Sempre fui contra pedágios. Sempre achei que os impostos que eu pago com mais milhões de brasileiros deveriam ser suficientes para que nossos governantes cuidassem da infraestrutura do nosso país de forma exemplar. Mas não é “bem” assim, certo?!

Certa vez, ao fazer uma viagem, optei por uma estrada secundária, para fazer meu super protesto contra os pedágios e, assim, economizar o dinheiro que gastaria. Comecei a viagem todo feliz, contente, peito estufado, pois chegaria ao destino economizando e fazendo meu movimento contra as concessionárias que administravam aquela rodovia. Pois é, chegaria, porque não cheguei. A estrada secundária , depois de alguns quilômetros adentro, tornara-se péssima, sem sinalização, acostamento, o mato crescendo pela via, as marcações da pista na sua maioria estavam apagadas, sem contar os panelões que se formavam no que seria muita bondade chamar de “asfalto”.

Peguei o celular pra tirar uma foto da estrada e postar no facebook onde é que eu estava me metendo e não consegui, pois ali não tinha sinal. Logo em seguida observei que a temperatura do carro estava subindo. É só parar no próximo posto e resfriar o motor, pensei. Mas, posto, onde? A única coisa semelhante a isto era uma obra abandonada, ótimo cenário para filmes de terror. Resultado: tive que parar no meio do nada, sem condições de ligar para pedir ajuda pra ninguém. O barato saiu tenso, suado e arriscado. Horas depois, um morador local daquela zona rural apareceu e me ajudou. Logo pude sair daquela área e voltar para a pista principal e, graças a Deus, pedagiada!

Esta história me lembra algo sobre a nossa caminhada cristã. Queremos curtir o caminho; queremos paradas confortáveis; buscamos a beleza da paisagem; pistas largas e com possibilidade de fazermos a viagem o mais rápido possível. Mas não queremos pagar o preço por isso.

Muito tem se falado à juventude de hoje sobre uma fé barata, onde as sensações são mais importantes que as transformações. Sentir é bom; ser transformado, não. Se embrenhar nas “aventuras espirituais” é algo atraente, mas pagar o pedágio pra fazer uma viagem onde o destino é certo e seguro através do discipulado, do seguir as placas, da orientação ou da oração torna-se um preço alto que a galera não está a fim de pagar. Não querem pagar o pedágio de estudar a bíblia; o pedágio de mudar sua atitude no namoro; de levar os estudos a sério como uma forma de testemunho cristão; de preparar-se para responder qual a razão da sua fé; de submeter-se aos pais e servir ao próximo; enfim, de ser transformado!

Algo comum a todos é que queremos o atendimento imediato das nossas orações, buscamos uma estrada limpa com placas seguras para direcionar nossas decisões, desejamos aquelas paradas para um descanso, água, banheiro e cafezinho bem aconchegante nos dias nublados, esperamos os alertas e avisos sobre os perigos da nossa jornada, mas não queremos pagar o preço de buscar a intimidade com o Senhor e, por isso mesmo, optamos pelos atalhos. Atalhos enchem o peito, mas esvaziam o coração.

Os atalhos para não “gastar”, ou seja, fazer uma viagem barata na vida com Deus, levam a caminhos desconhecidos, no meio do nada, sem cobertura, proteção ou segurança qualquer. E alguns, nesta estradinha, acabam não encontrando o caminho de volta!

Continuo achando que meus impostos somados aos dos milhões de compatriotas que fazem suas contribuições seriam capazes de possibilitar belas estradas sem mais custos. Mas, em se tratando de vida cristã, não hesito em pagar qualquer preço, pois quero chegar logo em casa e encontrar-me com Papai, que na verdade, fez a viagem toda comigo!

__________

Rodolfo Gois é Diretor Pastoral do TeenStreet Brasil e pastor da IPIB

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *