Opinião
- 27 de março de 2024
- Visualizações: 1882
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
O que é discriminação algorítmica?
Não basta entregar gigantescas bases de dados para serem manipuladas pela Inteligência Artificial. É preciso permanecer alertas e críticos
Por Godo R. Goemann Jr.
Google, Microsoft, Amazon, Meta (Facebook, Whats e outros) e agora a OpenAI (ChatGTP e Sora), além de milhares de startups no mundo inteiro, produzem notáveis aplicações de Inteligência Artificial (IA). Saúde, educação, comércio, logística, engenharias, agricultura, artes, comunicação, segurança policial e cibernética, proteção ao meio ambiente, pesquisas, e muitos outros campos são contemplados com IA. Além disso ela realiza descobertas científicas que os seres humanos não haviam imaginado, analisando milhões de documentos em campos como a física e a química. Com base neles, por meio de algoritmos e predições de natureza matemática e estatística, a IA faz descobertas que os olhos humanos não haviam “enxergado”.
Contudo, a IA está em sua pré-infância e, por isso, é chamada de Narrow AI, “IA estreita”, ou “IA burra”. A Dra. Kate Crawford lembra que ela também não é artificial – a IA depende de seres humanos para “catalogar” os dados extraídos da internet e outras bases.
Nesse contexto, a expressão “discriminação algorítmica” ganhou visibilidade. Muitos sistemas de IA têm apresentado resultados que demonstram preconceitos e vieses na análise dos dados. Alguns exemplos dentre milhares que tem ocorrido nos últimos 10 anos nos EUA e Europa:
• Sistemas de Recursos Humanos utilizando IA não selecionaram mulheres porque perceberam em bases de dados que elas recebiam salários menores que os dos homens, exercendo as mesmas funções. Por isso concluíram que as mulheres são menos competentes que os homens, e não deveriam ser contratadas.
• Sistemas policiais utilizando IA nos EUA tenderam a suspeitar mais de negros do que de brancos, porque as bases de dados indicavam mais negros do que brancos em presídios.
• Sistemas bancários de concessão de crédito negavam financiamentos a certas pessoas. Descobriu-se que, entre outros motivos, elas residiam em bairros “populares”.
• Nos EUA, um Programa de gerenciamento de cuidados de enfermagem para pacientes de alto risco recomendou mais pacientes brancos do que negros. A causa foi que, em alguns casos, negros tinham rendimentos menores para pagar seguros de saúde.
• Em 2021, na Holanda, o governo renunciou após um sistema de IA acusar injustamente milhares de famílias de fraude em suas declarações sociais.
• A IA influencia negativamente as Redes Sociais, na medida em que reforça as escolhas das pessoas, trazendo sempre mais do mesmo, obstruindo a variabilidade.
Esses são apenas alguns exemplos. Muitas vezes as causas dos problemas são bases de dados “naturalmente sujas”, contendo vieses em sua origem, e reproduzindo realidades sociais injustas do mundo real. Assim, sabe-se que não basta entregar gigantescas bases de dados para serem manipuladas pela IA. Elas carregam preconceitos embutidos desde sua formação, e também erros técnicos no desenvolvimento da codificação dos aplicativos de IA. Por fim, não há espaço aqui para contemplar aplicações de IA em guerras, robôs autônomos, terrorismo, e uso por hackers.
Nosso papel como cristãos consiste em permanecer alertas e críticos na avaliação destas nuances.
REVISTA ULTIMATO | GRATIDÃO – O QUE VOCÊ TEM QUE NÃ OTENHA RECEBIDO?
Reconhecer que é necessário dar graças pela igreja – a que é e a que será (“igreja triunfante”) – pode ser uma chave para nos aproximar da comunidade dos fiéis, nestes dias em que a confiança nas igrejas e a frequência nelas estão em baixa. Ter feito as pazes com Deus por meio de Jesus Cristo, ter a sua presença próxima, experimentar isso – este é o maior motivo de gratidão.
É disso que se trata a edição 406 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Filosofia da Tecnologia, Verkerk, Van Der Stoep. Hoogland, De Vries
» Fé, Esperança e Tecnologia - Ciência e fé cristã em uma cultura tecnológica, Egbert Schuurmann
Por Godo R. Goemann Jr.
Google, Microsoft, Amazon, Meta (Facebook, Whats e outros) e agora a OpenAI (ChatGTP e Sora), além de milhares de startups no mundo inteiro, produzem notáveis aplicações de Inteligência Artificial (IA). Saúde, educação, comércio, logística, engenharias, agricultura, artes, comunicação, segurança policial e cibernética, proteção ao meio ambiente, pesquisas, e muitos outros campos são contemplados com IA. Além disso ela realiza descobertas científicas que os seres humanos não haviam imaginado, analisando milhões de documentos em campos como a física e a química. Com base neles, por meio de algoritmos e predições de natureza matemática e estatística, a IA faz descobertas que os olhos humanos não haviam “enxergado”.
Contudo, a IA está em sua pré-infância e, por isso, é chamada de Narrow AI, “IA estreita”, ou “IA burra”. A Dra. Kate Crawford lembra que ela também não é artificial – a IA depende de seres humanos para “catalogar” os dados extraídos da internet e outras bases.
Nesse contexto, a expressão “discriminação algorítmica” ganhou visibilidade. Muitos sistemas de IA têm apresentado resultados que demonstram preconceitos e vieses na análise dos dados. Alguns exemplos dentre milhares que tem ocorrido nos últimos 10 anos nos EUA e Europa:
• Sistemas de Recursos Humanos utilizando IA não selecionaram mulheres porque perceberam em bases de dados que elas recebiam salários menores que os dos homens, exercendo as mesmas funções. Por isso concluíram que as mulheres são menos competentes que os homens, e não deveriam ser contratadas.
• Sistemas policiais utilizando IA nos EUA tenderam a suspeitar mais de negros do que de brancos, porque as bases de dados indicavam mais negros do que brancos em presídios.
• Sistemas bancários de concessão de crédito negavam financiamentos a certas pessoas. Descobriu-se que, entre outros motivos, elas residiam em bairros “populares”.
• Nos EUA, um Programa de gerenciamento de cuidados de enfermagem para pacientes de alto risco recomendou mais pacientes brancos do que negros. A causa foi que, em alguns casos, negros tinham rendimentos menores para pagar seguros de saúde.
• Em 2021, na Holanda, o governo renunciou após um sistema de IA acusar injustamente milhares de famílias de fraude em suas declarações sociais.
• A IA influencia negativamente as Redes Sociais, na medida em que reforça as escolhas das pessoas, trazendo sempre mais do mesmo, obstruindo a variabilidade.
Esses são apenas alguns exemplos. Muitas vezes as causas dos problemas são bases de dados “naturalmente sujas”, contendo vieses em sua origem, e reproduzindo realidades sociais injustas do mundo real. Assim, sabe-se que não basta entregar gigantescas bases de dados para serem manipuladas pela IA. Elas carregam preconceitos embutidos desde sua formação, e também erros técnicos no desenvolvimento da codificação dos aplicativos de IA. Por fim, não há espaço aqui para contemplar aplicações de IA em guerras, robôs autônomos, terrorismo, e uso por hackers.
Nosso papel como cristãos consiste em permanecer alertas e críticos na avaliação destas nuances.
- Godo R. Goemann Jr., sociólogo e profissional de TI, autor do livro “Inteligência Artificial e suas ambivalências” (Amazon, Ed. Alta Books). Do mesmo autor consulte o artigo O anti-iluminismo da Inteligência Artificial.
REVISTA ULTIMATO | GRATIDÃO – O QUE VOCÊ TEM QUE NÃ OTENHA RECEBIDO?
Reconhecer que é necessário dar graças pela igreja – a que é e a que será (“igreja triunfante”) – pode ser uma chave para nos aproximar da comunidade dos fiéis, nestes dias em que a confiança nas igrejas e a frequência nelas estão em baixa. Ter feito as pazes com Deus por meio de Jesus Cristo, ter a sua presença próxima, experimentar isso – este é o maior motivo de gratidão.
É disso que se trata a edição 406 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Filosofia da Tecnologia, Verkerk, Van Der Stoep. Hoogland, De Vries
» Fé, Esperança e Tecnologia - Ciência e fé cristã em uma cultura tecnológica, Egbert Schuurmann
- 27 de março de 2024
- Visualizações: 1882
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Em janeiro: CIMA 2025 - Cumpra seu destino
- Corpos doentes [fracos, limitados, mutilados] também adoram
- Cheiro de graça no ar
- Vem aí o Congresso ALEF 2024 – “Além dos muros – Quando a igreja abraça a cidade”
- Todos querem Ser milionários
- A visão bíblica sobre a velhice
- Vem aí o Congresso AME: Celebremos e avancemos no Círculo Asiático
- A colheita da fé – A semente caiu em boa terra, e deu fruto
- A era inconclusa
- IV Encontro do MC 60+ reúne idosos de todo o país – Um espaço preferencial