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- 09 de junho de 2017
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Voluntários brasileiros levam serviços em saúde para refugiados sírios, no Líbano
Três dentistas, seis médicos e quatro voluntários em uma missão: levar atendimento médico e odontológico para refugiados sírios que vivem em Zahlé, no Líbano. Durante os nove dias que a equipe passou no Líbano, em maio deste ano, os profissionais conseguiram realizar cerca de 1200 atendimentos médicos e odontológicos. A ação aconteceu em parceria com uma igreja em Zahlé, que já desenvolve um trabalho assistencial às famílias de refugiados há cerca de seis anos.
A iniciativa da Comunidade Batista em Moema (SP), onde participam onze das treze pessoas que integraram a equipe, teve um investimento de aproximadamente 11 mil dólares para custear medicamentos, equipamentos, despesas hospitalares e tradutores locais.
As despesas com passagens, hospedagem e alimentação ficaram por conta de cada voluntário – aproximadamente três mil dólares por pessoa. Luciano Quintela, um dos integrantes da equipe, relata que “o que mais pesou [no orçamento] foram os medicamentos receitados e os exames médicos solicitados. Isso ficou perto de seis mil dólares. Tanto membros da igreja, como amigos dos membros da equipe contribuíram financeiramente”.
Diário de bordo da Missão Zahlé
No blog da Missão Zahlé, onde a equipe registrou dia a dia o trabalho realizado no Líbano, há o relato de que em um único dia os profissionais fizeram 175 atendimentos médicos e quase 50 consultas odontológicos. “Confesso que o cansaço começou a bater, mas permanecemos firmes e fortes em nossa missão. Marina, Fernanda e parte dos dentistas, por exemplo, ficam de pé 100% do tempo. Nosso almoço dura cerca de 30 min e tivemos dias que nem pausa para o café foi possível. A tradução do árabe também cansa bastante a mente.”, escreveu Luciano Quintela, integrante da equipe.
Os profissionais também enfrentaram o desafio emocional de atender pessoas, além de doentes, sofridas e tristes. “Isso nos cansa muito emocionalmente. Na parte da manhã, veio um rapaz que, primeiramente, passou com a Marieli e se queixou de algumas dores no corpo, mas estava com vergonha de mostrar o local para uma mulher. Então, encaminhamos o caso para o Roque que observou alguns hematomas na coxa do paciente. Ele nos relatou que recentemente havia sido capturado por um grupo de extremistas e havia sido espancado. Muitos deles são pessoas formadas que perderam tudo e vieram correndo para cá e estão, agora, sem emprego, sem casa e as famílias, despedaçadas.”
Diante de tanta necessidade para ser atendida por uma equipe pequena e em tão pouco tempo, Quintela descreveu o dilema que os profissionais enfrentaram: “Ao retornamos ao primeiro acampamento nos deparamos com uma situação de guerra… Pessoas implorando para serem atendidas não respeitando mais a ordem dos atendimentos. Eles sabiam que ficaríamos somente aquela tarde e precisavam garantir que seriam atendidos de qualquer maneira. Chorei ao ver as mulheres com seus bebês nas mãos sinalizando que estavam com febre. Me imploravam para entrar na sala. Dani, nossa única pediatra, estava exausta e sobrecarregada tamanha a demanda naquele dia. Então, pedi ao Roque que nos ajudasse com os bebês. Ele prontamente me disse: ‘manda’. Infelizmente tivemos que fechar os portões e essa tarefa foi difícil, mas não tínhamos braço e nem tempo para continuar. As mães empurravam as crianças na grade para serem atendidas. Foi o dia em que mais atendemos. Foram 240 atendimentos médicos e 40 odontológicos.”
Por que ir a Zahlé atender refugiados sírios?
“Essa é pergunta que todos fazem no seu subconsciente, mas a maioria das pessoas não tem coragem de nos perguntar, afinal, existem tantas pessoas necessitadas aqui no Brasil. Pensam, mas não perguntam, apenas reagem com comoção porque viemos para cá para fazer o bem e isso é o que importa. Eu concordo com o fato de termos inúmeras pessoas necessitadas no Brasil, mas Deus nos mandou para o Líbano. Estamos aqui para fazer a vontade daquele que nos enviou e, assim como Jesus, demonstrar amor ao próximo, hospitalidade, boa vontade e respeito, independente de raça, crença e cultura. Viemos para ajudar, de alguma forma, aqueles que perderam tudo na vida, inclusive a esperança de que dias melhores virão. Aqui se vive um dia de cada vez, sem pensar no futuro. Enquanto alguns permanecem na Síria e lutam no país sem qualquer esperança, outros fogem da guerra que já matou quase 500 mil pessoas.” (Luciano Quintela)
Refugiados sírios no Líbano
Em 2013, o Centro de Registros do ACNUR (Agência da ONU para refugiados) em Zahlé registrava 1.300 pessoas por dia, a maioria vinda da Síria, já que a fronteira entre os países fica a cerca de vinte quilômetros de Zahlé. Naquela época, estimavam-se que o Líbano abrigava 675 mil refugiados sírios. Já em 2015, dados da Comissão Europeia e do Acnur indicavam a chegada 1,1 milhão de refugiados sírios no Líbano.
O Estado libanês não autoriza campos de refugiados, mas permite que os deslocados sírios aluguem casas ou possam arrendar terrenos. Nesses locais, os refugiados montam as tendas, como acontece no Vale de Bekaa, onde se encontram dezenas de pequenas concentrações de tendas. Nestes campos estão apenas refugiados muçulmanos, que representam 92% da totalidade dos deslocados; os refugiados cristãos conseguem alugar habitações e alguns partiram para outros países onde foram acolhidos por familiares.
Especialistas apontam que, embora a maioria da população libanesa seja muçulmana (60%), a capital do país abriga o maior número de igrejas cristãs per capitas do planeta: tem igrejas maronitas, ortodoxas, melquitas, assírias, siríacas, armênias, católicas, coptas, caldéia. Além disso, existe no Líbano um vale sagrado (Qadisha) com dezenas de mosteiros em montanhas nevadas em meio aos cedros.
Veja a matéria sobre a Missão Zahlé exibida na Globo News.
A iniciativa da Comunidade Batista em Moema (SP), onde participam onze das treze pessoas que integraram a equipe, teve um investimento de aproximadamente 11 mil dólares para custear medicamentos, equipamentos, despesas hospitalares e tradutores locais.
As despesas com passagens, hospedagem e alimentação ficaram por conta de cada voluntário – aproximadamente três mil dólares por pessoa. Luciano Quintela, um dos integrantes da equipe, relata que “o que mais pesou [no orçamento] foram os medicamentos receitados e os exames médicos solicitados. Isso ficou perto de seis mil dólares. Tanto membros da igreja, como amigos dos membros da equipe contribuíram financeiramente”.
Diário de bordo da Missão Zahlé
No blog da Missão Zahlé, onde a equipe registrou dia a dia o trabalho realizado no Líbano, há o relato de que em um único dia os profissionais fizeram 175 atendimentos médicos e quase 50 consultas odontológicos. “Confesso que o cansaço começou a bater, mas permanecemos firmes e fortes em nossa missão. Marina, Fernanda e parte dos dentistas, por exemplo, ficam de pé 100% do tempo. Nosso almoço dura cerca de 30 min e tivemos dias que nem pausa para o café foi possível. A tradução do árabe também cansa bastante a mente.”, escreveu Luciano Quintela, integrante da equipe.
Os profissionais também enfrentaram o desafio emocional de atender pessoas, além de doentes, sofridas e tristes. “Isso nos cansa muito emocionalmente. Na parte da manhã, veio um rapaz que, primeiramente, passou com a Marieli e se queixou de algumas dores no corpo, mas estava com vergonha de mostrar o local para uma mulher. Então, encaminhamos o caso para o Roque que observou alguns hematomas na coxa do paciente. Ele nos relatou que recentemente havia sido capturado por um grupo de extremistas e havia sido espancado. Muitos deles são pessoas formadas que perderam tudo e vieram correndo para cá e estão, agora, sem emprego, sem casa e as famílias, despedaçadas.”
Diante de tanta necessidade para ser atendida por uma equipe pequena e em tão pouco tempo, Quintela descreveu o dilema que os profissionais enfrentaram: “Ao retornamos ao primeiro acampamento nos deparamos com uma situação de guerra… Pessoas implorando para serem atendidas não respeitando mais a ordem dos atendimentos. Eles sabiam que ficaríamos somente aquela tarde e precisavam garantir que seriam atendidos de qualquer maneira. Chorei ao ver as mulheres com seus bebês nas mãos sinalizando que estavam com febre. Me imploravam para entrar na sala. Dani, nossa única pediatra, estava exausta e sobrecarregada tamanha a demanda naquele dia. Então, pedi ao Roque que nos ajudasse com os bebês. Ele prontamente me disse: ‘manda’. Infelizmente tivemos que fechar os portões e essa tarefa foi difícil, mas não tínhamos braço e nem tempo para continuar. As mães empurravam as crianças na grade para serem atendidas. Foi o dia em que mais atendemos. Foram 240 atendimentos médicos e 40 odontológicos.”
Por que ir a Zahlé atender refugiados sírios?
“Essa é pergunta que todos fazem no seu subconsciente, mas a maioria das pessoas não tem coragem de nos perguntar, afinal, existem tantas pessoas necessitadas aqui no Brasil. Pensam, mas não perguntam, apenas reagem com comoção porque viemos para cá para fazer o bem e isso é o que importa. Eu concordo com o fato de termos inúmeras pessoas necessitadas no Brasil, mas Deus nos mandou para o Líbano. Estamos aqui para fazer a vontade daquele que nos enviou e, assim como Jesus, demonstrar amor ao próximo, hospitalidade, boa vontade e respeito, independente de raça, crença e cultura. Viemos para ajudar, de alguma forma, aqueles que perderam tudo na vida, inclusive a esperança de que dias melhores virão. Aqui se vive um dia de cada vez, sem pensar no futuro. Enquanto alguns permanecem na Síria e lutam no país sem qualquer esperança, outros fogem da guerra que já matou quase 500 mil pessoas.” (Luciano Quintela)
Refugiados sírios no Líbano
Em 2013, o Centro de Registros do ACNUR (Agência da ONU para refugiados) em Zahlé registrava 1.300 pessoas por dia, a maioria vinda da Síria, já que a fronteira entre os países fica a cerca de vinte quilômetros de Zahlé. Naquela época, estimavam-se que o Líbano abrigava 675 mil refugiados sírios. Já em 2015, dados da Comissão Europeia e do Acnur indicavam a chegada 1,1 milhão de refugiados sírios no Líbano.
O Estado libanês não autoriza campos de refugiados, mas permite que os deslocados sírios aluguem casas ou possam arrendar terrenos. Nesses locais, os refugiados montam as tendas, como acontece no Vale de Bekaa, onde se encontram dezenas de pequenas concentrações de tendas. Nestes campos estão apenas refugiados muçulmanos, que representam 92% da totalidade dos deslocados; os refugiados cristãos conseguem alugar habitações e alguns partiram para outros países onde foram acolhidos por familiares.
Especialistas apontam que, embora a maioria da população libanesa seja muçulmana (60%), a capital do país abriga o maior número de igrejas cristãs per capitas do planeta: tem igrejas maronitas, ortodoxas, melquitas, assírias, siríacas, armênias, católicas, coptas, caldéia. Além disso, existe no Líbano um vale sagrado (Qadisha) com dezenas de mosteiros em montanhas nevadas em meio aos cedros.
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