Por Jean Francesco

Existe uma pessoa certa para cada um de nós? Deus já decidiu quem será nosso futuro cônjuge? Se Deus é soberano, qual é o nosso papel na hora de escolher nosso futuro companheiro(a) amoroso? Recebo essas perguntas de algumas pessoas que leram meu livro, “O Significado do Namoro”, e também de pastores que se veem num verdadeiro beco sem saída teológico quando os membros de suas igrejas os questionam acerca da relação entre soberania de Deus e relacionamentos amorosos. Neste artigo, eu tento dar algumas respostas a essas difíceis perguntas.

Afinal, existe pessoa certa?

A resposta mais direta é não, se por pessoa certa você está pensando em alguém que se ajuste perfeitamente a você. Os conceitos de “alma gêmea”, “metade da laranja”, ou “cara-metade”, são ideias enraizadas no platonismo grego ou numa espécie de romantismo incompatíveis com a cosmovisão cristã.

Por outro lado, a verdade é que existem diversas pessoas no mundo que podem formar um belo par conosco. Não existe um homem para cada mulher no mundo. Essa é uma questão de realismo — e também de matemática. Ao invés de perder o seu tempo em busca de uma “alma gêmea” que não existe, deveríamos ser mais realistas e escolher uma pessoa com os mínimos requisitos bíblicos (confira os Dez Mandamentos para começar um namoro) e amá-la até o fim dos nossos dias.

O que sustenta uma relação não é uma compatibilidade mágica misteriosa, mas o fato de assumirmos a responsabilidade de sermos fieis e amarmos um ao outro apesar das nossas diferenças. Portanto, evite as dores de cabeça em pensar em quem poderia ser a pessoa certa para você, comece a trabalhar seu caráter e prepare a si mesmo para ser alguém melhor para o outro. Em muitos casos a pessoa com quem você irá passar o resto da vida está mais perto do que você imagina.

É verdade que Deus já decidiu quem será meu futuro cônjuge?

A resposta é sim. Por ser um Deus soberano, ele não apenas sabe quem será o seu cônjuge, mas sabe exatamente porque ele já escreveu todos os detalhes da nossa história (Salmo 139:16).

Mas vá com calma e não confunda as coisas. Isso nada tem a ver com “o mito da pessoa certa”. A pessoa que Deus escalou para entrar no seu time é uma pecadora cheia de limitações como qualquer outra. Por mais que seja uma pessoa de Deus, tenha certeza de que ela não será uma metade da laranja.

O que ganhamos em saber disso, então? Ora, se Deus é soberano, já traçou o nosso futuro e é nosso Pai, nós podemos descansar nele e aprender a lidar bem melhor com as nossas ansiedades. Deus sempre faz aquilo que é melhor para nós. Além disso, também aprendemos a ser realistas, entendendo que Deus nunca promete príncipes e princesas encantadas para ninguém.

Se Deus é soberano, qual é nossa responsabilidade?

O fato de Deus já ter planejado quem será nosso futuro cônjuge não anula a nossa responsabilidade no processo. De acordo com as Escrituras, Deus planeja tanto os fins quanto os meios. O fim é o resultado final, isto é, a vontade perfeita de Deus se realizando. Os meios são as nossas vontades, ou seja, o trajeto que fazemos para chegarmos até esse fim. Atenção: as duas coisas sempre andam juntas.

Deus chega até os seus objetivos trabalhando com sabedoria as nossas escolhas. Por exemplo, Deus não apenas decidiu quem seria a minha esposa (fim), mas também decidiu como eu iniciaria meu relacionamento com ela (meios). Enquanto eu orava, refletia e finalmente decidi relacionar-me com ela, Deus estava ao mesmo tempo nos direcionando para esse fim soberano que ele já tinha estabelecido. Por isso, é errado usar a soberania de Deus como justificativa para falta de coragem e atitude.

Se a responsabilidade também é nossa, por que orar?

Nós oramos por várias razões. Não oramos para mudarmos o futuro — isso é impossível —, mas oramos para que Deus nos ensine a escolher bem com os recursos que temos. Oramos para que Deus nos dê coragem para investirmos em uma pessoa que realmente valha a pena. Oramos também para que Deus nos abra os olhos e nos livre de quem quer apenas passar tempo. Oramos porque oração não muda a Deus, orar muda a nós mesmos.

Além disso, a oração nos santifica e, quanto mais santos, mais preparados estaremos para começar um namoro que realmente será um ensaio para o casamento. Oramos para que nossas atitudes não sejam tomadas a partir de paixões ou emoções passageiras, mas de acordo com as Escrituras e uma mente sadia. Em síntese, a oração não é uma ferramenta mágica, mas uma forma de declarar a Deus o quanto dependemos dele.

Como orar pelo meu futuro cônjuge?

A sabedoria bíblica diz que encontrar um cônjuge é sinal especial da benção de Deus (Provérbios 18:22). De forma bem prática, eu sempre aconselho jovens a orarem por alguém que ame a Deus mais do que qualquer outra coisa, inclusive mais do que você. A razão é simples: quanto mais essa pessoa amar a Deus, mais você será amado. Quem realmente ama a Deus amará o seu próximo por implicação (1 João 4:7-8). Ore também por uma pessoa amiga que te ama pelo que você é e não pelas coisas que você tem.

Evite fazer acordos com Deus que você não será capaz de cumprir. Entregue sua vida nas mãos de teu Pai eterno. Tome cuidado para que seu coração esteja mais ansioso pela presença divina do que pela presença de um namorado, caso contrário seu namoro pode se transformar numa idolatria. Orar é, sem dúvidas, o melhor jeito de acalmar o nosso coração. É o melhor jeito de confiarmos que Deus já preparou o melhor para nós.

 

Em suma, uma visão correta da soberania de Deus nos ajudará a combinar responsabilidade e descanso. Por um lado, a ideia de um Deus soberano desafia nossa omissão e inércia uma vez que entendemos que Deus chega até seus fins através de meios humanos. Portanto, deveríamos enxergar nossas atitudes no que diz respeito à vida amorosa com muito mais seriedade. Deus é soberano e nós somos responsáveis pelas atitudes que tomamos — e pelas que deixamos de tomar.

Por outro lado, a soberania de Deus também serve como uma terapia para corações ansiosos. Se Deus já traçou um plano para cada aspecto da nossa história amorosa, por que pensarmos que tudo depende de nós? A verdadeira soberania de Deus além de nos livrar de um ativismo idólatra, nos ajuda a encontrar descanso no Deus que sempre prepara o melhor para nós.

Um conselho, então, aos solteiros que estão em busca de um amor verdadeiro: seja responsável, trabalhe, e faça aquilo que está a sua disposição em relação ao seu futuro amoroso. Não se esqueça, entretanto, que o seu Pai é um Deus soberano que te ama e que já tem sua história detalhadamente em mãos. Entenda que, enquanto você descansa, Deus continua trabalhando por você em todas as áreas da sua vida, inclusive em seu futuro cônjuge.

  • Jean Francesco é pastor presbiteriano, autor do livro “O Significado do Namoro” e doutorando em Teologia pelo Calvin Theological Seminary.
  1. Geraldo ferreira alvarenga

    Gostei muito da explicação. Sou viúvo a 11 anos já namorei 3 mulheres e não tive êxito pra chegar a um casamento 2 sendo evangélica e não de certo pois elas não queria casar . . por fim está última não e evangélica sempre diz que não gostaria de casar tbm até estamos terminado já por 2 semana só que no meu propósito no meu coração e de que gostaria de ganhar ela pra Jesus e ai conveseria ela a nós casar . PR ser me poderia me orientar a esse respeito

  2. Meu relacionamento foi constituído dentro da igreja, mas perante nossas escolhas infelizmente não estamos mais juntos.

    Por conta de um processo de amadurecimento, há como minha ex-companheira ser a pessoa certa, que pelo tempo de Deus ela voltará para meus caminhos?

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