Por Gabriela Prilip

A gente tem vivido tempos tenebrosos em muitos sentidos; nesse país, no mundo e não só pela pandemia. As coisas já não andavam muito bem antes e talvez agora a gente não tenha tido outra saída a não ser encarar algumas duras realidades de frente.

Às vezes bate um sentimento de estarmos presos numa série com roteiro bem ruim e trágico, outras horas parece que rolou a junção de Black Mirror comandada por um chefe como Michael Scott do The Office e que as nossas vidas estão nas mãos de alguém que não faz ideia do que está fazendo e que, pensando em ajudar, só piora tudo.

Apesar de toda distopia de mundo e país, como filhos de Deus somos lembrados que não tem Michael Scott que nos segure não: estamos nas mãos mais poderosas que poderíamos estar. E isso é o único e real motivo para que a gente se sinta seguro e tenha esperança. A verdadeira esperança.

Difícil falar em coragem em tempos nos quais a gente abre uma rede social e não quer mais existir. Em que acordar mais um dia pode ser difícil demais porque talvez venha mais um dia de luta por aí (e parece que são só os dias de luta, sem nunca chegar os dias de glória); em que o choro pode durar uma noite (e uma manhã também) e a alegria só na semana seguinte.

Ser cristão é uma coisa doida e a gente deveria aproveitar muito mais isso: o descanso e a paz que excede todo entendimento que Deus dá; aproveitar uma bela meditação em Salmos e repetir um versículo até que ele se torne verdade verdadeira no nosso coração ou que mude algo em nós.

A gente deveria aproveitar todo o poder e sobrenaturalidade do evangelho para compartilhar a boa nova da salvação num mundo cada vez mais perdido. Deveríamos aproveitar que temos a verdade para sermos luz nesses becos tão escuros. Deveríamos aproveitar que temos a solução para tudo nessa vida. E isso requer coragem.

Coragem de acreditar na palavra e nas promessas de um Deus que se faz presente na dor e no desespero, coragem de ter esperança. Coragem em compartilhar A esperança com algum coração partido. Coragem para amar quem está perto quando o amor parece que ainda nem chegou na gente. Coragem para acordar e confiar que Deus ainda está e sempre esteve no controle de tudo.

No meio do caos, fazer de Deus o verdadeiro refúgio, assim como alguns Salmos nos ensinam, é provar da sua graça naqueles dias mais improváveis. É realmente ter um refúgio e entender totalmente o significado dessa palavra com a vivência. É poder, no meio de todo caos e tempestade, sentir uma paz que você não sabe explicar muito bem de onde vem, porque não faz sentido nenhum.

Deus nos chama pra descansar e buscar a Ele em todo o tempo. Inclusive nas nossas lutas. Esses dias, lendo algumas passagens em Oseias, me deparei com algo bem nesse sentido. Era tipo “por que você ta aí sofrendo ainda? Por que ainda não falou comigo? Você não precisava sofrer assim”.

Esse Deus relacional quer pegar o fardo que é dele e não nosso. As nossas preocupações podem e devem ser divididas com Ele pra uma caminhada mais leve, mesmo sabendo que, às vezes, Ele não vai nos livrar das lutas e aflições, mas vai continuar sendo Deus e sofrendo tudo com a gente.

Que a gente reflita sobre o poder de Deus e consiga entregar todas as ansiedades, preocupações e tudo que tira a nossa paz e o tempo com Ele, pra Ele. A única esperança possível. Que nosso tempo no caos seja tempo de vida e paz. E isso, só com Deus.

  • Gabriela Prillip, 26 anos. É marketeira, estudante de ciências do consumo, tentando lidar com a vida adulta escrevendo. Congrega no Projeto 242.

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