A certa altura da minha mocidade, comecei a trabalhar com adolescentes, sem nomeação oficial e sem qualquer preparo prévio. Não me recordo se recebi algum estímulo de alguém. Durou pouco tempo, mas me lembro de duas coisas. Organizei o grupo de adolescente 4F’s — franco, forte, firme e fiel (roubei a ideia de um tio que morava em Curitiba). Organizei também um “banco” para emprestar dinheiro aos pobres meninos…

A lembrança mais saudável é a da minha experiência com Deus, que aconteceu em 1949, exatamente há 60 anos. Eu fazia o Tiro de Guerra em Bom Jesus do Itabapoana, RJ. Tinha 19 anos, já havia professado a fé em Jesus Cristo e já era candidato oficial ao ministério pelo Presbitério de Campos. Por força da bem-aventurada educação recebida no lar e na Escola Dominical, eu estava suficientemente esclarecido e convicto de que não deveria ter relacionamento sexual com prostituta (não havia amor livre na ocasião), com namorada ou com qualquer outra mulher, a não ser com a futura esposa, sob a proteção do matrimônio. Mas, a vontade contrária era enorme e constante. Morria de medo de não respeitar essa norma por muito tempo.

Então, certo dia, de manhã cedo, coloquei numa sacola minha Bíblia, meu hinário e um livro devocional (acho que era o devocionário Ouro, Incenso e Mirra, de Rosalee Appleby) e fui para um lugar muito bonito fora da cidade, onde havia uma pequena cachoeira. Ali fiquei sozinho o dia inteiro, lendo passagens da Bíblia e orando. Estava em busca de uma certeza de que eu conseguiria o meu intento. Só me senti aliviado e fortalecido no final daquele dia, quando lia o Salmo 23 e Deus me convenceu de que ele, por ser o meu pastor, me protegeria de qualquer desobediência, a cada dia, e não de uma vez por todas, como que por atacado. Embora não seja dado a emocionalismo, chorei de emoção naquela tarde. Foi uma experiência real e marcante, que me ensinou a depender de Deus, e não dos meus esforços pessoais, para vencer qualquer tentação ou dificuldade. Até hoje aquela experiência à margem do rio Itabapoana é extremamente válida.

Publicado originalmente no Blog da Ultimato, em 15 de dezembro de 2009.

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