Por Escrito
- 29 de agosto de 2017
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Por que vivemos como se não fôssemos morrer?
Por Eleny Vassão
Temos que admitir: somos arrogantes e pretenciosos. Achamos que sempre haverá uma solução, um tratamento curativo. São os profissionais da saúde os mais propensos a este mal: vislumbram, em sua memória, os rostos dos pacientes que puderam ajudar a curar e correm o risco de se auto colocarem num pedestal, como “quase-deuses”. Mas a morte é comum, tanto ao rico como ao pobre, ao culto quanto ao simples, como diz o sábio Jó: “O homem é tão frágil! Sua vida é curta e cheia de angustia. Como uma flor que brota e logo murcha, tão passageira como a sombra de uma nuvem... A vida do homem é tão limitada! Tu já sabes, pois decidiste nosso tempo de vida, estabeleceste os limites, e ninguém pode ultrapassá-lo... Ele morre e não tem volta. Dá o seu último suspiro e tudo se acaba. Como a água do lago evapora e o leito do rio seca, assim o homem se deita e jamais se levantará...” (Jó 14:1-12).
Dr. R. também correu este risco. Mas sua intimidade com o Senhor fez com que ele enfrentasse o “Vale da sombra da morte” com coragem e segurança. Especializado em diversas áreas da medicina, dentre as quais Cuidados Paliativos, cuidava de pacientes em seus últimos meses de vida.
Ele compartilha: “Eu gostei muito da parte de medicina paliativa, de tentar entender o paciente: Está cansado? Não consegue comer? E não consegue mesmo, nem sentir o cheiro da comida, nem pegar o garfo... Hoje me acho na situação dos pacientes que eu tratava (...) No final do ano passado fui urinar, ardeu. Então, fui fazer exames... Na mesma hora a coisa mudou: de médico, passei a paciente. Fui para o urologista do Hospital... PSA de 250, Gleason 10. Eu vinha fazendo exames anualmente, sem que nada apontassem. Meu colega disse: “Tumor agressivo, tratamento agressivo... há grande chance de metástase óssea. Se for isso, o tratamento será paliativo. Vamos focar em cada metástase e fazer Radioterapia para controlar a dor ”.
Foi essa palavra “paliativo” que me chocou... A gente é médico, o pior paciente que existe. Somos programados a vida inteira para fazer prognóstico... Faz algumas contas pelo hemograma (...), para calcular o tempo. Eu tinha tudo isso na minha cabeça e já estava calculando... “Meu Deus, isso aí diz que eu terei um ano e meio de vida, e olhe lá!”
Cada um de nós cruzará a mesma ponte
O famoso evangelista Billy Graham, em seu livro “A Morte e a Vida Além”, comenta: “Mas o fato irreversível é que, não importa o que coma, ou o quanto se exercite, não importa quantas vitaminas ou alimentos naturais você use, não importa quão baixo seja o seu colesterol, você morrerá – algum dia, de alguma forma. Pode acrescentar um ano, ou mesmo alguns anos, a uma vida que talvez fosse mais curta se não cuidasse da saúde. Mas, no fim, a morte o vencerá da mesma forma que venceu a todas as pessoas que vieram a este mundo. Se você soubesse com antecedência o momento e a forma de sua morte, organizaria sua vida de maneira diferente? Se a resposta for sim, quando faria isso... agora mesmo, ou esperaria até a véspera? Então, o que faria para corrigir os erros que cometeu?”
Somente em Cristo encontramos esperança. Esperança para viver cada dia com o coração alegre e agradecido por nossa vida ter sentido, mas também para partir. A Sua força nos dá paz, consolados por saber que viveremos com Ele para sempre.
Esse será o assunto do “IIIº Congresso de Cuidados Paliativos – Buscando o Sentido da Vida - Espiritualidade como fator de promoção da Qualidade de Vida”. O evento é promovido pela Associação de Capelania Evangélica Hospitalar (ACEH), a Chancelaria e o CCCBS da Universidade Presbiteriana Mackenzie e acontece nos dias 4 a 6 de outubro de 2017 (Inscrições pelo site www.capelaniahospitalar.org.br). Na ocasião acontece o lançamento do livro de Eleny Vassão, com o título “Esperança para Viver e para Partir – Espiritualidade em Cuidados Paliativos”, da Editora Cultura Cristã, com a participação de: Bruno Oliveira, Cláudia Naylor, F. Lotufo Neto, João B. Garcia, Paulo Tsai, Priscila R. Dias Basques, Rosana C. Gentil, Rudy E. Uchôa de Azevedo (in memorian), Sara Krasilcic, Sergio Paulo Der Torossian.
Eleny Vassão é casada com o Pr. Gavin Levi Aitken, Capelã-missionária da IPB, escritora, Presidente da ACEH – A. de Capelania Evang. Hospitalar.
Leia mais
Quem tem medo da morte?
Por que um Deus que faz milagre permite o sofrimento?
Medicina e missão: os desafios teológicos e práticos nos cuidados de saúde
Perguntas de Quem Sofre (E-book gratuito)
Temos que admitir: somos arrogantes e pretenciosos. Achamos que sempre haverá uma solução, um tratamento curativo. São os profissionais da saúde os mais propensos a este mal: vislumbram, em sua memória, os rostos dos pacientes que puderam ajudar a curar e correm o risco de se auto colocarem num pedestal, como “quase-deuses”. Mas a morte é comum, tanto ao rico como ao pobre, ao culto quanto ao simples, como diz o sábio Jó: “O homem é tão frágil! Sua vida é curta e cheia de angustia. Como uma flor que brota e logo murcha, tão passageira como a sombra de uma nuvem... A vida do homem é tão limitada! Tu já sabes, pois decidiste nosso tempo de vida, estabeleceste os limites, e ninguém pode ultrapassá-lo... Ele morre e não tem volta. Dá o seu último suspiro e tudo se acaba. Como a água do lago evapora e o leito do rio seca, assim o homem se deita e jamais se levantará...” (Jó 14:1-12).
Dr. R. também correu este risco. Mas sua intimidade com o Senhor fez com que ele enfrentasse o “Vale da sombra da morte” com coragem e segurança. Especializado em diversas áreas da medicina, dentre as quais Cuidados Paliativos, cuidava de pacientes em seus últimos meses de vida.
Ele compartilha: “Eu gostei muito da parte de medicina paliativa, de tentar entender o paciente: Está cansado? Não consegue comer? E não consegue mesmo, nem sentir o cheiro da comida, nem pegar o garfo... Hoje me acho na situação dos pacientes que eu tratava (...) No final do ano passado fui urinar, ardeu. Então, fui fazer exames... Na mesma hora a coisa mudou: de médico, passei a paciente. Fui para o urologista do Hospital... PSA de 250, Gleason 10. Eu vinha fazendo exames anualmente, sem que nada apontassem. Meu colega disse: “Tumor agressivo, tratamento agressivo... há grande chance de metástase óssea. Se for isso, o tratamento será paliativo. Vamos focar em cada metástase e fazer Radioterapia para controlar a dor ”.
Foi essa palavra “paliativo” que me chocou... A gente é médico, o pior paciente que existe. Somos programados a vida inteira para fazer prognóstico... Faz algumas contas pelo hemograma (...), para calcular o tempo. Eu tinha tudo isso na minha cabeça e já estava calculando... “Meu Deus, isso aí diz que eu terei um ano e meio de vida, e olhe lá!”
Cada um de nós cruzará a mesma ponte
O famoso evangelista Billy Graham, em seu livro “A Morte e a Vida Além”, comenta: “Mas o fato irreversível é que, não importa o que coma, ou o quanto se exercite, não importa quantas vitaminas ou alimentos naturais você use, não importa quão baixo seja o seu colesterol, você morrerá – algum dia, de alguma forma. Pode acrescentar um ano, ou mesmo alguns anos, a uma vida que talvez fosse mais curta se não cuidasse da saúde. Mas, no fim, a morte o vencerá da mesma forma que venceu a todas as pessoas que vieram a este mundo. Se você soubesse com antecedência o momento e a forma de sua morte, organizaria sua vida de maneira diferente? Se a resposta for sim, quando faria isso... agora mesmo, ou esperaria até a véspera? Então, o que faria para corrigir os erros que cometeu?”
Somente em Cristo encontramos esperança. Esperança para viver cada dia com o coração alegre e agradecido por nossa vida ter sentido, mas também para partir. A Sua força nos dá paz, consolados por saber que viveremos com Ele para sempre.
Esse será o assunto do “IIIº Congresso de Cuidados Paliativos – Buscando o Sentido da Vida - Espiritualidade como fator de promoção da Qualidade de Vida”. O evento é promovido pela Associação de Capelania Evangélica Hospitalar (ACEH), a Chancelaria e o CCCBS da Universidade Presbiteriana Mackenzie e acontece nos dias 4 a 6 de outubro de 2017 (Inscrições pelo site www.capelaniahospitalar.org.br). Na ocasião acontece o lançamento do livro de Eleny Vassão, com o título “Esperança para Viver e para Partir – Espiritualidade em Cuidados Paliativos”, da Editora Cultura Cristã, com a participação de: Bruno Oliveira, Cláudia Naylor, F. Lotufo Neto, João B. Garcia, Paulo Tsai, Priscila R. Dias Basques, Rosana C. Gentil, Rudy E. Uchôa de Azevedo (in memorian), Sara Krasilcic, Sergio Paulo Der Torossian.
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