Opinião
- 03 de dezembro de 2024
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Um chamado ao amor em ação
A atuação dos evangélicos no acolhimento a migrantes e refugiados no Brasil
Os evangélicos no Brasil
Por Sandra de Medeiros Campos
Nos últimos anos, o Brasil tem se tornado um destino importante para milhares de migrantes e refugiados de diversas partes do mundo. O aumento expressivo de pedidos de refúgio no país reflete uma realidade de crises globais, conflitos políticos e deslocamentos forçados que atingem milhões de pessoas.
De acordo com dados divulgados na edição mais recente do relatório Refúgio em Números1, apenas em 2023, no Brasil, foram feitas 58.628 solicitações da condição de refugiado, provenientes de 150 países. Ao final do ano de 2023 existiam 143.033 pessoas refugiadas reconhecidas pelo Brasil, um crescimento de 117,2% em comparação com o ano de 2022.
Além disso, o panorama global revela que o número de pessoas deslocadas à força chegou a 120 milhões, sendo que 40% são crianças, o que equivale a cerca de 47 milhões. Para termos uma noção clara, 1 em cada 69 pessoas estava deslocada à força no final de 2023, quase o dobro do que há uma década.
Em meio a esse cenário desafiador, as igrejas cristãs evangélicas no Brasil desempenham um papel significativo, mostrando o amor de Cristo de maneira prática e transformadora por meio de diversas ações de acolhimento e apoio.
Com o propósito de identificar quais são, onde estão e o que fazem essas igrejas e organizações, favorecendo a visibilidade, representatividade e a oportunidade de fomentar ações em rede, a Associação CASA organizou em 2023 o Mapeamento das Organizações e Igrejas Cristãs Evangélicas que atuam com migrantes e refugiados no Brasil2.
Com alegria, a associação apresentou os resultados do mapeamento em junho de 2023 identificando igrejas, organizações, alianças, coletivos e redes cristãs evangélicas espalhadas pelo território nacional (dezoito estados e 61 municípios) que mobilizam um número expressivo de pessoas (1.322 voluntários e 409 funcionários) e atuam de forma significativa no atendimento à população de diferentes nacionalidades.
Somente no ano de 2022, os grupos mapeados ofereceram 112 mil atendimentos diretos a migrantes e refugiados, ações que sinalizam o reino de Deus frente à causa dos migrantes e refugiados das mais diversas formas, desde o acolhimento a uma família da Venezuela, por meio do Programa de Interiorização, até grandes projetos com 30 mil atendimentos ao ano.
Dentre os serviços e assistências disponibilizados, destacam-se o apoio espiritual, a distribuição de itens de necessidade básica, encaminhamentos para órgãos e serviços públicos, o apoio para inserção profissional, aulas de português, orientação jurídica, apoio psicossocial e mobilização de grupos e igrejas, mencionados por mais da metade das instituições.
Além do apoio direto, várias igrejas e organizações atuam na área de defesa de direitos, por meio de ações de orientação e apoio para acesso aos direitos e benefícios sociais (75%), apoio com mediador intercultural (54,4%), atuação no fortalecimento das legislações voltadas a proteção de refugiados e migrantes (36,8%) e ações contra trabalho análogo a escravidão (35,3%).
Essa fase contribuiu para trazer respostas à lacuna de informações que obscurece a ação evangélica na área da migração e refúgio no Brasil. Tornou possível a identificação da sua localização e campo de atuação, contribuindo para a movimentação intersetorial do acolhimento e integração de migrantes e refugiados no Brasil e potencializou a capacidade de fomentar e mobilizar ações em rede a nível local, regional e nacional.
A missão de acolher o estrangeiro é um chamado bíblico claro, e a atuação das igrejas evangélicas no Brasil é um testemunho poderoso de obediência a esse chamado. As ações dessas comunidades de fé mostram o que significa amar o próximo de forma concreta, oferecendo não apenas palavras de consolo, mas também ações práticas que fazem a diferença na vida dessas pessoas, como Jesus nos ensinou em Mateus 25.35: “Pois eu estava com fome, e vocês me deram de comer; estava com sede, e me deram de beber; era estrangeiro, e me acolheram”.
O Mapeamento das Organizações e Igrejas Cristãs Evangélicas é um marco, reconhecido pelo ACNUR. A Agência deu apoio técnico à Associação CASA na realização por reconhecer o número expressivo de atendimentos e variedade de formas de apoio e acolhimento da parte de evangélicos.
Lançada no VIII Fórum Refugiados, a Fase 2 – 2024 quer manter a atualização e a inserção de dados de forma contínua e sistemática do mapeamento e assim continuar a fortalecer a atuação em rede e a busca por proteção e ações para os milhares de migrantes e refugiados que estão no Brasil, a fim de que eles possam reconstruir sua vida em paz e com dignidade.
Se sua igreja ou organização realiza algum tipo de ação nessa área, participe ajudando a atualizar os dados. Juntos vamos continuar a fortalecer essa rede, ampliando nossa capacidade de acolher, integrar e defender os direitos dos migrantes e refugiados que buscam uma nova vida em nosso país.
Com fé, amor e compaixão, podemos ser uma resposta viva ao sofrimento dessas pessoas, mostrando que há sempre esperança e um novo começo.
“Tratem o estrangeiro que peregrina entre vocês como tratam quem é natural da terra; amem o estrangeiro como amam a vocês mesmos...” (Lv 19.33).
Notas
1. O relatório Refúgio em Números está disponível aqui.
2. O mapeamento identifica organizações e igrejas cristãs evangélicas que desenvolvem ações de apoio a refugiados e migrantes no Brasil. Disponível aqui.
Artigo publicado originalmente na edição 410 de Ultimato.
REVISTA ULTIMATO – BÍBLIA: REVELAÇÃO E LITERATURA
Ultimato mostra, entre outras coisas, a riqueza das Escrituras quando lidas como literatura, sem diminuir o seu caráter sagrado — a sua inspiração divina.
E reafirmamos o que publicamos em outra edição recente: A Bíblia Ainda Fala — “As Escrituras contêm a narrativa que dá sentido, esclarece e comunica a soberania e sabedoria de Deus. A lealdade ao que está exposto no Livro deve ser a marca dos cristãos”.
É disso que trata a matéria de capa da edição 410 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» O Mundo: Uma missão a ser cumprida, John Stott e Tim Chester
» Quando a Igreja Abraça a Cidade, Leandro Silva (org.)
» Uma Nova Introdução ao Islã – Origens, tendências e práticas muçulmanas no mundo contemporâneo, Daniel W. Brown
» Oitava edição do Fórum Refugiados reflete sobre acolhimento e apoio a migrantes e refugiados no Brasil, Notícia
Os evangélicos no Brasil
Por Sandra de Medeiros Campos
Nos últimos anos, o Brasil tem se tornado um destino importante para milhares de migrantes e refugiados de diversas partes do mundo. O aumento expressivo de pedidos de refúgio no país reflete uma realidade de crises globais, conflitos políticos e deslocamentos forçados que atingem milhões de pessoas.
De acordo com dados divulgados na edição mais recente do relatório Refúgio em Números1, apenas em 2023, no Brasil, foram feitas 58.628 solicitações da condição de refugiado, provenientes de 150 países. Ao final do ano de 2023 existiam 143.033 pessoas refugiadas reconhecidas pelo Brasil, um crescimento de 117,2% em comparação com o ano de 2022.
Além disso, o panorama global revela que o número de pessoas deslocadas à força chegou a 120 milhões, sendo que 40% são crianças, o que equivale a cerca de 47 milhões. Para termos uma noção clara, 1 em cada 69 pessoas estava deslocada à força no final de 2023, quase o dobro do que há uma década.
Em meio a esse cenário desafiador, as igrejas cristãs evangélicas no Brasil desempenham um papel significativo, mostrando o amor de Cristo de maneira prática e transformadora por meio de diversas ações de acolhimento e apoio.
Com o propósito de identificar quais são, onde estão e o que fazem essas igrejas e organizações, favorecendo a visibilidade, representatividade e a oportunidade de fomentar ações em rede, a Associação CASA organizou em 2023 o Mapeamento das Organizações e Igrejas Cristãs Evangélicas que atuam com migrantes e refugiados no Brasil2.
Com alegria, a associação apresentou os resultados do mapeamento em junho de 2023 identificando igrejas, organizações, alianças, coletivos e redes cristãs evangélicas espalhadas pelo território nacional (dezoito estados e 61 municípios) que mobilizam um número expressivo de pessoas (1.322 voluntários e 409 funcionários) e atuam de forma significativa no atendimento à população de diferentes nacionalidades.
Somente no ano de 2022, os grupos mapeados ofereceram 112 mil atendimentos diretos a migrantes e refugiados, ações que sinalizam o reino de Deus frente à causa dos migrantes e refugiados das mais diversas formas, desde o acolhimento a uma família da Venezuela, por meio do Programa de Interiorização, até grandes projetos com 30 mil atendimentos ao ano.
Dentre os serviços e assistências disponibilizados, destacam-se o apoio espiritual, a distribuição de itens de necessidade básica, encaminhamentos para órgãos e serviços públicos, o apoio para inserção profissional, aulas de português, orientação jurídica, apoio psicossocial e mobilização de grupos e igrejas, mencionados por mais da metade das instituições.
Além do apoio direto, várias igrejas e organizações atuam na área de defesa de direitos, por meio de ações de orientação e apoio para acesso aos direitos e benefícios sociais (75%), apoio com mediador intercultural (54,4%), atuação no fortalecimento das legislações voltadas a proteção de refugiados e migrantes (36,8%) e ações contra trabalho análogo a escravidão (35,3%).
Essa fase contribuiu para trazer respostas à lacuna de informações que obscurece a ação evangélica na área da migração e refúgio no Brasil. Tornou possível a identificação da sua localização e campo de atuação, contribuindo para a movimentação intersetorial do acolhimento e integração de migrantes e refugiados no Brasil e potencializou a capacidade de fomentar e mobilizar ações em rede a nível local, regional e nacional.
A missão de acolher o estrangeiro é um chamado bíblico claro, e a atuação das igrejas evangélicas no Brasil é um testemunho poderoso de obediência a esse chamado. As ações dessas comunidades de fé mostram o que significa amar o próximo de forma concreta, oferecendo não apenas palavras de consolo, mas também ações práticas que fazem a diferença na vida dessas pessoas, como Jesus nos ensinou em Mateus 25.35: “Pois eu estava com fome, e vocês me deram de comer; estava com sede, e me deram de beber; era estrangeiro, e me acolheram”.
O Mapeamento das Organizações e Igrejas Cristãs Evangélicas é um marco, reconhecido pelo ACNUR. A Agência deu apoio técnico à Associação CASA na realização por reconhecer o número expressivo de atendimentos e variedade de formas de apoio e acolhimento da parte de evangélicos.
Lançada no VIII Fórum Refugiados, a Fase 2 – 2024 quer manter a atualização e a inserção de dados de forma contínua e sistemática do mapeamento e assim continuar a fortalecer a atuação em rede e a busca por proteção e ações para os milhares de migrantes e refugiados que estão no Brasil, a fim de que eles possam reconstruir sua vida em paz e com dignidade.
Se sua igreja ou organização realiza algum tipo de ação nessa área, participe ajudando a atualizar os dados. Juntos vamos continuar a fortalecer essa rede, ampliando nossa capacidade de acolher, integrar e defender os direitos dos migrantes e refugiados que buscam uma nova vida em nosso país.
Com fé, amor e compaixão, podemos ser uma resposta viva ao sofrimento dessas pessoas, mostrando que há sempre esperança e um novo começo.
“Tratem o estrangeiro que peregrina entre vocês como tratam quem é natural da terra; amem o estrangeiro como amam a vocês mesmos...” (Lv 19.33).
Notas
1. O relatório Refúgio em Números está disponível aqui.
2. O mapeamento identifica organizações e igrejas cristãs evangélicas que desenvolvem ações de apoio a refugiados e migrantes no Brasil. Disponível aqui.
- Sandra de Medeiros Campos é mobilizadora do Mapeamento das Organizações e Igrejas Cristãs Evangélicas que atuam com migrantes e refugiados no Brasil.
Artigo publicado originalmente na edição 410 de Ultimato.
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Ultimato mostra, entre outras coisas, a riqueza das Escrituras quando lidas como literatura, sem diminuir o seu caráter sagrado — a sua inspiração divina.
E reafirmamos o que publicamos em outra edição recente: A Bíblia Ainda Fala — “As Escrituras contêm a narrativa que dá sentido, esclarece e comunica a soberania e sabedoria de Deus. A lealdade ao que está exposto no Livro deve ser a marca dos cristãos”.
É disso que trata a matéria de capa da edição 410 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
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Ricardo Barbosa