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- 28 de março de 2007
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Tradicional, eu? Conservador?
Na sua coluna da edição de março-abril de 2007 da revista Ultimato, Ricardo Barbosa se confessa tradicional, conservador e ortodoxo. E nos dá poucas e boas razões. Confira.
Tradicional, conservador e ortodoxo
Ricardo Barbosa
Houve um tempo, quando eu era jovem, que rejeitava qualquer coisa que me identificasse como tradicional. Naquela época, ser tradicional significava não ser pentecostal. Os tradicionais eram solenes, reservados. Já os pentecostais eram alegres, empolgados com a fé, espontâneos, exuberantes. Eu não me considerava pentecostal — não no sentido clássico do termo —, mas também não era tradicional.
Hoje confesso que sou tradicional. Não perdi a alegria e o entusiasmo que aprendi com os pentecostais, mas agora não ser tradicional é ser moderno, que significa romper com a história, não ter raízes, nem tradição. Gosto do meu passado, gosto de cantar os velhos hinos como “Rude Cruz”, de ouvir pregações com conteúdo teológico, centradas nas Escrituras e que dispensam o personalismo narcisista dos pregadores modernos. Chego a gostar de uma certa solenidade e reverência no culto. Gosto de saber que a fé que professo foi professada por muitos que viveram antes de mim e que a proclamaram sob muito sofrimento. Não gosto das inovações que vejo por aí, da agitação nos cultos, das coreografias com tules esvoaçantes que não dizem nada; músicas que não inspiram, apenas agitam; pregações de auto-ajuda.
Na minha juventude, ser conservador era comprometer-se com a direita, apoiar ditaduras totalitárias, resistir às mudanças, apoiar o machismo decadente. Não ser conservador era ser revolucionário, e era isto que eu queria ser. Naquele tempo participei dos movimentos pela volta da democracia, do envolvimento da igreja nos temas políticos e sociais, abracei a teologia da missão integral e vi, com alegria, a igreja e o país mudando. Ainda guardo comigo este espírito revolucionário.
Mas hoje o oposto ao conservador é o liberal que abriu mão dos valores morais, das verdades teológicas e do temor a Deus. A vulgarização e a banalização do corpo e do sexo, a desvalorização da família e essa imensa e indefinida “abertura” que vivemos em nada têm contribuído para a sociedade. Toda a luta das mulheres contra a opressão e a exploração do corpo como objeto sexual acabou em um grande mercado erótico de ofertas bizarras. A disciplina e a educação dos filhos foi abandonada pelos pais, delegada para as escolas e depois para as clínicas psicológicas. A intensificação do individualismo requer, cada vez mais, o direito a toda forma de promiscuidade. Sou hoje um conservador. Ainda luto contra as injustiças, mas não me identifico com o espírito liberal dos tempos modernos. Continuo crendo na sacralidade do corpo como templo do Espírito Santo, no sexo como expressão sublime do amor na aliança conjugal. Permaneço convencido de que a família é o espaço criado pela providência divina onde aprendemos a viver comunitariamente. Creio na contemporaneidade de todos os mandamentos de Deus e no seu poder de preservar a sociedade da autodestruição.
Por fim, vejo também que hoje sou ortodoxo na minha fé e teologia. Nunca fui liberal, nem fundamentalista; sempre me considerei um evangelical. Porém, diante da nova onda de fundamentalismo, não apenas o religioso, mas, principalmente, o fundamentalismo totalitário neoliberal, que, em nome de uma pseudo-abertura, impõe sua agenda moral e religiosa que não aceita questionamentos, preciso dizer que sou hoje um evangelical ortodoxo. Minha fé continua alicerçada na autoridade das Escrituras Sagradas, no Credo Apostólico, nas confissões históricas e na longa tradição cristã. Creio na morte e ressurreição de Cristo, na sua mediação entre Deus e os homens e que fora dele não há salvação. Creio na autoridade da Bíblia como revelação de Deus e dos seus propósitos. Creio na absoluta soberania divina, e me silencio diante do seu mistério. E creio na igreja, apesar das suas crises e conflitos. É assim que me vejo hoje. Tradicional, conservador e ortodoxo.
A recomendação de Paulo aos crentes de Tessalônica é muito apropriada para estes dias confusos que vivemos: “Portanto, irmãos, permaneçam firmes e apeguem-se às tradições que lhes foram ensinadas, quer de viva voz, quer por carta nossa” (2 Ts 2.15).
Leia o que Ultimato publicou sobre o assunto
• A Morte do Conservadorismo, Edição 297
• A Maré Evangélica, Edição 302
Leia o livro
• Icabode, da Mente de Cristo à Consciência Moderna, Rubem Amorese
• Missão Integral, Vários autores
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Tradicional, conservador e ortodoxo
Ricardo Barbosa
Houve um tempo, quando eu era jovem, que rejeitava qualquer coisa que me identificasse como tradicional. Naquela época, ser tradicional significava não ser pentecostal. Os tradicionais eram solenes, reservados. Já os pentecostais eram alegres, empolgados com a fé, espontâneos, exuberantes. Eu não me considerava pentecostal — não no sentido clássico do termo —, mas também não era tradicional.
Hoje confesso que sou tradicional. Não perdi a alegria e o entusiasmo que aprendi com os pentecostais, mas agora não ser tradicional é ser moderno, que significa romper com a história, não ter raízes, nem tradição. Gosto do meu passado, gosto de cantar os velhos hinos como “Rude Cruz”, de ouvir pregações com conteúdo teológico, centradas nas Escrituras e que dispensam o personalismo narcisista dos pregadores modernos. Chego a gostar de uma certa solenidade e reverência no culto. Gosto de saber que a fé que professo foi professada por muitos que viveram antes de mim e que a proclamaram sob muito sofrimento. Não gosto das inovações que vejo por aí, da agitação nos cultos, das coreografias com tules esvoaçantes que não dizem nada; músicas que não inspiram, apenas agitam; pregações de auto-ajuda.
Na minha juventude, ser conservador era comprometer-se com a direita, apoiar ditaduras totalitárias, resistir às mudanças, apoiar o machismo decadente. Não ser conservador era ser revolucionário, e era isto que eu queria ser. Naquele tempo participei dos movimentos pela volta da democracia, do envolvimento da igreja nos temas políticos e sociais, abracei a teologia da missão integral e vi, com alegria, a igreja e o país mudando. Ainda guardo comigo este espírito revolucionário.
Mas hoje o oposto ao conservador é o liberal que abriu mão dos valores morais, das verdades teológicas e do temor a Deus. A vulgarização e a banalização do corpo e do sexo, a desvalorização da família e essa imensa e indefinida “abertura” que vivemos em nada têm contribuído para a sociedade. Toda a luta das mulheres contra a opressão e a exploração do corpo como objeto sexual acabou em um grande mercado erótico de ofertas bizarras. A disciplina e a educação dos filhos foi abandonada pelos pais, delegada para as escolas e depois para as clínicas psicológicas. A intensificação do individualismo requer, cada vez mais, o direito a toda forma de promiscuidade. Sou hoje um conservador. Ainda luto contra as injustiças, mas não me identifico com o espírito liberal dos tempos modernos. Continuo crendo na sacralidade do corpo como templo do Espírito Santo, no sexo como expressão sublime do amor na aliança conjugal. Permaneço convencido de que a família é o espaço criado pela providência divina onde aprendemos a viver comunitariamente. Creio na contemporaneidade de todos os mandamentos de Deus e no seu poder de preservar a sociedade da autodestruição.
Por fim, vejo também que hoje sou ortodoxo na minha fé e teologia. Nunca fui liberal, nem fundamentalista; sempre me considerei um evangelical. Porém, diante da nova onda de fundamentalismo, não apenas o religioso, mas, principalmente, o fundamentalismo totalitário neoliberal, que, em nome de uma pseudo-abertura, impõe sua agenda moral e religiosa que não aceita questionamentos, preciso dizer que sou hoje um evangelical ortodoxo. Minha fé continua alicerçada na autoridade das Escrituras Sagradas, no Credo Apostólico, nas confissões históricas e na longa tradição cristã. Creio na morte e ressurreição de Cristo, na sua mediação entre Deus e os homens e que fora dele não há salvação. Creio na autoridade da Bíblia como revelação de Deus e dos seus propósitos. Creio na absoluta soberania divina, e me silencio diante do seu mistério. E creio na igreja, apesar das suas crises e conflitos. É assim que me vejo hoje. Tradicional, conservador e ortodoxo.
A recomendação de Paulo aos crentes de Tessalônica é muito apropriada para estes dias confusos que vivemos: “Portanto, irmãos, permaneçam firmes e apeguem-se às tradições que lhes foram ensinadas, quer de viva voz, quer por carta nossa” (2 Ts 2.15).
Leia o que Ultimato publicou sobre o assunto
• A Morte do Conservadorismo, Edição 297
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Pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília (DF). É colunista da revista Ultimato e autor de A Espiritualidade, o Evangelho e a Igreja, Pensamentos Transformados, Emoções Redimidas e O Caminho do Coração.
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