Por Cláudio Henrique S. Fontenele

O devocionário e o hinário

Recentemente adquiri o hábito de ler devocionais diários. Eles são uma ferramenta edificante e pedagógica no processo contínuo de meditação das Sagradas Escrituras. Confesso que os textos do pastor Elben César foram muito bem selecionados em Cuide das Raízes, Espere pelos Frutos. Digo isso não apenas pelo estilo prazeroso de suas anotações, mas também pela capacidade particular e esclarecedora de ressaltar a importância das origens e fundamentos cristãos, numa época em que as aparências importam mais que o conteúdo.

Durante a semana de carnaval deste ano, os jovens da igreja onde congrego estiveram reunidos em retiro espiritual. Como de costume, o lugar escolhido era tranquilo, aconchegante e propício para o desenvolvimento de estudos, ministrações, louvor e integração entre os participantes. Faltando poucos dias para a realização do evento, fui convidado pela coordenação da mocidade para organizar uma palestra com o tema que fosse de minha preferência, ou melhor, fosse mais adequado ao contexto dos jovens da igreja. Foi aí que resolvi “cuidar das raízes”. Particularmente, as raízes do hinário oficial da igreja Assembleia de Deus: a Harpa Cristã, que em 2017 completou 95 anos de existência.

Nossas origens e bases, por vezes, são substituídas por elementos mais novos e aparentemente superiores. Obviamente, nem tudo que é novo é ruim ou irreconciliável com o que é velho. Temos uma conexão perfeita entre Antigo e Novo Testamento, e é Cristo quem aproxima as duas realidades. Entretanto, diante da massificação dos evangélicos no Brasil, percebe-se uma ampliação da cultura musical gospel, um segmento lucrativo que nem sempre está comprometido com a Palavra de Deus. Na verdade, grande parte das músicas pertencentes a esse nicho comercial foi feita exclusivamente para ser vendida e acompanhar as tendências e modismos do seu público-alvo.

Os jovens no retiro de carnaval

Foi lendo Cuide das Raízes, Espere pelos Frutos que pude refletir sobre a necessidade de cuidarmos melhor daquilo que já faz parte da nossa história. Longe de querer ser um saudosista chato, mas precisamos resgatar as belas canções em nossos cultos e reuniões. Os hinos clássicos possuem letras ricas e glorificam a obra de Cristo em toda a sua plenitude, não permitindo lacunas para a exaltação antropocêntrica. Além disso, também fortalecem as principais doutrinas cristãs, tais como: fé, arrependimento, salvação, justificação, remissão, santificação, segunda volta de Jesus, etc. Desse modo, o cristão fertiliza as suas raízes espirituais e rejeita as pragas e enxertos heréticos do seu tempo.

No último dia do retiro, fizemos algumas dinâmicas em grupos utilizando os hinos da harpa. Os próprios jovens envolvidos puderam perceber a falta de familiaridade com hinos fáceis, conhecidos e que são cantados em quase todos os cultos e reuniões. Também reconheceram a necessidade urgente de valorizarem os marcos históricos da Fé, em especial através do louvor congregacional celebrado por meio dos hinos da Harpa Cristã.

Cuidemos das nossas raízes, e o Senhor nos ajudará na abundância e utilidade dos frutos.

 “Os mais belos hinos e poesias foram escritos em tribulação” (Hino 126, Harpa Cristã)

  • Cláudio Henrique S. Fontenele é professor de ensino médio integrado da rede pública de ensino e professor da EBD na Igreja Assembleia de Deus em Camocim (CE).
  1. “De volta às raízes da Harpa Cristã”, esse tema traz consigo grande reflexão à respeito do que presenciamos no louvor da Igreja. Acredito Cláudio, que viemos a concordar na percepção em que boa parte dos encontros evangélicos são desprovidos de boa pregação, e claro, boa música. Na verdade, ouso dizer que a maioria das canções entoadas em nossas reuniões, além de superficiais, são pobres melodicamente, como também sem profundidade teológica. É necessário a seleção de louvores baseados verdadeiramente na doutrina cristã, raízes são essência! Grande post, abraço!

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