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Opinião

Tetelestai: missão cumprida

Porque tudo está cumprido, não precisamos ter medo da morte, das circunstâncias difíceis ou do desconhecido

Por Jorge Cruz

“Depois, sabendo Jesus que todas as coisas já estavam consumadas, para que se cumprisse a Escritura, disse: Estou com sede. (…) Havendo provado o vinagre, Jesus disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.” (João 19.28,30)

Se pudéssemos viajar no tempo até um mercado na Palestina no primeiro século, se conseguíssemos nos abstrair do barulho, dos odores e da confusão, iríamos ouvir uma palavra sempre que uma compra era realizada ou que um negócio era concluído: “tetelestai”, que significa “está pago”. Quando um escravo era comprado, seu novo dono recebia um documento com a mesma palavra grega: “tetelestai”.

Se pudéssemos visitar uma prisão na mesma época, iríamos observar que era afixada na porta do cárcere uma lista com os motivos da condenação de cada prisioneiro. Quando o preso terminava de cumprir sua pena e era libertado, essa folha recebia um selo com a palavra “tetelestai”, que significa “está liquidado” ou “está cumprido”.

Se pudéssemos visitar a cidade de Roma no primeiro século, sobretudo no momento da chegada de generais romanos de uma batalha, à frente de legiões de soldados e de uma multidão de prisioneiros dos povos conquistados, iríamos ouvi-los gritar “tetelestai”, que significa “missão cumprida”.

Em João 19.30, o Senhor Jesus profere esta mesma palavra na cruz, antes de morrer: “tetelestai”, traduzida por “está consumado” ou “está cumprido”. A missão de Jesus neste mundo, para salvação de todos os que nele creem, foi cumprida integralmente com sua morte. O sacrifício de Jesus na cruz do Calvário foi necessário e, graças a Deus, eficaz e suficiente para podermos conhecer Deus e ter acesso à vida eterna. Por isso o Senhor pôde dizer antes de morrer: “tetelestai” – “está consumado” ou “está cumprido”!

Porque tudo está cumprido, podemos ter um relacionamento íntimo com Deus e chamá-lo de Pai.

Porque tudo está cumprido, podemos correr para os braços de Deus – que estão abertos para nos acolher, como os do pai do filho pródigo – com a certeza de que não seremos rejeitados.

Porque tudo está cumprido, podemos falar com Deus em oração, sabendo que as nossas petições serão ouvidas e respondidas, de acordo com os seus planos.

Porque tudo está cumprido, não precisamos mais oferecer sacrifícios de animais para o perdão dos pecados, e muito menos sacrificar os nossos corpos ou irmos em peregrinação a algum local para sermos salvos, pois Jesus Cristo é o nosso único e suficiente Salvador.

Porque tudo está cumprido, tornamo-nos amigos de Deus e podemos ter a certeza da salvação e da vida eterna com Deus no céu.



Porque tudo está cumprido, a cortina do Templo de Jerusalém, que ocultava o lugar “santo dos santos”, foi rasgada de alto a baixo, e agora podemos entrar na presença de Deus por causa do sacrifício de Jesus em nosso lugar.

Porque tudo está cumprido, não podemos deixar de perdoar os que nos ofenderam, nos humilharam, nos desprezaram ou rejeitaram, inclusive os nossos inimigos, seguindo o exemplo do nosso Senhor Jesus Cristo.

Porque tudo está cumprido, não precisamos ter medo da morte, das circunstâncias difíceis ou do desconhecido, porque Deus está no controle e, com Cristo, “somos mais que vencedores” (Rm 8.37).

Porque tudo está cumprido, podemos receber o Espírito Santo e viver de acordo com a vontade e propósitos de Deus, manifestando o fruto do Espírito na nossa vida.

Porque tudo está cumprido, a derrota final de Satanás e das forças do mal está assegurada, bem como todas as consequências negativas da Queda no jardim do Éden, como o sofrimento, a doença e a morte.

Porque tudo está cumprido, podemos ser instrumentos do amor de Deus e anunciar as boas novas da salvação a cada ser humano, em obediência ao mandato de Jesus.

Porque tudo está cumprido, temos os nossos nomes escritos no livro da vida.

Porque tudo está cumprido, podemos dizer com Paulo que “a nossa pátria está no céu, de onde também aguardamos um Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o corpo da nossa humilhação, para ser semelhante ao corpo da sua glória, pelo seu poder eficaz de sujeitar a si todas as coisas” (Fp 3.20-21).

  • Jorge Cruz é médico especialista em angiologia e cirurgia vascular, doutor em bioética, membro do Comitê de Países de Língua Portuguesa da International Christian Medical & Dental Association (ICMDA), membro honorário da Associação Cristã Evangélica de Profissionais de Saúde (ACEPS-Portugal), membro do Conselho Internacional da PRIME – Partnerships in International Medical Education. Mora em Porto, Portugal.

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» Tetélestai: a consumação do amor, por Rudi Zimmer

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