Opinião
- 23 de março de 2018
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O rei e o jumentinho
Por Luiz Fernando dos Santos
“O Senhor reina! Vestiu-se de majestade; de majestade vestiu-se o Senhor e armou-se de poder! O mundo está firme e não se abalará” (Salmo 93.1).
A celebração de Ramos inaugura na liturgia cristã a semana da paixão de Jesus Cristo que culminará em sua morte da Cruz. Claro, que a sexta-feira da crucifixão não põe fim ao drama, celebraremos ainda a ressurreição gloriosa de Jesus, sua ascensão aos Céus, a vinda do Espírito por ele prometido em Pentecostes e até que os dias possam ser contados, aguardaremos o seu retorno glorioso, e aí sim, essa história chegará ao fim.
Enquanto isso, como igreja, a cada ano, recordamos esses episódios salvíficos da história sagrada e procuramos penetrar no drama bíblico da redenção para alimentar a nossa fé, enternecer o nosso coração e encorajar-nos ao testemunho e à missão.
Jesus em sua entrada triunfal em Jerusalém interpreta um papel conhecido, mas nunca antes encenado, à vista dos judeus. A passagem do profeta Zacarias 9.9 “Alegre-se muito, cidade de Sião! Exulte, Jerusalém! Eis que o seu rei vem a você, justo e vitorioso, humilde e montado num jumento, um jumentinho, cria de jumenta”, era por muitos acalentada no coração. De tal maneira compreenderam o que se passava ante os seus olhos que à luz do drama encenado por Jesus o povo logo quis participar daquele momento cortando ramos e folhagens para ornamentar e enriquecer a apresentação. A memória religiosa coletiva do povo os levou a reproduzir a liturgia da entrada do Rei no santuário como descrita no Salmo 118 26,27: “Bendito é o que vem em nome do Senhor. Da casa do Senhor nós os abençoamos. O Senhor é Deus, fez resplandecer sobre nós a sua luz. Juntem-se ao cortejo festivo, levando ramos até as pontas do altar”. Nós também, passados quase dois milênios daquele domingo, por volta do ano 30, precisamos compreender melhor essa passagem bíblica rica de significados.
Jesus Cristo reivindica o seu trono sobre tudo e sobre todos. O seu gesto foi mais que uma provocação, foi um ataque letal contra toda presunção idólatra que reivindique o controle absoluto do coração humano. Entrando aclamado Rei em Jerusalém, não só César foi destronado, mas tudo o que ele representa. A idolatria do poder e da riqueza, a idolatria do prazer, a idolatria da religião de satisfação, antropocentrada, narcisista e alienante.
Ao ser aclamado como o Bendito o que vem em nome do Senhor, Jesus é reconhecido publicamente como aquele que salva dos poderes das trevas e que destrói os planos de Satanás de enganar e oprimir as nações e os homens afastando-os de amor perdoador de Deus. A festa de Ramos é uma ocasião propícia para que cada cristão e pelo convite do Evangelho traga a totalidade da sua vida para o senhorio de Jesus. É um convite para cada homem e mulher, iluminados pela graça, destronar do coração os muitos reis usurpadores, os muitos ídolos a quem nos apegamos ao longo da vida.
>>> Como preparar um calendário de Páscoa para crianças <<<
Não há neutralidade, se Jesus não reinar soberano sobre as nossas vidas e se ele não estender o seu governo santo, sábio, amoroso e providente sobre a nossa realidade, muitos outros reclamarão esse direito e nosso coração depravado não oferecerá resistências. Antes pelo contrário, seremos súditos da primeira oferta de felicidade que satisfaça à nossa cobiça e nos renderemos sem luta alguma.
Confessar o Reinado de Jesus não se resume apenas em nossa relação pessoal com ele em forma de gratidão, amor, adoração e obediência num viver ético. Mas, justamente por causa dessa relação abençoada é que ao nos submeter ao seu reinado, nos comprometemos também com o seu programa de governo para a criação.
Tendo-o por rei, os valores do seu Reino e suas plataformas são agora parte integrante do nosso viver. E como Cristo veio para reconciliar o mundo com o seu Pai, agora, como embaixadores desse Reino, cumpre-nos participar efetivamente da sua missão. A criação deve ser recuperada em seu propósito e em sua utilidade. As questões ambientais e ecológicas dizem respeito às preocupações do Evangelho. Os cristãos devem se organizar, engajar e mobilizar para as grandes e dramáticas questões que degradam a criação, como a poluição das águas, o descarte incorreto do lixo, o extrativismo selvagem e ganancioso e etc. Também a cultura precisa ser redimida, expressar a beleza, a verdade e a bondade. A exaltação do feio, da violência, da cultura de morte são formas sutis da manifestação dos efeitos da queda e suas corrupções. Enfim, a redenção da humanidade pelo anúncio e testemunho do Evangelho que deve ser proclamado em forma de Boas Notícias e encarnado em forma de justiça e misericórdia. Celebremos a realeza de Jesus comprometidos com o seu Reino e a transformação deste mundo para o louvor de sua glória.
“O Senhor reina! Vestiu-se de majestade; de majestade vestiu-se o Senhor e armou-se de poder! O mundo está firme e não se abalará” (Salmo 93.1).
A celebração de Ramos inaugura na liturgia cristã a semana da paixão de Jesus Cristo que culminará em sua morte da Cruz. Claro, que a sexta-feira da crucifixão não põe fim ao drama, celebraremos ainda a ressurreição gloriosa de Jesus, sua ascensão aos Céus, a vinda do Espírito por ele prometido em Pentecostes e até que os dias possam ser contados, aguardaremos o seu retorno glorioso, e aí sim, essa história chegará ao fim.
Enquanto isso, como igreja, a cada ano, recordamos esses episódios salvíficos da história sagrada e procuramos penetrar no drama bíblico da redenção para alimentar a nossa fé, enternecer o nosso coração e encorajar-nos ao testemunho e à missão.
Jesus em sua entrada triunfal em Jerusalém interpreta um papel conhecido, mas nunca antes encenado, à vista dos judeus. A passagem do profeta Zacarias 9.9 “Alegre-se muito, cidade de Sião! Exulte, Jerusalém! Eis que o seu rei vem a você, justo e vitorioso, humilde e montado num jumento, um jumentinho, cria de jumenta”, era por muitos acalentada no coração. De tal maneira compreenderam o que se passava ante os seus olhos que à luz do drama encenado por Jesus o povo logo quis participar daquele momento cortando ramos e folhagens para ornamentar e enriquecer a apresentação. A memória religiosa coletiva do povo os levou a reproduzir a liturgia da entrada do Rei no santuário como descrita no Salmo 118 26,27: “Bendito é o que vem em nome do Senhor. Da casa do Senhor nós os abençoamos. O Senhor é Deus, fez resplandecer sobre nós a sua luz. Juntem-se ao cortejo festivo, levando ramos até as pontas do altar”. Nós também, passados quase dois milênios daquele domingo, por volta do ano 30, precisamos compreender melhor essa passagem bíblica rica de significados.
Jesus Cristo reivindica o seu trono sobre tudo e sobre todos. O seu gesto foi mais que uma provocação, foi um ataque letal contra toda presunção idólatra que reivindique o controle absoluto do coração humano. Entrando aclamado Rei em Jerusalém, não só César foi destronado, mas tudo o que ele representa. A idolatria do poder e da riqueza, a idolatria do prazer, a idolatria da religião de satisfação, antropocentrada, narcisista e alienante.
Ao ser aclamado como o Bendito o que vem em nome do Senhor, Jesus é reconhecido publicamente como aquele que salva dos poderes das trevas e que destrói os planos de Satanás de enganar e oprimir as nações e os homens afastando-os de amor perdoador de Deus. A festa de Ramos é uma ocasião propícia para que cada cristão e pelo convite do Evangelho traga a totalidade da sua vida para o senhorio de Jesus. É um convite para cada homem e mulher, iluminados pela graça, destronar do coração os muitos reis usurpadores, os muitos ídolos a quem nos apegamos ao longo da vida.
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Não há neutralidade, se Jesus não reinar soberano sobre as nossas vidas e se ele não estender o seu governo santo, sábio, amoroso e providente sobre a nossa realidade, muitos outros reclamarão esse direito e nosso coração depravado não oferecerá resistências. Antes pelo contrário, seremos súditos da primeira oferta de felicidade que satisfaça à nossa cobiça e nos renderemos sem luta alguma.
Confessar o Reinado de Jesus não se resume apenas em nossa relação pessoal com ele em forma de gratidão, amor, adoração e obediência num viver ético. Mas, justamente por causa dessa relação abençoada é que ao nos submeter ao seu reinado, nos comprometemos também com o seu programa de governo para a criação.
Tendo-o por rei, os valores do seu Reino e suas plataformas são agora parte integrante do nosso viver. E como Cristo veio para reconciliar o mundo com o seu Pai, agora, como embaixadores desse Reino, cumpre-nos participar efetivamente da sua missão. A criação deve ser recuperada em seu propósito e em sua utilidade. As questões ambientais e ecológicas dizem respeito às preocupações do Evangelho. Os cristãos devem se organizar, engajar e mobilizar para as grandes e dramáticas questões que degradam a criação, como a poluição das águas, o descarte incorreto do lixo, o extrativismo selvagem e ganancioso e etc. Também a cultura precisa ser redimida, expressar a beleza, a verdade e a bondade. A exaltação do feio, da violência, da cultura de morte são formas sutis da manifestação dos efeitos da queda e suas corrupções. Enfim, a redenção da humanidade pelo anúncio e testemunho do Evangelho que deve ser proclamado em forma de Boas Notícias e encarnado em forma de justiça e misericórdia. Celebremos a realeza de Jesus comprometidos com o seu Reino e a transformação deste mundo para o louvor de sua glória.
Luiz Fernando dos Santos (1970-2022), foi ministro presbiteriano e era casado com Regina, pai da Talita e professor de teologia no Seminário Presbiteriano do Sul e no Seminário Teológico Servo de Cristo.
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