Opinião
25 de agosto de 2023
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Quem quer que a Bíblia deixe de ser lida?
Por Israel Belo de Azevedo
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Provavelmente não.
Certamente não somos mais leitores de Luís de Camões, porque, se fôssemos, não entenderíamos seu grande poema, que começa assim:
“As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram”.
Nosso mundo e o mundo do primeiro grande poeta da nossa língua simplesmente não mais se conectam. O belo texto, publicado em 1572, ficou arcaico.
Arcaico ficou também outro texto preparado um século depois, também em Portugal, e que era uma tradução de parte de um sermão pregado pelo profeta Isaías dois milênios antes no antigo Israel. O poeta proclamava:
“O seu Deus o ensina
E o instrui acerca do que há de fazer.
Porque a ervilhaca não se trilha com instrumento de trilhar,
Nem sobre os cominhos passa roda de carro;
Mas, com uma vara, se sacode a ervilhaca
E os cominhos, com um pedaço de pau.
O trigo é esmiuçado,
mas não se trilha continuamente,
Nem se esmiúça com as rodas do seu carro,
Nem se quebra com os seus cavalos.
Até isto procede do SENHOR dos Exércitos,
Porque é maravilhoso em conselho e grande em obra”.
(Isaías 28.26-29 — Cf. Almeida Revista e Corrigida)
A Almeida Revista e Corrigida, acima transcrita, passou por revisões e assim mesmo é de difícil leitura, porque o nosso mundo e o mundo do genial tradutor João Ferreira de Almeida (1628-1691) simplesmente não mais se conectam. O belo texto de Isaías/Almeida ficou arcaico.
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Insistiremos nele e forçaremos as pessoas a lerem essa tradução?
Fracassaremos.
Por isso, são bem-vindos os esforços posteriores de tradutores que mantiveram um olho nos autores originais e o outro nos leitores, para que os textos fossem lidos e entendidos.
Este tipo de esforço tem que ser feito periodicamente porque costumes aparecem, costumes desaparecem; palavras crescem, palavras falecem.
O Deus Eterno inspirou o Santo Livro para se revelar, não para se esconder.
No entanto, o que faz uma tradução de difícil leitura? Esconde Quem se propôs a se mostrar na beleza do seu ensino e no poder de suas ações (cf. Isaías 28.29).
Leitor da Bíblia, muitas vezes, tive que consultar dicionários para entender a palavra escolhida.
Professor das Sagradas Escrituras, muitas vezes, tive que recorrer às Bíblias de estudo para compreender o sentido do texto. Pregador da Bíblia, muitas vezes tive que me munir de comentários para apreender a clareza da verdade apresentada.
Ora, esses recursos são ótimos, mas não estão disponíveis para todos. Se temos que lançar mão deles é porque a Bíblia é para especialistas, o que trai o projeto do seu Autor.
Todos aceitamos que ela deve estar ao alcance de todos, não importa a escolaridade dos leitores.
Os idiomas que o Deus Eterno escolheu para se revelar não foram precisamente idiomas simples, com muito menos palavras que a língua portuguesa?
Nossa Bíblia não pode ser para poucos, mas deve estar ao alcance de todos. Com esse pujante desejo no coração, arfando por temor e tremor, sigo as trilhas abertas pelos tradutores antigos, como Jerônimo (347-420), Martin Lutero (1483-1546) e João Ferreira de Almeida (1628-1691), e pelos recentes, como Robert G. Bratcher (1920-2010), J. B. Phillips (1906-1982) e Eugene H. Peterson (1932-2018).
É assim que nasce no Brasil a Bíblia Prazer da Palavra, cujo primeiro volume está chegando. Os demais cinco serão publicados na seguinte ordem cronológica, se o Deus Eterno me permitir: Atos a Apocalipse; Poesia e Sabedoria; Pentateuco; Históricos, e Proféticos.
Os leitores perguntam se a versão é fiel aos originais. A resposta é, obviamente, sim. Os especialistas indagam se é uma tradução ou uma paráfrase. A resposta é mais complexa: as duas coisas. Tradução, quando o texto original é narrativo. Paráfrase, quando é poético, com imagens e metáforas que precisam ser adaptadas para que o seu sentido seja percebido e enriqueça ainda hoje.
Para saber mais, acesse aqui.
- Israel Belo de Azevedo é pastor da Igreja Batista Itacuruçá, no bairro carioca da Tijuca, desde 1999 e Diretor da Editora Prazer da Palavra.
![](/image/atualiza_home/principal/ultimas/opiniao/2023/06%20jun/Capa402.jpg)
Ao todo, Jesus contou 38 parábolas. Mais de um terço delas trata de assuntos ligados a posses e riquezas. Há cerca de quinhentos versículos sobre oração na Bíblia. Sobre dinheiro e posses são mais de 2.300.
As Escrituras se ocupam desse assunto porque ele é crucial para a fé. Trata-se de onde colocamos nossos afetos e a quem seguimos. Jesus adverte: “Onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração” (Mt 6.21).
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