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Divulgação/20th Century Fox

Por Amanda Almeida

Daqui a alguns dias, mais precisamente depois das duas da manhã (horário de Brasília) de 29 de fevereiro, vamos saber se Leonardo DiCaprio finalmente foi o ganhador da disputa de Melhor Ator do Oscar, nesta 88ª edição, ou se para levar a estatueta ainda vai precisar fazer mais do que dormir na carcaça de um cavalo e ser atacado por um urso gerado por efeitos especiais – que parece até mais real que ursos de verdade.

Saberemos se toda a torcida da internet vai ser suficiente para “Mad Max: Estrada da Fúria” ser coroado como Melhor Filme, ou se George Miller vai ter que fazer uma viagem mais elétrica que aquela de carona com Furiosa para bater Iñárritu, que rodou “O Regressso” com iluminação 99% natural (porque não é possível não ter usado refletores nas cenas à noite, não é não), e Tom McCarthy, à frente de “Spotlight – Segredos Revelados”, com aquele tipo de história real que a Academia ama premiar.

Também vamos saber se será a Joy da Jennifer Lawrence em “Joy: O Nome do Sucesso” ou da Brie Larson em “O Quarto de Jack” a conquistar a estatueta de Melhor Atriz. Queria poder torcer livremente por Saoirse Ronan, com sua Ellis em “Brooklyn”, mas agora Brie já não deixa isso acontecer.

Saberemos se a obra a levar Melhor Animação é “Divertida Mente”, mais uma da Pixar, “Anomalisa”, aquela que é desenho, mas nem de perto é para crianças, ou “O Menino e o Mundo”, que já trouxe um Annie, a mais importante premiação do gênero, para o Brasil. No campo do patriotismo, não dá para torcer por “Que Horas Ela Volta?”, não selecionado para Melhor Filme em Língua Estrangeira. Talvez a alegria de Val entrando na piscina de Dona Bárbara pela primeira vez não pareça uma crítica tão necessária para norte-americanos quanto é para nós.

Daqui a menos de um ano, no anúncio dos indicados de 2017, vamos saber se a Academia deu mais atenção às poucas atuações (não por falta de esforço e talento, mas de oportunidade) de atores negros ou se #OscarsSoWhite ainda vai prevalecer. Para 2016, Idris Elba por “Beasts of No Nation” e Michael B. Jordan por “Creed: O Legado de Rocky” eram ao menos dignos de nota.

Daqui a alguns anos vamos saber se a indústria largou o medo de perder dinheiro (ou o privilégio) e passou a dar mais oportunidades a atores latinos, negros, do Oriente Médio, e por aí vai. Já que não é como se estes não tivessem histórias para contar. Também vamos saber se atrizes passaram a receber cachês compatíveis com aqueles pagos aos atores.

Daqui a alguns anos vamos ver vários dos nomes de sucesso hoje (e aqueles dos quais não nos lembramos muito bem – diretores de fotografia, figurinistas, editores) sendo lembrados no momento In Memoriam, enquanto bocejamos querendo saber que filme vai levar o grande prêmio da noite, porque o horário de verão acabou, nosso fuso horário faz com que aqui já seja mais de meia noite no meio da cerimônia, e queremos dormir pelo menos seis horas antes de levantar na manhã de segunda-feira para mais uma semana de trabalho.

Daqui a uns anos, em meio à rotina e ao ritmo acelerado da vida, ainda vamos precisar ser lembrados de que tudo é vaidade; que não há nada novo debaixo do céu; que Deus já viu nosso filme antes; e que mesmo com as decisões duvidosas do personagem principal ele ainda quer investir seus recursos na nossa produção, que às vezes teimamos em fazer de forma independente.

Sempre que fico muito deslumbrada com essa vida, pensando menos na eternidade e me esquecendo de que sou semelhante a um sopro, gosto de me voltar para as palavras de Salomão em Eclesiastes. É como se a eficácia delas fosse diretamente relacionada a me trazer de volta à realidade, de que no final das contas, nada faz sentido sem Deus.

Salomão finaliza dizendo que “De tudo que foi dito, a conclusão é esta: tema a Deus e obedeça os seus mandamentos porque foi para isso que fomos criados” (Ec 12:13). Já ouviu aquela história de que o receio fez do parafuso um péssimo prego? Só quando algo chega a cumprir o propósito para o qual foi criado é que tudo faz sentido. Orgulho, medo, vaidade… do que vale se agarrar a eles? Não faz sentido.

Em Eclesiastes também aprendemos que existe um tempo certo para tudo debaixo do céu. Espero que daqui uns dias seja o tempo do DiCaprio ganhar seu Oscar. Se não for o caso, espero que Deus lhe dê força. Só Ele sabe o quanto vão pegar no pé do cara se não levar o prêmio dessa vez.

Amanda Almeida tem 22 anos e é recém-formada em Comunicação Social pela UFMG. Sua monografia tratou de jornalismo cultural, arte e cristianismo. Amanda escreve para o blog Ultimato Jovem sobre cinema.

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Foto: Divulgação/20th Century Fox

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