo perfeito da Barbielândia, a Barbie tem noção da realidade da morte. Ela esbarra nas próprias limitações. Isso é bom, apesar de ser o grande conflito dela. O Ken, por outro lado, conhece um mundo totalmente diferente, onde mulheres sofrem os mesmos problemas de identidade que os Ken sofriam na Barbielândia. No mundo real, quem manda na parada são os Kens. Ele acha isso um máximo, evidentemente. Mas o final do filme mostra uma guerra entre as Barbies que perderam o seu poder e os Ken que ganharam. Tem-se a necessidade de colocar os Kens no seu lugar, sendo o grande plot feminista do filme.

Pois bem. E o cristão nisso tudo? Como eu saí do cinema?

Em primeiro lugar, para os pais que insistem em não ler a classificação indicativa, filme não é para crianças. Segundo, a maior parte das meninas não vão para ver um filme feminista, mas sim como um processo nostálgico. Os homens não vão por se tornarem feministas, mas para acompanhar as mulheres. Terceiro, o quão fraca é a formação cristã para achar que um filme da Barbie irá querer destruir a família? Aliás, o filme deixa bem claro: está tudo bem uma mulher ser dona de casa, não precisa ser presidente sempre. A narrativa fala isso algumas vezes. Quarto e último, toda a identidade não resolvida em Cristo é problemática. Como o filme é feito por ímpios, a resolução será problemática.

Kens sempre resolverão seus problemas com o machismo. Barbies com o feminismo. Problemas como esses só serão resolvidos diante da cruz, onde as mulheres não mais serão vistas apenas procriadoras e donas de casa, mas como portadoras da imagem de Deus. O filme, inclusive, termina com o encontro da Barbie e sua criadora, que restaura sua identidade. Em Cristo, homens não mais serão vistos como opressores, mas como sacerdotes que precisam se sacrificar.

Existe uma agenda no filme? Claro. Vivemos em um mundo com uma agenda anti-cristã. É fato. Mas isto está apenas na Barbie? Não, está no mundo. Tudo que é produzido fora de Cristo é parte do sistema do anticristo.

Tiago Kieffer é doutorando em teologia pelas Faculdades EST, mestre em história e especialista em história do pentecostalismo.


Saiba mais:

» Cinema e Fé Cristã – Vendo filmes com sabedoria e discernimento, Brian Godawa

» A Arte e a Bíblia, Francis Schaeffer

» A inquisição da Barbie?

  1. eduardo ribeiro mundim

    não compreendi…onde está a agenda anticristã? Tiago assume ser igualitarista ou complementarista? Não entendi o que seria uma produção “em Cristo”. Falou, falou, e nada falou.

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