Por Jeferson Cristianini

Jesus nos ensinou que Deus, o Pai, cuida dos pardais. Não me esqueci dessa lição do evangelho e decidi participar do que Deus está fazendo no mundo. Decidi “ajudar” Deus a cuidar dos pardais. Toda manhã, após tomar meu café matinal, vou ao quintal abanar a toalha da mesa. Com o balanço da toalha, os farelos dos pães, bolos e biscoitos caem no chão. Logo, como num passe de mágica, surgem os pardais. Eles comem as migalhas e me ajudam com a limpeza. Olhando os pardais, muitos pensamentos cruzam minha mente.

Penso que Deus iria cuidar dos pardais independentemente das minhas migalhas. Isso me levou a pensar na minha missão de vida e na minha vocação, e me reduzi. Deus faz tudo e sou apenas instrumento dele. Eu já sabia disso, mas os pardais me lembraram de que nada sou e que o poder de Deus é o que salva as pessoas, seja através da minha vida ou não. Os pardais me ensinaram humildade.

Os pardais também me levaram a pensar na multidão de pessoas perdidas que estão esperando as boas novas do evangelho, mas como há muito banquete preparado a partir da religiosidade, não há migalhas do evangelho, porque não é ali que ele está. As pessoas, à semelhança dos pardais, estão sedentas de migalhas. Elas precisam do evangelho, e quando o evangelho é ensinado de forma integral e com um olhar humano e sincero, as pessoas virão se saciar na fonte dessa boa notícia de Deus. Os pardais me ensinaram a pregar e ensinar as belas lições do evangelho no lugar de perpetuar cartilhas religiosas.

Os pardais acordam e vão voando à procura do alimento. Eles não se preocupam, não sofrem com a ansiedade que nos rodeia todo dia. Assim como os pardais são cuidados por Deus, nós também somos, mas ficamos apreensivos, nos perguntando se teremos pão e água, se teremos roupas, se teremos calçados. O problema é que entramos no ritmo da correria contemporânea à procura de mais dinheiro, afinal de contas mais dinheiro significa mais poder de consumo, e assim as necessidades básicas deixam de ser prioritárias, pois o dinheiro as supre, e o supérfluo e o luxo passam a ser o foco.

Os pardais me ensinam que Deus cuida do mantimento, do vestuário e dos detalhes. A vida é cuidada e preservada pelo Pai, Dono e Criador da Vida. Os pardais me levaram a constatar que tudo depende do Deus Pai, o Sustentador, que Ele vê e sabe de todas as minhas necessidades. Minhas orações não são lembretes ao Senhor do que estou precisando, e sim uma conversa de filho que deseja receber as orientações do Pai.

Os pardais me ensinam a ser menos ansioso e mais confiante. Menos ansioso e mais livre para voar. Menos preocupado e mais atento aos cuidados do Pai amoroso, misericordioso e bondoso.

Acabei de ler a passagem na qual Jesus disse que Deus cuida das nossas necessidades, e Ele ainda pergunta “Não valei mais do que os pardais?” (Mt 6:26). Acabei de tomar meu café, escrevi esse texto e me esqueci de balançar a toalha no quintal. Acho que meus professores pardais estão me esperando. Vou lá aprender mais um pouco.

  • Jeferson Rodolfo Cristianini é pastor da PIB Bauru.
  1. Meu Deus que texto é esse?
    Me fez viajar nos pensamentos e entender que o evangelho simples e puro (genuíno) é o que sacia nossa fome, e nos desperta o desejo de querer sempre mais desse alimento.

    Parabéns pelo texto

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