Artes, negócios e justiça social no Celebra Vocare
Por Phelipe Reis
O antigo problema do dualismo grego entre secular e religioso, profano e sagrado, ainda exerce uma forte influência sobre muitos cristãos, que por isso não encontram conexão entre seu trabalho e o reino de Deus. Esquecem-se que todas as áreas da vida precisam estar sob senhorio de Cristo e, neste sentido, nada que um cristão faz é secular, pois suas obras, atitudes e produção devem ser dedicadas a Deus, sendo, portanto, sagradas.
É nessa perspectiva que o movimento Vocare está ajudando jovens a compreenderem que Deus chama pessoas para diversas esferas de influência da sociedade e que cada um precisa exercer sua vocação em qualquer área com a mesma legitimidade que pastores e missionários cumprem seus chamados dentro do ambiente eclesiástico.
Enquanto o jovem não entender que pode e precisa exercer sua vocação, seja dentro ou fora da igreja, numa empresa ou numa escola, em laboratórios ou plantações, num projeto social ou numa clínica, estúdios ou espaços culturais, e em qualquer outro ambiente, ele continuará experimentando a tortura de um trabalho penoso, sem sentido e sem significado.
Na noite de ontem (22), os participantes ouviram experiências de pessoas que atuam em negócios e abrem empresas missionais; foram encorajados por gente que trabalha com desenvolvimento e transformação de comunidades; inspirados com muita música boa da TS Band e do cantor Paulo César Baruk; e ainda apreciaram uma bela apresentação de dança sobre a redenção da humanidade.
Um missionário da justiça social
O título acima pode soar estranho para muita gente, mas é assim que Maurício Cunha, do Centro de Assistência e Desenvolvimento Integral (CADI), define sua vocação. Ele trabalha há mais de vinte anos com desenvolvimento comunitário, presta consultoria a pessoas e igrejas que queiram desenvolver ou aperfeiçoar projetos sociais, e falou ontem à noite no Celebra Vocare.
“Eu estive aqui. Eu vivi, eu amei. […] Deixarei minha marca para que todos saibam que eu estive aqui…”. Esse é um trecho da música “I was here” que Maurício exibiu antes de sua fala para provocar os participantes com as seguintes perguntas: “Qual a minha contribuição para a história?”, “O que eu poderia ter feito que ninguém mais poderia fazer?”.
Com sua experiência e sonho de ver comunidades transformadas, onde as pessoas possam se desenvolver integralmente, tendo acesso à saúde e educação de qualidade, e serem atendidas em suas necessidades básicas, Cunha desafiou os jovens a ouvir a voz de Deus: “compreender a sua vocação é ouvir a voz de Deus para você”. A partir da passagem de Efésios 2.8-10, Maurício fez uma breve fundamentação bíblica sobre vocação e enfatizou que a prática de boas obras tem tudo a ver com vocação, pois a Bíblia afirma que fomos criados para isso antes da fundação do mundo.
Negócios em Missão, é possível?
Paulo Humaitá e Nora Houghes compartilharam suas experiências na área empresarial. Paulo contou como Deus o levou a reconhecer a idolatria que tinha em seu coração pelo seu plano de carreira, até o dia em que ele sentiu Deus chamá-lo para fazer missões com negócio. “Dispensei duas grandes oportunidades porque Deus me mostrou que não era isso que queria pra mim. Em 2015, depois que apresentei um projeto no Vocare, as portas começaram a se abrir. Abandonei meu emprego ano passado e agora estamos começando uma empresa para impulsar startups com uma pegada missionária”, relatou.
Nora Houghes tem uma vasta experiência na área empresarial. Trabalhou em muitos lugares como Los Angeles, Albânia, Malásia, China, Indonésia, entre outros. “Quando você se põe aos pés de Deus. Ele pode te levar onde você nem imagina”.
Ela ainda falou sobre a relação entre Teologia de Negócios, a Teologia do Trabalho e a Teologia da Criação: “Será que Deus se importa com negócios? Sim, ele se importa com negócios porque ele criou negócios. Adão foi o primeiro gerente e Deus não discutiu com ele, mas deixou Adão gerenciar o jardim e lhe deu autonomia para dar nomes aos animais”.
Paulo Cesar Baruc agitou a 2ª noite do Celebra Vocare
Depois da participação da TS Band, que tem conduzido os participantes em momentos de louvor durante toda a programação do Vocare, e de uma belíssima apresentação de dança, sobre a redenção da humanidade, o encerramento da noite ficou por conta do cantor Paulo César Baruk.
Com estilo jovem e músicas bem agitadas, variando entre o soul, funk, rock e RB, Baruk levantou a multidão para dançar e cantar. O cantor também agradeceu por poder participar de um momento tão importante para o movimento missionário jovem brasileiro.
Uma breve palavra do anfitrião
Esteve presente na programação de ontem à noite o fundador e presidente da Unicesumar, Wilson Matos. Ele deu uma breve palavra de encorajamento aos jovens e enfatizou.“Só teremos justiça social no Brasil quando todos tiverem acesso a uma educação de qualidade”.
Ouça o podcast “Uma conversão ao conhecimento” do irmaos.com. Nessa entrevista Wilson Matos fala sobre sua jornada desde a infância simples, no interior do Paraná, até fundar uma das mais importantes universidades do Brasil. Clique aqui.
• Phelipe Reis é jornalista e integra a equipe de comunicação da Ultimato no Vocare 2016.