Qualquer sugestão para a prática do mal deveria ser encarada como uma cousa ilógica, oposta à razão ou ao senso comum daqueles que têm a mente de Cristo. Mas há certas tentações mais absurdas do as tentações de todos os dias. Ninguém está livre da tentação absurda. Ela surge de repente. Apresenta-se com uma força enorme. Age com rapidez para impedir que sua vítima raciocine, meça os prós e os contras, julgue as consequências.

O melhor exemplo de tentação absurda aconteceu com aquele que foi “tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hebreus, 4.15). O diabo levou Jesus a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (Mateus,4.8-11). Verdadeiro absurdo! Como haveria aquele que veio para desfazer as obras do diabo ajoelhar-se diante dele e adorá-lo? Não obstante, a tentação foi real, deu trabalho a Jesus e exigiu uma resposta. Outro exemplo é daquele pastor de São Paulo que foi violentamente tentado a procurar uma casa de prostituição no dia anterior ao casamento, depois de uma juventude vivida nos princípios do Evangelho.

A tentação absurda varia muito, mas não perde a sua característica principal. Ora é a tentação de abandonar o lar em meio a uma briga de marido e mulher, de vingar-se, de tirar a vida a alguém, de roubar e até de matar-se. O absurdo, a insensatez, a loucura, o disparate estão sempre presentes.

Alguns enxergam o absurdo da tentação absurda. Outros, não. Aqueles são muito mais felizes e estão habilitados a superar este tipo de tentação. Quando a desanimada esposa de Jó sugeriu que o marido amaldiçoasse a Deus em vista de todos os seus infortúnios, o homem da terra de Uz percebeu o absurdo daquelas palavras e respondeu: “Falas como qualquer doida; temos recebido o bem de Deus, e não receberíamos o mal?” (Jó,2.10). Já Davi não teve a mesma sensibilidade no caso da mulher de Urias: ele só percebeu o absurdo daquela tentação tarde demais, alguns meses depois de ter cedido a ela, quando Natã contou-lhe a parábola do homem rico que tomou para si a cordeirinha do homem pobre (II Samuel, 12.1-6) …

Só há um meio de se sair vitorioso da tentação absurda. É agir com energia e sem perda de tempo. Mande-se o diabo, a insinuação satânica ou o pensamento mau embora de uma vez e a vitória está assegurada. Foi assim que o Filho do Homem fez: “Então Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto.” Com isto, diz a Bíblia, o diabo o deixou e os anjos vieram e o serviram.

Ultimato, Março de 1975, pág 1

Saiba mais:
» O caráter contemporâneo de tentações antigas, Vagner Barbosa
» A promessa e a tentação, Elben César

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *