Quem controla a semeadura e a ceifa é o próprio Deus. Ele é justo e retribui a cada um segundo o seu procedimento.

Se há uma palavra que deve ser levada a sério é esta; “O que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Se ele plantar a fim de agradar aos seus próprios desejos maus, estará plantando as sementes do mal e logicamente fará uma colheita de ruína espiritual e morte; mas se plantar as coisas boas do Espírito, ele colherá a vida eterna que o Espírito lhe dá (A Bíblia Viva). Não deve haver dúvida quanto à ceifa. Ela vai surgir ao seu tempo. Nesse sentido alegórico não há embaraços – como falta de chuva em demasia, geada, frio ou calor – que destroem a colheita. É como a concepção: não se pode voltar atrás depois de iniciada a gravidez.

Quem controla essa questão de semeadura e ceifa é o próprio Deus. Ele é justo e retribui a cada um segundo o seu procedimento. Àqueles que perseveram em fazer o bem, e buscam a glória perdida com a queda, por meio da crucificação de seus desejos carnais, estes receberão glória, e honra, e paz e vida eterna. Todavia, os que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça, sobre eles virão tribulação e angústia, ira e indignação (Rm 2.1-11). Neste sentido, não há proteção, não há exceção, não há engano, não há acepção de pessoas. O homem semeia no lado A ou no lado B. Não há outra alternativa. Não há lado C. E de qualquer lado ele colhe o que plantou.

A promessa de colheita certa e boa para quem semeia no lado A corre as Escrituras. O homem que não anda, não se detém e não se assenta na roda dos escarnecedores de Deus, e cujo prazer está na vontade expressa do Senhor, este “é como árvore, plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha, e tudo quanto ele faz será bem-sucedido” (Sl 1.1-3). O sucesso em seu sentido amplo nem sempre depende de inteligência, cultura, estatura e dinheiro. Pode ser alcançado mediante uma justa semeadura. O semeador do lado A é herdeiro de todas bem-aventuranças do Sermão da Montanha (Mt 5.1-12).

As mesmas Escrituras proclamam a colheita certa e má para quem semeia no lado B. A indignação de Paulo deve ser constantemente feita: “Quando éreis escravos do pecado, que resultado colhestes? Somente as coisas de que agora vos envergonhais. Porque o salário do pecado é a morte” (Rm 6.20-23). Aos 130 anos, Jacó declarou a Faraó que os dias de suas peregrinações haviam sido poucos e maus (Gn 47.9). Foram maus porque muitas vezes Jacó semeou no lado B, com suas mentiras e trapaças. Os dias maus não são surpresa para quem planta a fim de agradar aos seus próprios desejos, como não será surpresa colher figos se plantou uma figueira.

O servo de Deus está sujeito à tentação do cansaço de fazer o bem. Ele se cansa de obedecer, de negar-se a si mesmo e de resistir ao mal quando supõe que não compensa carregar o jugo de Cristo à vista da aparente prosperidade dos maus e do sofrimento dos justos. Para superar esta crise, é necessário ouvir a voz profética: “Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gl 6.9). Que se renove a certeza de que se fizer alguma coisa boa, o homem que semeia no lado A “receberá isso outra vez do Senhor, quer seja servo, quer livre” (Ef 6.8). Jesus declarou que ninguém há que tenha abandonado qualquer coisa ou pessoa por amor dele, que não receba no presente e no porvir justa recompensa (Mc 10.28-30).

As promessas para quem planta no lado A falam muito em vida eterna. Essa expressão é própria do cristianismo. Não deve ser desconhecida nem minimizada. Não significa imortalidade. Os ímpios também ressuscitam e vivem para sempre. Vida eterna quer dizer muito mais do que a continuação da vida. Quer dizer plenitude, transbordamento, glória sem fim e sem limite. É o contrário de morte espiritual, isto é, falta de comunicação, comunhão e naturalidade com Deus. Vida eterna é entrelaçamento: “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles”. É uma situação tão perfeita que dispensa santuário: “O seu santuário é o Senhor” (Ap 21.3,22).

Artigo originalmente publicado na edição 152 de Ultimato, março de 1984.

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