Por Vinicius Vargas

“Para onde vai a juventude?” Essa pergunta tem sido feita há muito tempo. Muitos arriscam responder, julgando saber que rumos a juventude está tomando. Talvez há algumas décadas fosse mais fácil responder. Hoje, as mudanças têm sido tão rápidas que alguns planejamentos precisam ser feitos a toque de caixa sob o risco de perder o ritmo dos acontecimentos.

A antiga pergunta “O que você quer ser quando crescer?” há muito tempo deixou de fazer o sentido que fazia para a geração anterior. Hoje ninguém mais sonha com um emprego ou carreira para a vida inteira. Não é raro ver pessoas querendo mudar seus destinos profissionais depois de anos de dedicação a uma determinada área. As razões são as mais diversas.

Num mundo tão veloz, de tantas transformações, de tantos sonhos que não duram tempo o suficiente, muitas pessoas se veem perdidas. A maioria dessas têm a chance de fazer as escolhas, tem tempo e vigor pra isso: estão na juventude.

Se já seria normal estar em dúvida diante da escolha de um curso superior, de uma carreira acadêmica, de um passo adiante num compromisso que venha a se tornar um casamento, acrescente a todas essas dúvidas e incertezas uma enorme quantidade de informações, novidades e mudanças numa velocidade na qual não dá pra digerir tudo adequadamente.

Pra onde vai, então, essa juventude? São tantas possibilidades que às vezes querem fazer tudo ao mesmo tempo e não conseguem se concentrar para especializar-se em uma apenas. Parece que tanta informação se torna mais um problema a resolver. Fragmenta-se o conteúdo. Não se tem mais paciência para longos textos, tudo precisa acompanhar a velocidade das coisas em volta.

Ao mesmo tempo, todo mundo quer ser relevante. Quer mostrar suas qualidades e seu potencial. Uma competição se inicia para ver quem faz mais, que pode mais, quem tem mais seguidores, quem recebe mais curtidas nas redes sociais. Exibicionismo, narcisismo e consumismo se misturam. As pessoas se tornam produtos e precisam ser atraentes para os relacionamentos, para os demais e principalmente para o mercado de trabalho.

Como a igreja pode ajudar suas juventudes com tudo isso? É possível que alguma coisa seja feita? Sim, acredito que o conselho de Paulo aos Romanos seja útil: não se conformem a este mundo. Se o mundo não faz as coisas que gosta, priorizando aquilo que dá dinheiro, mesmo que seja uma carreira infeliz, não é necessário se conformar a este padrão.

É possível seguir a vocação que recebeu de Deus, entregar tudo nas mãos dele e confiar que Ele garantirá o sustento. Num mundo cada vez mais veloz, que tal nos acostumarmos de novo com a contemplação, com o encantamento com a natureza? Esquecer um pouco a virtualidade e cultivar relações pessoais, do tipo olho no olho?

Há muita coisa que podemos fazer seguindo o exemplo de Jesus e os exemplos do Novo Testamento, que se contrastarmos com as coisas que surgem diante das juventudes como desafios, seguir os princípios cristãos será um ato revolucionário. Contracultural. Às vezes a igreja, na tentativa de comunicar a mensagem aos jovens, esquece que alguns elementos da vida moderna conflitam com o estilo de vida cristão.

É esse que a gente precisa entender como funciona e colocar tudo em seu devido lugar pra evitar que os jovens sejam engolidos por uma modernidade que não tem tempo pra pensar na eternidade. Há uma longa estrada até viver a eternidade plenamente com Jesus… e é pra lá que vai a nossa juventude!

  • Vinícius Vargas é marido da Izabela e pai do Eduardo e da Eliza. Pastor da Missão Batista em Jardim América – RJ, membro do comitê de capacitação de líderes da Juventude Batista Brasileira, mestre e doutorando em Teologia Sistemático-Pastoral pela PUC-RJ.

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