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Pesquisa indica que violência sexual é problema que mais afeta crianças e adolescentes no Brasil
Por Felipe David Pereira
A violência sexual é o principal problema entre crianças e adolescentes no Brasil, de acordo com levantamento feito pela ONG Visão Mundial. Essa informação faz parte da pesquisa “Análise do Sistema de Garantia de Direitos e da Rede de Proteção da Infância e Adolescência no Brasil”, divulgada em maio deste ano durante evento realizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, SP.
O estudo inédito apresenta um raio-X da infância e da juventude em regiões vulneráveis do país, com o objetivo de entender os principais desafios das crianças e dos adolescentes brasileiros e propor caminhos para aumentar a proteção desse grupo. “A pesquisa traz ferramentas que nos permitem ter um efetivo material para trazer a realidade das crianças e adolescentes para as pessoas que tomam decisões dentro da nossa nação”, afirmou o presidente do Conselho Diretor da Visão Mundial, Ismael Rocha.
O problema da violência sexual entre crianças e adolescentes pode ser atestado com os dados do Relatório do Disque Direitos Humanos, o Disque 100. De acordo com os números do serviço de denúncia, dentre as notificações de violações de direitos registradas em 2019, as crianças e adolescentes representam 55% do total, considerado, assim, o grupo mais afetado.
Apesar do número elevado, sabe-se que denúncias de abuso sexual são subnotificadas no Brasil. De acordo com uma cartilha sobre o tema publicada pelo governo federal, apenas 10% desse tipo de violação são notificados, pois os casos ocorrem majoritariamente dentro dos lares, sob a cultura e o pacto do silêncio, estabelecido pelo agressor com a vítima e estendido à família.
“A condição de pobreza alinhada à exclusão tem, em muitos casos, potencializado o envolvimento de crianças e adolescentes às vulnerabilidades sociais, dentre elas a violência sexual. Problemas como a exploração no trabalho infantil, exploração sexual, envolvimento com os delitos e o tráfico de drogas e, muitas vezes, sendo vítimas ou algozes da letalidade infanto-juvenil”, disse a assistente social especialista no Enfrentamento à Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes na ONG Visão Mundial, Márcia Monte.
Sobre a pesquisa
Ao todo, foram ouvidas 729 pessoas, por meio de grupos focais e questionários, com o objetivo de compreender a percepção delas sobre o que afeta a infância e a juventude em suas realidades.
Matrimônio infantil, gravidez na adolescência, educação interrompida, trabalho infantil, insegurança alimentar e letalidade infanto-juvenil são outras questões prioritárias apontadas pela pesquisa, realizada entre abril e setembro de 2021, com 222 crianças, 174 adolescentes, 244 adultos e 89 atores sociais.
Os municípios pesquisados foram Recife, PE; Fortaleza, CE; Governador Dix-Sept Rosado, RN; Inhapi, AL; Manaus, AM; Nova Iguaçu, RJ; Salvador, BA, e São Paulo, SP.
Soluções
Ao final do documento, Visão Mundial elencou 24 recomendações para governos, organizações da sociedade civil e comunidades fortalecerem o sistema formal e informal de proteção da infância e da adolescência no País.
Entre as propostas, está o desenvolvimento de estratégias que incidam sobre as causas estruturantes dos problemas que afetam crianças e adolescentes: desemprego, insegurança pública, conflitualidades e discriminação étnica e de classe. Investimentos para ampliação de equipamentos sociais e conselhos tutelares também é uma das proposições do estudo.
“Precisamos mudar nossa cultura adultocêntrica para uma pautada na proteção de crianças e adolescentes sujeitos de direitos. Para tanto, precisamos primeiramente aprender a ouvir este público. Em seguida, as leis precisam ser fortalecidas e implementadas. Importa compreender a realidade e promover articulação pública (com seus três poderes), privada (com sua função de monitoramento e/ou investimento) na garantia de um país melhor para nossas crianças”, defende Monte.
“Precisamos mudar nossa cultura adultocêntrica para uma pautada na proteção de crianças e adolescentes sujeitos de direitos. Para tanto, precisamos primeiramente aprender a ouvir este público. Em seguida, as leis precisam ser fortalecidas e implementadas. Importa compreender a realidade e promover articulação pública (com seus três poderes), privada (com sua função de monitoramento e/ou investimento) na garantia de um país melhor para nossas crianças”, defende Monte.
Saiba mais:
» O que será desta criança?, edição 392 da revista Ultimato
» Uma Criança os Guiará, e-book
Jornalista mineiro especialista em marketing digital e pós-graduando em cinema. Cristão e metodista apaixonado por música e se descobrindo na arte de contar boas histórias.
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