Novo professor, novo diretor, novo gerente, novo presidente, novo amante, novo computador, novo carro, nova casa, nova estrada, novos empréstimos, novo remédio, nova aparência, novo perfume, novas amizades, novos livros, nova situação, novas regras, novas leis, novas soluções, novos métodos, novas estruturas, nova ideologia, nova religião, novas emoções. Esse é o ideal escondido na alma de todo o mundo. O pior é que, quando o novo finalmente chega, ele logo envelhece e alimenta mais ainda a sede frenética de outro novo.

Esse anseio incontido e insatisfeito pelo novo só acabará com a plenitude do novo. Não é qualquer novo que satisfaz a alma humana. O próximo novo terá de ser perfeito para não envelhecer, para não perder o sabor, para não perder a beleza.

A plenitude do novo existe. Pode ser encontrada na religião, no cristianismo, no evangelho, nas promessas de Jesus.

Chama-se de plenitude do novo o conjunto de coisas novas que estão em processo. Começa com o novo caminho em direção ao Santo dos Santos, que Jesus abriu com o seu sangue, isto é, com o seu sacrifício vicário (Hb 10.19-22, Jo 14.6). Começa com o novo mandamento, que coloca o amor acima da lei, acima do dinheiro, acima da violência (Jo 13.44). Começa com a nova aliança, que tomou o lugar da velha aliança que exigia tudo e não oferecia nada, que só amedrontava e barrava o crente de entrar na presença de Deus por causa de seu pecado (Mt 26.28, 1 Co 11.25, Hb 8.6-13). Começa com a nova criatura, aquele pecador que é interiormente transformado pela fé em Jesus, depois de ouvir a pregação das boas novas (2 Co 5.17).

A plenitude do novo se completa com a nova Jerusalém (Ap 3.12, 21.2) e com os novos céus e a nova terra (Is 65.17, 66.22, 2 Pe 3.13, Ap 21.1), nos quais habitará a justiça. Daí para frente nada mais será novo. Porque não haverá mais sede, não haverá mais fome, não haverá mais vazios, não haverá mais sonhos, não haverá mais utopias, não haverá desapontamentos, não haverá mais tédio, não haverá mais anseios. A plenitude do novo encerra o ciclo que se caracteriza pelo cansaço da busca de um novo que nunca resolvia o problema da ansiedade humana e exigia sempre outro novo logo em seguida, que provocava o mesmo fastio. Junto com a plenitude do novo virá também novo cântico (Ap 14.3).

Texto originalmente publicado na seção “Plenitude” da edição 254 (set/out 1998) de Ultimato

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