Por Ioná Nunes

Na era de informação, a fake news reina. No Whatsapp, no Facebook, no Instagram, em qualquer rede social que você esteja utilizando, é impossível não ser bombardeado por inúmeras notícias, várias delas falsas. O COVID-19 provocou uma confusão na internet, o barulho é muito alto. Todo mundo está falando ao mesmo tempo e ninguém consegue se escutar ou ouvir a verdade a respeito dos fatos. Não passamos de uma revoada de pássaros piando ao mesmo tempo.

Antes fosse apenas burburinho, mas em nossas mentes ecoam gritos altíssimos de medo e preocupação. O pensamento gira em torno de nós mesmos, mostrando quem é nosso ídolo.

Nada melhor do que um tempo de crise para descobrir quem são as melhores pessoas, e eu com certeza não sou uma delas. A cada vez que dou espaço para o meu frágil ego, ele se alimenta da ansiedade. O zumbido na cabeça cresce. O barulho torna-se ensurdecedor. Ouço ao longe os fragmentos das vozes das pessoas discutindo sobre o vírus. A minha voz, a de terceiros, ditando como devo reagir.

O medo toma a forma de vírus e replica-se exponencialmente pelo meu corpo. Ele me tornou surda temporariamente para a única voz que que eu deveria ouvir. Em meio ao choro e à possibilidade de não voltar para casa, sou nocauteada pela ansiedade. A falta de ar vem em seguida.

Ali, exatamente naquele estado, Deus me lembrou de não esquecer dEle. Trouxe-me à memória aquilo que me dá esperança. Matou a rainha na minha barriga e me fez pensar nas tantas pessoas aflitas pela existência do COVID-19. Naquelas que contraíram o vírus e que estão isoladas e entrando em desespero, pois não O conhecem. Fez eu ter compaixão pelos corações partidos daqueles que perderam entes queridos para o vírus.

Ele levou minha mente para a África, onde as pessoas sofrem com o ebola, aids e tantas outras desgraças, e que, devido ao novo vírus, está mais do que nunca ofuscada. A pessoa que está em situação de rua e vulnerável, profissionais de saúde indo para guerra contra um inimigo invisível e sem o aparato necessário para derrotá-lo. Os missionários no campo, que além de estar expostos ao vírus, enfrentam tantas outras dificuldades. Os problemas do mundo sempre existiram, mas parece que só agora os percebi.

Fui impelida a ler a escritura e, a cada salmo que li, o caráter de Deus se tornou nítido, a certeza de sua bondade e imutabilidade em tempos difíceis acalmou o coração. Refúgio e alegria (Sl 5:11), torre segura na hora da adversidade (Sl 9:9), justo juiz (Sl 7:11), o que ouve a súplica (Sl 6:9), protetor (Sl 5:12), o que salva e livra (Sl 7:1). O choro estrondou, mas pela primeira vez as vozes se calaram.

Não diferente do coronavírus, o sofrimento também não vê cor, gênero ou saldo bancário, e ninguém está imune a ele. Nestes tempos incertos, a certeza de que Deus não muda, estando nós sofrendo ou não, incendia nossos corações! O caráter do Senhor não é volúvel e sua fidelidade permanece para sempre. Ao lermos Sua palavra, podemos constatar tais verdades e nos animar, ainda que tenhamos que sofrer por um pouco de tempo ao enfrentar tribulações. Temos o privilégio de nos agarrar à esperança viva em meio à instabilidade, nos apropriemos disso!

Se desejamos calar as vozes do medo e da ansiedade, nos voltemos para a Palavra. Só a Verdade é capaz de destruir a mentira. Se ansiamos ser consolados, a Escritura é apta para fazer isso. Quem poderia nos entender melhor, enxugar nossas lágrimas e encher nosso coração com a paz que excede todo entendimento a não ser Aquele que criou nossa alma? O que procuramos diante desta pandemia só pode ser encontrado se voltarmos o olhar para onde nunca deveríamos ter tirado: Deus.

Que nos acheguemos com confiança ao trono da graça invés de correr na direção oposta! Que o desespero não nos domine, mas nos faça cair de joelhos buscando o Criador! Que o COVID-19 não amplifique a voz da ansiedade em nossas mentes e corações, mas que a voz transcorrida na Bíblia, que diz NÂO TEMAS e AQUIETAI-VOS E SAIBEI QUE EU SOU DEUS seja escrita na tábua do nosso coração não com tinta, mas com o Espírito Santo, o Consolador!

Que esperemos com paciência no Senhor, nos alegrando e confiando na sua soberania e não só nos agarrando à esperança viva, mas compartilhando-a com todos a nossa volta. Que tenhamos a certeza de que mesmo que a situação não esteja em nosso controle e que há uma possibilidade de ela não mudar, o Senhor tem o domínio de tudo e Ele continua sendo bom!

  • Ioná Nunes, 24 anos. É jornalista e congrega na Igreja Cristã Evangélica.

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