Opinião
- 28 de março de 2018
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Os cristãos leem mais do que a média?
Se você é cristão e gosta de livros, já deve ter ouvido falar da BOX95, um clube de assinatura com a proposta de enviar aos associados uma caixa cheia de conteúdo referente à teologia reformada. Olavo Bandeira e João Guilherme, criadores do projeto, visitaram Ultimato e conversaram sobre os desafios da BOX95, os hábitos de leitura dos cristãos, o impacto da teologia reformada e mais.
Segundo eles, quando se fala de teologia reformada muita gente já cria um estereótipo sobre o que seja. Mas ao focar nessa teologia reformada, “queremos ser bíblicos; vamos enviar livros centrados no evangelho, com teologia equilibrada, livros que vão edificar a pessoa”, esclarecem. Para eles, não é um estereótipo, e sim uma direção, a de enviar boa literatura.
O clube funciona a partir de uma assinatura mensal (hoje no valor de R$ 69,90), e a partir disso os associados recebem uma caixa com o livro do mês e vários conteúdos relacionados. Algumas pessoas comentam “ah, mas por esse preço eu vou à livraria e compro vários livros”. Mas para Olavo e João Guilherme, a assinatura não acarreta só a compra de um livro, mas a vivência de uma experiência, que envolve a expectativa e a surpresa do assinante, que não sabe qual livro vai chegar, e que, ao abrir a caixa, não encontra só o livro, mas um conjunto de conteúdos, com revista, um cartão postal desenhado, presentes, todos pensados em harmonia.
- O que vocês tinham em mente quando começaram a BOX95?
João Guilherme: A gente esperava vencer o estigma de que o brasileiro não lê, porque isso era um grande desafio no início. As pessoas falavam muito “ah, mas um clube de assinatura de livros no Brasil? O brasileiro não lê”. Nossa grande expectativa foi acreditar que os crentes leem, gostam de boa literatura e de uma teologia saudável. E confirmamos essa aposta.
Olavo: Por outro lado, tem muita gente que não lia mesmo, mas que através da BOX95 decidiu criar uma rotina de leitura. Além da expectativa de quebrar o estigma de que brasileiro não lê, tínhamos essa de gerar novos leitores.
João Guilherme: Já tivemos esse retorno, de gente falando assim “agora que eu assino a BOX95, passei a ler mais”. Isso é muito legal.
Olavo: “Agora sou obrigado a ler também, porque sei que mês que vem vai chegar outro livro, então tenho que acabar o de agora”.
- Os cristãos necessariamente têm que ter contato com literatura, com a Bíblia. Se a média de leitura do brasileiro é baixa, no meio cristão isso deveria ser diferente. Como vocês veem a prática de leitura no meio cristão?
João Guilherme: Nós percebemos que os cristãos leem mais do que a média, isso é uma realidade. E o meio reformado, que é com o qual temos mais contato hoje, é um meio no qual as pessoas leem bem. Não temos como dar uma média, porque não fizemos uma pesquisa, mas definitivamente temos percebido que os cristãos leem mais que o usual. Se o brasileiro tem uma média anual de leitura que vai de 3 a 5 livros, eu apostaria que entre os evangélicos é pelo menos o dobro.
Existem pessoas que realmente se dedicam a ler a Bíblia com regularidade, e isso é um desafio que precisa sempre ser estimulado. A gente não quer nunca que os livros que enviamos substituam a leitura bíblica. É claro que amamos os livros, mas a Bíblia sempre vai ser mais importante, tudo vai girar em torno dela. Não queremos nunca que o associado da BOX95 deixe de ler a Bíblia pra ler outros livros. O ideal é que a pessoa leia bons livros e mantenha sua leitura bíblica.
- Deve ser uma responsabilidade grande decidir o que entra na caixa a cada mês, quais conteúdos enviar. Como vocês fazem essa escolha?
João Guilherme: É um desafio, porque são muitos critérios. Precisam ser livros que as pessoas vão gostar. Não adianta ser um livro que só nós gostamos, porque queremos que as pessoas assinem. Não podem ser livros muito grandes, que desestimulem a leitura, e não podem ser tão pequenos que não justifique o valor da assinatura. Não podem ter um conteúdo destinado a um público muito específico, porque temos um universo de assinantes heterogêneo, de 16 até 80 anos, homens, mulheres, pastores, seminaristas, membros, novos convertidos; não dá para ser algo voltado só para pastores, por exemplo. E também não dá para ser algo de uma linha muito acadêmica, o que não significa que tenha que ser superficial; tem que ser um livro profundo, mas de leitura agradável.
Olavo: Quando se fala de teologia reformada, muita gente costuma a achar que vai ser algo denso, que não vai ser muito bem entendido. Na verdade nossa proposta é o contrário, é temos provado isso, enviando livros bons e profundos, que as pessoas conseguem ler tranquilamente.
- Com a proposta de ser um clube de leitura reformado, vocês surgiram em 2017, mesmo ano da comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante. Como os ideais da Reforma influenciam o trabalho diário na BOX95?
João Guilherme: Talvez eu responda de uma forma mais pessoal. Nas nossas vidas, acredito que a Reforma tem uma importância muito grande, de nos instrumentalizar para sermos cidadãos, pessoas que vão influenciar a sociedade, influenciar o Brasil. Acredito fielmente que a solução para o Brasil está na evangelização, na pregação fiel das escrituras. Os ideais da Reforma estão presentes na nossa atitude de difundir boa literatura e contribuir com a formação de cristãos maduros para que esses cristãos amadurecidos sejam cristãos atuantes na sociedade. Para que, a partir do que está lendo, a pessoa mude suas atitudes no trabalho, no dia a dia, com a família, e isso faça com que os outros vejam o poder de Jesus transformando sua vida, e isso interfira desde no microambiente dele quanto no país. O que o Brasil precisa é da Palavra sendo pregada, anunciada e lida, e queremos contribuir com isso.
- Recentemente vocês completaram um ano de atividade. Quais foram os maiores desafios nesse tempo?
Olavo: Logística é um desafio constante, é o maior deles. Principalmente no envio das caixas aos assinantes, ficamos presos a uma empresa só. Conseguimos fazer todos os outros processos dentro do nosso tempo, mas a empresa não consegue prever com exatidão o dia da entrega, por exemplo. Tentar melhorar a logística é uma luta diária, mas não vamos parar não.
João Guilherme: E um desafio entre nós é o da inovação, não queremos nunca perder esse senso de que precisamos inovar. É como o Olavo diz, precisamos inovar todos os meses, nos reinventar sempre. Não queremos nunca que caia na mesmice, na rotina. E as duas coisas caminham juntas: queremos estar cada vez mais apegados à tradição, centrados na Bíblia, mas cada vez mais olhando para o que há de novo, que não confronta a tradição. E isso exige profundamente de nós, reflexão, esforço, dedicação, criatividade. Porque fazer o rotineiro é simples, cai no automático. Mas não queremos deixar que isso aconteça.
- Em 2017, dois livros de Ultimato foram enviados aos associados da BOX95. Como foi o retorno sobre eles?
João Guilherme: Foi sensacional, as pessoas gostaram muito. O do C.S. Lewis, Até que Tenhamos Rostos, foi o único de literatura ficcional que enviamos, e ficamos até apreensivos sobre como seria recebido, mas a reação a ele foi ótima. Também ficamos apreensivos com o do John Stott, Cristianismo Equilibrado, por ser um livro pequeno, precisávamos ponderar sobre o valor e o conteúdo do livro, e investimos no conteúdo, já que é um livro muito bom. Até hoje temos pedidos desses livros, o retorno foi bastante positivo.
- O que vocês esperam para o projeto daqui pra frente?
Olavo: A gente espera continuar crescendo, com engajamento e permanência dos associados, já que isso é um sinal de que a pessoa está aprofundando a leitura e acompanhando, porque a nossa ideia não é só a de que a pessoa crie uma biblioteca, mas de que ela adquira e consuma essa literatura. Até porque uma biblioteca de livros não lidos é inútil, e não é esse o propósito da BOX95. Continuar crescendo, continuar enviando bons livros e bom conteúdo na caixa como um todo, são alguns desafios.
Enviar para o exterior é um grande desafio também. Hoje temos pessoas interessadas em receber as caixas em mais de 15 países, e queremos conseguir ajudar a propagar o evangelho por lá também, através da BOX95. E queremos continuar criando projetos agregados. No segundo semestre vamos abrir uma missão, trabalhando mais especificamente no Nordeste, isso porque os associados investem diretamente em missões com a BOX95.
Segundo eles, quando se fala de teologia reformada muita gente já cria um estereótipo sobre o que seja. Mas ao focar nessa teologia reformada, “queremos ser bíblicos; vamos enviar livros centrados no evangelho, com teologia equilibrada, livros que vão edificar a pessoa”, esclarecem. Para eles, não é um estereótipo, e sim uma direção, a de enviar boa literatura.
O clube funciona a partir de uma assinatura mensal (hoje no valor de R$ 69,90), e a partir disso os associados recebem uma caixa com o livro do mês e vários conteúdos relacionados. Algumas pessoas comentam “ah, mas por esse preço eu vou à livraria e compro vários livros”. Mas para Olavo e João Guilherme, a assinatura não acarreta só a compra de um livro, mas a vivência de uma experiência, que envolve a expectativa e a surpresa do assinante, que não sabe qual livro vai chegar, e que, ao abrir a caixa, não encontra só o livro, mas um conjunto de conteúdos, com revista, um cartão postal desenhado, presentes, todos pensados em harmonia.
- O que vocês tinham em mente quando começaram a BOX95?
João Guilherme: A gente esperava vencer o estigma de que o brasileiro não lê, porque isso era um grande desafio no início. As pessoas falavam muito “ah, mas um clube de assinatura de livros no Brasil? O brasileiro não lê”. Nossa grande expectativa foi acreditar que os crentes leem, gostam de boa literatura e de uma teologia saudável. E confirmamos essa aposta.
Olavo: Por outro lado, tem muita gente que não lia mesmo, mas que através da BOX95 decidiu criar uma rotina de leitura. Além da expectativa de quebrar o estigma de que brasileiro não lê, tínhamos essa de gerar novos leitores.
João Guilherme: Já tivemos esse retorno, de gente falando assim “agora que eu assino a BOX95, passei a ler mais”. Isso é muito legal.
Olavo: “Agora sou obrigado a ler também, porque sei que mês que vem vai chegar outro livro, então tenho que acabar o de agora”.
- Os cristãos necessariamente têm que ter contato com literatura, com a Bíblia. Se a média de leitura do brasileiro é baixa, no meio cristão isso deveria ser diferente. Como vocês veem a prática de leitura no meio cristão?
João Guilherme: Nós percebemos que os cristãos leem mais do que a média, isso é uma realidade. E o meio reformado, que é com o qual temos mais contato hoje, é um meio no qual as pessoas leem bem. Não temos como dar uma média, porque não fizemos uma pesquisa, mas definitivamente temos percebido que os cristãos leem mais que o usual. Se o brasileiro tem uma média anual de leitura que vai de 3 a 5 livros, eu apostaria que entre os evangélicos é pelo menos o dobro.
Existem pessoas que realmente se dedicam a ler a Bíblia com regularidade, e isso é um desafio que precisa sempre ser estimulado. A gente não quer nunca que os livros que enviamos substituam a leitura bíblica. É claro que amamos os livros, mas a Bíblia sempre vai ser mais importante, tudo vai girar em torno dela. Não queremos nunca que o associado da BOX95 deixe de ler a Bíblia pra ler outros livros. O ideal é que a pessoa leia bons livros e mantenha sua leitura bíblica.
- Deve ser uma responsabilidade grande decidir o que entra na caixa a cada mês, quais conteúdos enviar. Como vocês fazem essa escolha?
João Guilherme: É um desafio, porque são muitos critérios. Precisam ser livros que as pessoas vão gostar. Não adianta ser um livro que só nós gostamos, porque queremos que as pessoas assinem. Não podem ser livros muito grandes, que desestimulem a leitura, e não podem ser tão pequenos que não justifique o valor da assinatura. Não podem ter um conteúdo destinado a um público muito específico, porque temos um universo de assinantes heterogêneo, de 16 até 80 anos, homens, mulheres, pastores, seminaristas, membros, novos convertidos; não dá para ser algo voltado só para pastores, por exemplo. E também não dá para ser algo de uma linha muito acadêmica, o que não significa que tenha que ser superficial; tem que ser um livro profundo, mas de leitura agradável.
Olavo: Quando se fala de teologia reformada, muita gente costuma a achar que vai ser algo denso, que não vai ser muito bem entendido. Na verdade nossa proposta é o contrário, é temos provado isso, enviando livros bons e profundos, que as pessoas conseguem ler tranquilamente.
- Com a proposta de ser um clube de leitura reformado, vocês surgiram em 2017, mesmo ano da comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante. Como os ideais da Reforma influenciam o trabalho diário na BOX95?
João Guilherme: Talvez eu responda de uma forma mais pessoal. Nas nossas vidas, acredito que a Reforma tem uma importância muito grande, de nos instrumentalizar para sermos cidadãos, pessoas que vão influenciar a sociedade, influenciar o Brasil. Acredito fielmente que a solução para o Brasil está na evangelização, na pregação fiel das escrituras. Os ideais da Reforma estão presentes na nossa atitude de difundir boa literatura e contribuir com a formação de cristãos maduros para que esses cristãos amadurecidos sejam cristãos atuantes na sociedade. Para que, a partir do que está lendo, a pessoa mude suas atitudes no trabalho, no dia a dia, com a família, e isso faça com que os outros vejam o poder de Jesus transformando sua vida, e isso interfira desde no microambiente dele quanto no país. O que o Brasil precisa é da Palavra sendo pregada, anunciada e lida, e queremos contribuir com isso.
- Recentemente vocês completaram um ano de atividade. Quais foram os maiores desafios nesse tempo?
Olavo: Logística é um desafio constante, é o maior deles. Principalmente no envio das caixas aos assinantes, ficamos presos a uma empresa só. Conseguimos fazer todos os outros processos dentro do nosso tempo, mas a empresa não consegue prever com exatidão o dia da entrega, por exemplo. Tentar melhorar a logística é uma luta diária, mas não vamos parar não.
João Guilherme: E um desafio entre nós é o da inovação, não queremos nunca perder esse senso de que precisamos inovar. É como o Olavo diz, precisamos inovar todos os meses, nos reinventar sempre. Não queremos nunca que caia na mesmice, na rotina. E as duas coisas caminham juntas: queremos estar cada vez mais apegados à tradição, centrados na Bíblia, mas cada vez mais olhando para o que há de novo, que não confronta a tradição. E isso exige profundamente de nós, reflexão, esforço, dedicação, criatividade. Porque fazer o rotineiro é simples, cai no automático. Mas não queremos deixar que isso aconteça.
- Em 2017, dois livros de Ultimato foram enviados aos associados da BOX95. Como foi o retorno sobre eles?
João Guilherme: Foi sensacional, as pessoas gostaram muito. O do C.S. Lewis, Até que Tenhamos Rostos, foi o único de literatura ficcional que enviamos, e ficamos até apreensivos sobre como seria recebido, mas a reação a ele foi ótima. Também ficamos apreensivos com o do John Stott, Cristianismo Equilibrado, por ser um livro pequeno, precisávamos ponderar sobre o valor e o conteúdo do livro, e investimos no conteúdo, já que é um livro muito bom. Até hoje temos pedidos desses livros, o retorno foi bastante positivo.
- O que vocês esperam para o projeto daqui pra frente?
Olavo: A gente espera continuar crescendo, com engajamento e permanência dos associados, já que isso é um sinal de que a pessoa está aprofundando a leitura e acompanhando, porque a nossa ideia não é só a de que a pessoa crie uma biblioteca, mas de que ela adquira e consuma essa literatura. Até porque uma biblioteca de livros não lidos é inútil, e não é esse o propósito da BOX95. Continuar crescendo, continuar enviando bons livros e bom conteúdo na caixa como um todo, são alguns desafios.
Enviar para o exterior é um grande desafio também. Hoje temos pessoas interessadas em receber as caixas em mais de 15 países, e queremos conseguir ajudar a propagar o evangelho por lá também, através da BOX95. E queremos continuar criando projetos agregados. No segundo semestre vamos abrir uma missão, trabalhando mais especificamente no Nordeste, isso porque os associados investem diretamente em missões com a BOX95.
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