Opinião
- 15 de fevereiro de 2019
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Paixão por Jesus: o que isso significa na prática?
Por João Leonel
Romeu e Julieta, a peça de William Shakespeare, tem como protagonistas dois adolescentes. Há quem diga que ele tinha 17 anos e ela 13. Dois adolescentes apaixonados até a morte.
Como definir a paixão? O dicionário Aurélio tenta: “Sentimento ou emoção levados a um alto grau de intensidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão”. Pode ser. Apaixonados tendem a, tomados pela fixação no outro, colocarem a razão ou a lucidez de lado. E com isso, deixam pais e parentes preocupados, quando não desesperados.
Por outro lado, como é bom sentir-se apaixonado! Em qualquer idade. Adolescentes, jovens, pessoas maduras, Idosos. Sim, idosos sentem-se apaixonados. Paixão de décadas. Por que não?
Aquele sentimento que faz com que a imagem, o sorriso, um movimento, o corte de cabelo, o modo de falar, o perfume, qualquer coisa na pessoa amada nos lance a sensações de profunda intensidade que tornam impossível viver sem o outro.
O livro de Atos dos Apóstolos fala de gente apaixonada. Por Jesus.
Pessoas que, transformadas pelo amor que verte da cruz e emerge na ressurreição, sob a presença e poder do Espírito Santo, desejam viver ao lado do amado, sentem-se atraídas por ele, procuram agradá-lo em tudo. Submetem-se à morte por essa paixão avassaladora.
Não foram estratégias, não foram planos bem elaborados, não foram discursos bonitos e bem articulados que fizeram com que a Igreja Primitiva, conforme descrita em Atos, progredisse, crescesse e se tornasse bênção para o mundo. Não.
Foi a paixão por Jesus sentida por homens, mulheres, crianças, judeus, gentios, ricos, pobres, sábios e ignorantes. Pessoas transformadas que se apaixonaram cegamente por Jesus.
Somente assim se consegue entender que Estevão, o sábio e poderoso pregador helenista morresse apedrejado, clamando ao seu querido Senhor que não imputasse sua morte aos seus assassinos.
Somente assim se consegue compreender que Pedro, legalista, cegado pelas tradições judaicas e preconceituoso se tornasse aquele que iria à casa do gentio Cornélio para pregar o evangelho, abrindo, assim, as portas da Igreja aos não judeus.
Somente assim se consegue entender que um Saulo, perseguidor da Igreja, se tornasse o Paulo perseguido por compatriotas, desprezado por romanos, mas que percorreu o mundo conhecido de seu tempo pregando o Amado de sua alma.
Somente assim se pode compreender que homens, mulheres e crianças, famílias inteiras, mesmo sob tortura, mesmo morrendo sob o fio da espada romana, mesmo sendo devorados por animais ferozes em espetáculos públicos, ou até crucificados como o Senhor, em seus últimos suspiros continuassem declarando em alto e bom som seu amor, sua paixão pelo Salvador.
Não nos enganemos. O livro de Atos dos Apóstolos não é um manual para aprendermos sobre o crescimento da igreja. Não é um amontoado de regras que farão com que sejamos bem-sucedidos.
O livro de Atos é um livro de gente, como nós, com fraquezas como as nossas, com dilemas e dúvidas como os nossos. Mas gente tomada pela paixão, a maior das paixões, a paixão mais abençoadora e transformadora que pode existir. A paixão por Jesus.
Gente apaixonada faz coisas malucas!
• João Leonel é graduado em Teologia e Letras. Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Doutor em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Pós-doutor em História da Leitura pela Universidade Nova de Lisboa, Portugal. Professor no Seminário Presbiteriano do Sul, Campinas (SP), e na graduação e pós-graduação em Letras, Universidade Presbiteriana Mackenzie, SP. É autor dos e-books Perguntas de Quem Sofre: uma leitura do Livro de Jó, Apocalipse para Hoje: aplicação e atualidade da Revelação e, em parceria com Gladir Cabral, O Menino e o Reino: meditações diárias para o Natal, todos pela Editora Ultimato.
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