Da escrita como terapia ao primeiro livro publicado
Entrevista com Ioná Nunes
Ioná Raquel Nunes é uma jovem jornalista e social media de Teresina, Piauí. Na Igreja Cristã Evangélica em que é membro, ela é bastante ativa: dirige um grupo de estudo sobre feminilidade para moças e mulheres, é professora auxiliar de adolescentes e de crianças, participa do ministério de música e gerencia as redes sociais da igreja.
Mas a sua paixão mesmo está na escrita. Ioná escreve desde a adolescência para aprender a lidar com que sente e pensa, como uma espécie de terapia. Em 2015, ao criar o instablog “Palavrie-se” para compartilhar seus textos, ela percebe que o retorno dos leitores é uma confirmação de que a escrita é o caminho que Deus escolheu para usá-la.
Fã de C. S. Lewis, Ioná escreveu seu primeiro livro aos 16 anos e, na entrevista a seguir, ela conta um pouco do livro Eclosão, da trilogia Metamorfose, lançado de forma independente em 2021.
Metamorfose – Eclosão é o seu primeiro livro. De onde vem a ideia dele? Foi inspirado em algo, alguém?
É o primeiro que publiquei, mas escrevi o primeiro aos 16 anos e ele se perdeu, rs.
Eclosão foi inspirado em um evento e em uma amiga. Sofri um acidente de carro com a minha mãe em 2015, na véspera do dia das mães. Foi algo tão traumático que eu não conseguia parar de pensar: “e se eu tivesse perdido minha mãe?”. Escrever sempre foi terapêutico para mim, então acabou surgindo a ideia do livro. Na mesma época, uma amiga perdeu a mãe para o câncer. Eu queria ajudá-la, mas não conseguia nem tocar em um assunto tão delicado. Juntei os dois eventos e comecei a escrever. Para lidar com trauma e dizer “eu te amo e tô aqui por você, amiga”, é que surgiu o Eclosão.
Eclosão é uma história de redenção? Se sim, em que sentido?
É sim. A personagem principal Sofia se vê sem sentido para vida quando a mãe morre. Ela parte numa busca desenfreada tentando se preencher e não consegue. Até Cristo entrar na vida dela e mostrar-lhe para que foi criada, porque sobreviveu ao acidente e porque vive.
O livro mostra uma moça totalmente depravada buscando ser limpa e ela nem sabe disso. Procurando ser salva, mas quase se matando no processo.
Este é um livro para jovens? Por quê?
É sim! Trata de temas e dilemas que muitos enfrentaram, enfrentam e enfrentarão na juventude. Não traz todas as respostas a respeito deles, mas traz a perspectiva de uma jovem como eles, as respostas que ela encontrou e isso pode ajudá-los e os direcionar.
Um romance escrito por uma jovem cristã do Nordeste. Como você avalia a produção literária de mulheres cristãs do Nordeste? Conhece outras autoras e produções?
Falando em termos de ficção cristã, são ótimas produções. Produções literárias desse subgênero têm crescido bastante nos últimos anos e a grande maioria encabeçada por mulheres. As escritoras cristãs têm abraçado o ofício como ele é – uma vocação – têm se preparado e criado obras ricas, belas e muito boas! Um exemplo disso é Tatielle Katluryn que escreveu O Livro Perdido de Yarin Davies.