Opinião
31 de março de 2016
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Ressurreição: o filme

“Ressurreição” tem Joseph Fiennes (que já foi Lutero) como Clavius, o tribuno romano encarregado de descobrir se os boatos a respeito da ressurreição eram verdadeiros ou não, Tom Felton (o detestável Draco Malfoy da franquia Harry Potter) como Lucius, o assistente do tribuno, e Cliff Curtis como “Yeshua” (sim, ele é chamado de Yeshua no filme, a forma aramaica de seu nome; a forma “Jesus” é derivada do grego). Curtis é neozelandês de ascendência maori, e em Hollywood, por conta de seu tom de pele morena já foi árabe, colombiano, e agora, um judeu galileu do primeiro século.
Para cumprir a ordem recebida, Clavius e seus comandados partem para revistar todas as casas de Jerusalém, para descobrir discípulos do nazareno recentemente crucificado. Eles levam um susto enorme ao descobrir que o túmulo no qual o corpo fora depositado, estava vazio! O que aconteceu? Na verdade, os romanos começam a descobrir evidências que, por mais estranhas e irracionais que pareçam, sugerem que talvez alguma coisa absolutamente incomum tenha acontecido... Em sua busca por discípulos do crucificado, Clavius interroga Maria Madalena, e ela lhe diz que presenciou acontecimentos que não podem ser explicados. Madalena tenta explicar ao tribuno que ele está procurando de maneira errada, mas o romano simplesmente não entende o que ela lhe diz. Clavius resolve procurar os seguidores de Yeshua sozinho, e Lucius, que assume o comando da investigação, diz a Pilatos que, talvez os boatos sejam verdadeiros. Pilatos, como era de se esperar, não concorda e não acredita.
Clavius por fim tem suas perguntas respondidas de maneira surpreendente. O filme do diretor americano Kevin Reynolds dá ênfase às narrativas da ressurreição do primeiro e do quarto Evangelhos, citando todavia trechos dos outros dois. Não há nenhum relato histórico que os romanos tenham ordenado uma investigação policial desta natureza. Mas não é de todo improvável que tal tenha acontecido. Neste sentido, o filme de 1986 é mais politicamente realista que o de 2016, que por sua vez é mais “catequético”, por assim dizer, que seu “irmão mais velho”, que sem dúvida o inspirou.

O filme foi produzido em locações na Espanha e na ilha de Malta. Os diálogos são bem conduzidos, e a mensagem final, escandalizadora há dois mil anos e hoje, é que “de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos” (1 Coríntios 15.20). Mas tanto há dois mil anos como hoje, a mensagem da ressurreição é matéria de fé. Como disse alguém, para quem crê, nenhuma prova é necessária. Para quem não crê, nenhuma prova é suficiente. O fato é que o túmulo está vazio. E até hoje ninguém conseguiu produzir uma explicação melhor para isto que a dada por aquele grupo de judeus pobres da Judeia dominada pelos romanos há dois mil anos.
Nota:
1. Livros e mais livros já foram escritos a respeito da ressurreição de Jesus. Obra recente a respeito que sem dúvida ocupará por anos lugar de destaque na bibliografia especializada sobre o tema é o alentado e muitíssimo recomendado (mais de 1.100 páginas!) “A ressurreição do Filho de Deus”, de N. T. Wright (São Paulo: Paulus, 2012).
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É professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC Minas, onde coordena o GPRA – Grupo de Pesquisa Religião e Arte.
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