Por Julia Gomes

i·nér·ci·a

(latim inertia, –ae)

substantivo feminino

1.Falta de movimento ou de atividade.

2. Preguiça, indolência.

3. Propriedade dos corpos que não podem, de per si, alterar o seu repouso ou o seu movimento.

Inércia espiritual, eu já tive e você com certeza também. Um sentimento de fartura e contentamento com o que já viveu em Deus, e com Ele. De modo que, como quem está satisfeito com uma refeição rotineira, senta-se no sofá, as pálpebras amolecem, o estômago parece que pesa, a preguiça o abraça, e ele fica lá, estagnado. O corpo fazendo digestão, trabalho esperando a ser feito, mas… está tão confortável. Para quê levantar-se agora? Isso pode esperar. 

Diante de tal cenário, creio que o inferno mudou de estratégia nos últimos tempos, temos os sedentários espirituais, que vão a igreja, recebem do alimento, voltam para casa e se sentam no sofá, esperando a vez em que comerão novamente naquele restaurante onde o cozinheiro pode também ser chamado de pastor por estas pessoas. Nós. 

Dessa forma, a pandemia foi a cartada final, pois agora o sedentário ficou sem sua igreja física e tem de se levantar do sofá para ir atrás de comida. Logo, muitos nos vimos nas seguintes situações: não andamos para frente e não retrocedemos, não fede nem cheira, nem quente ou frio, morno. Inertes.

Todavia, é necessário lembrarmos que somos nossos próprios inimigos. Nossa carne não quer do alimento espiritual, ela vai militar contra, espere por isso. De forma contrária, nosso espírito não irá se sustentar com refeições carnais.

Lembro que durante as férias na infância, ao passar uns dias na casa de meus parentes, minha vó sempre me fazia tomar café da manhã, mesmo lutando contra e falando que não sentia fome. É a refeição mais importante do dia, ela me dizia. Recentemente, ao ler um artigo, descobri que vovó estava certa. Esta singela e ordinária refeição é o que mantém o metabolismo funcionando, e nos dá a energia para o resto do dia. Ademais, passei a sentir fome quando adquiri o hábito de tomar o tal café da manhã. 

Da mesma maneira, você só sentirá fome do alimento espiritual se estiver saudável espiritualmente. Somente terá sede de Deus se tiver o hábito de beber da fonte. Muitas vezes queremos nos esbanjar num banquete, sendo que nem famintos estamos, feito gula espiritual. Semelhantemente, queremos o extraordinário de Deus, sendo que nem no ordinário estamos com Ele. 

Antes de iniciar nossa era, ou mesmo qualquer era, Deus já governava. Porém, não apenas isso, o movimento sempre fez parte de sua essência, como relata o segundo versículo do Gênesis: o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. O que me faz chegar à conclusão de que nosso Deus não é um deus de estagnação, muito pelo contrário. 

De modo esplêndido, o mesmo Espírito, hoje, pela Graça, vive dentro de nós. O mesmo que se movia antes do “haja luz”, que um dia usou Moisés – que era gago – abriu os olhos físicos e espirituais de Paulo, e o mais glorioso, que vive e ressuscitou o Cristo. Toda vontade de ler a Palavra, anseio de orar, desejo de estar em comunhão com o Pai e outros irmãos, não deve ser mérito nosso, e jamais será. Aquele que antes da criação se movia sobre a face das águas, se agita dentro de nós e nos move a ter uma vida e relacionamento com o próprio Grande Eu Sou, com Ele mesmo. 

Assim sendo, devemos reagir aos estímulos de Deus, parar de resistir ao Espírito e, quando nem famintos estivermos, pedir por fome dEle. Temos de ter vontade de desejar, ansiar o querer, pedir para Jesus, a fonte do amor, que derrame mais de seu amor em nós para podermos o amar mais! Nunca será por nosso esforço, mas nada será feito sem esforço. Além do mais, como dito no início, há trabalho a ser feito, muitos ainda precisam saber que há um Cristo que ama e vem em nossa direção. 

A beleza na vida do cristão não está numa pessoa que nunca erra; mas, sim, naquele que cai, não se contenta em permanecer caído e agarra as mãos de Jesus, seu redentor, que o levantará. Nosso esforço é segurar as mãos de nosso salvador, que nos levantará, de novo e de novo, até que Ele venha. Portanto, mova-se! 

  • Julia Oliveira Gomes, 18 anos. Estudante, acabou de concluir o ensino médio. Leitora voraz, ama C. S. Lewis e é fã de Star Wars. Gosta de música e tem paixão por piano.

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