Por Ioná Nunes

A gente sente. Muito. Há dias em que estamos à beira de uma combustão. Há outros em que as emoções estão tão estáveis que parecem nem existir. Deus nos deu emoções, mas o pecado as manchou, e o que era para ser bom e puro, é embebido de sujeira e sobrecarregado de malícia.

Quando a queda do homem aconteceu, o resto caiu junto e as emoções estavam inclusas. Sem controle sobre elas, nos pegamos em muitas ocasiões sendo levados por elas à inércia espiritual. Baseamos nosso relacionamento com o Senhor no que sentimos ou não, e assim o empurramos do penhasco da inconstância.

Augustus Nicodemus disse uma frase que até hoje ressoa em meus ouvidos: “o ânimo constante de Paulo era renovado pela busca diária de Deus”. Paulo foi o maior evangelista, teólogo, missionário, mártir de todos os tempos. Ele foi açoitado, abandonado, preso, tinha um espinho na carne. Não era menos humano do que você ou eu, ele também sentia (2 Tm 4:16; Rm 1:11-12; 2 Co 12:7-9).

Mas Paulo havia recebido de Cristo a revelação do evangelho, ele sabia que a eternidade o aguardava, ele ouvira as promessas, sabia que emoções ou dificuldades não as invalidavam ou diminuíam. Deus o fazia recorrer à Escritura e as palavras que tinha recebido para manter viva em seu coração a esperança para qual o havia chamado, para ajudá-lo a perseverar.

As nossas emoções são importantes, mas não tanto quanto parecem. Paulo sabia disso. Jesus também. Eles eram antes de tudo, submissos a Deus e não elas. Quando colocamos nossos sentimentos acima da Verdade revelada na Bíblia, é como pisar no acelerador da dormência espiritual e lançar propositalmente o carro da sua vida de um abismo. Timothy Keller diz que devemos analisá-las, filtrá-las e só então levá-las a Cristo. Elas não podem dirigir nossa vida.

Eu sei que a gente vive em mundo onde aparentemente não existe uma moral absoluta, no qual as pessoas tomam decisões baseadas no que sentem, peneirando o certo e o errado de acordo com isso. Mas não somos do mundo, só estamos no mundo. E por sermos apenas passageiros no trem da vida terrestre é que devemos desde já moldar nosso viver aos padrões do reino vindouro.

Para combater a inércia espiritual causada seja pelo domínio das emoções ou qualquer outro motivo, devemos nos basear somente na Palavra de Deus. E esta mesma diz que as nossas armas são poderosas em Deus para destruir qualquer fortaleza, falácia, ideias erradas – que nasceram das emoções – e levar todo pensamento cativo à obediência de Cristo.

Deixo aqui algumas sugestões que podem ajudá-lo quanto a esta questão:

1 – Ore e leia a Bíblia com ou sem vontade. Tenha disciplina por amor a Deus e zelo pelo relacionamento que Ele lhe deu o privilégio de ter;

2 – Ao invés de ceder aos sentimentos ao menor sinal da sua presença, problematize-os. Pare, pense. Leve-os a Deus e peça que sonde seu coração para ver se há algo mau em você. Peça que o Senhor lhe mostre a raiz de tais sentimentos;

3 – Reserve um horário do dia em que você sabe que estará disposto, desperto e livre para desfrutar de um momento devocional com o Senhor;

4 – Seja parte do corpo de Cristo. Um membro do corpo não pode lutar sozinho por sua saúde. Confesse sua dificuldade, peça ajuda, deixe que orem por você e com você;

5 – Confie em Deus. Peça ao Senhor que o ajude a confiar Nele. Ele vai lembrá-lo que começou a boa obra e irá terminá-la.

Que Deus tenha misericórdia de nós e redima nossas emoções!

  • Ioná Nunes, 24 anos. É jornalista e congrega na Igreja Cristã Evangélica.

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