Por Sarah Furtado

Expectativas.

Essa palavra me incomoda.
Deve ser porque meu cérebro preenche o resto:
“Frustradas”.
É, parece que as expectativas foram feitas pra isso mesmo.
Sinto que elas não são nada além das ideias de realização que criamos e que nunca vão se concretizar. Pelo menos não daquele jeito.

É como um quadro que a gente pinta do nosso futuro, só pra dizer que a gente tá no controle de tudo.

Já reparou que quando você conhece uma pessoa interessante alguém sempre diz: “não crie expectativas”.
Ou quando você faz uma entrevista de emprego, já sai falando: “Ah, mas tô sem expectativas”.

Sabe por quê?
A gente cansa de ver as coisas não saindo do jeito que a gente espera.
Ou como parece que deveriam ser. E é meio vergonhoso mesmo.
Aquele sentimento de quando você (ainda) está desempregado e te perguntam como vai o trabalho.
Ou aquela cobrança amigável de quando vem o namorado.

Um sentimento de não ter o que agregar às conversas.
Todo mundo vai tão bem, e eu aqui.
Nem sei se parada, nem sei se afundando. Nem sei.

Aí aparece alguém, cheio de boa vontade, te incentivando a sonhar.
“Se apegue ao que você sempre quis fazer”.
Mas, meu bem, eu nem sei mais se eu quero. Nem o que eu quero.
Nem de mim eu sei.

Tudo bem.
Calma.
Respira.
Olha só.

Talvez você, assim como eu, ainda não saiba bem como sair desse emaranhado de sensações. Sequer sabe em qual direção ir. Nem qual passo dar.
Mas, verdade seja dita, ninguém quer ficar preso aí.
E esse sentimento já é, em si, um movimento.

Então faço uma proposta.
Mudemos, que tal?
Não falemos mais de expectativas. Falemos de:

E s p e r a n ç a s.
Aquilo que esperamos no ato (ativo) de esperançar.
O futuro aguardado em fé.

O mais puro desejo de continuar.

Não. Não proponho que não haja decepções.
Proponho que haja menos cobrança.
Menos medo.
Menos tensão na caminhada da vida.
Menos culpa por errar.
Menos vergonha por ter que recomeçar.
Menos dor em parar um pouco.

Proponho a não condenação das crises existenciais.
Da morte das expectativas.
Proponho mais leitura do livro de Eclesiastes.
Sim.

O autor de Eclesiastes – quer seja Salomão, ou outro – geme porque cansou da vida. Testou de tudo e não vê sentido em nada. Expectativas frustradas, uma, duas, três, muitas vezes.
Se permite não entender nada.
Mas, termina seu livro sem deixar de esperançar.

“Alegre-se, jovem, na sua mocidade. Seja feliz o seu coração nos dias da sua juventude”.

Quando nada mais fizer sentido, tudo bem. Ouça o sábio.
“Tema a Deus e obedeça seus mandamentos porque isso é o essencial para o homem”.

O resto, com o tempo se ajeita!

  • Sarah Furtado, 28. Jornalista e entusiasta de política. Direitos humanos, dignidade e igualdade são suas bandeiras de vida. Se pudesse ser um dos discípulos, seria Tomé. Obriga um rato e um gato a conviverem em paz e sabe que a vida é simples, complexa e bela como a chuva num dia de sol.
  1. Agradeço a Deus por esse texto, Sarah, que me encontrou em momento oportuno. Lendo o texto de Provérbios 2 hoje, recebi o mesmo conselho, e seu texto fez um link perfeito: seja obediente, busque a sabedoria de Deus, pois ele “guarda a vereda do justo e protege o caminho de seus fiéis” (Pv 2.8). “Os justos habitarão na terra, e os íntegros nela permanecerão” (Pv 2.21). Se

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *