Opinião
- 21 de janeiro de 2021
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O paladino da misericórdia: um modelo para 2021 – O sucessor que John Wesley queria e a quem Voltaire comparou com Cristo
Por Rute Salviano Almeida
Entre as vozes destacadas no livro Vozes Femininas nos Avivamentos, encontram-se as dos avivalistas: grandes homens de Deus. No livro são apresentados: os irmãos Wesley, George Whitefield, Dwight Moody e outros.
Mas, um em especial eu não conhecia e fiquei muito feliz de saber sua história e me inspirar muito com ela. Ele foi chamado de “um anjo em corpo humano”, “o paladino da divina misericórdia”; “o homem santo do metodismo”. Ele foi John Fletcher, o primeiro teólogo do metodismo e aquele a quem John Wesley desejava como seu sucessor.
John nasceu em Nyon, na França, e estudou na Universidade de Genebra. Tornou-se militar e emigrou para a Inglaterra para trabalhar como preceptor. Porém, sua constante inquietação espiritual o fez desejar conhecer mais intimamente as coisas de Deus.
Ele ouvira falar dos metodistas como o povo que orava dia e noite e resolveu encontrá-los. A comunhão com eles foi plena e fez crescer seu desejo de servir a Deus como anelara desde sua juventude. Foi, então, ordenado ministro da Igreja Anglicana e escolheu Madeley como paróquia, onde havia muita miséria e perdição.
Lá abundava o comércio de bebidas, o povo se levantava tarde aos domingos, e ele começou a ir cedo pelas ruas tocando campainhas e convidando os moradores para os cultos. Além disso, visitava assiduamente todas as pessoas.
John não tinha boa saúde, ele sofria de tuberculose, mas ministrava com dedicação e carinho e sua igreja se encheu. A influência de sua piedade e de seu amor aos paroquianos era sentida e ele logo se tornou conhecido como o vigário de Madeley, aquele que a todos conduzia para uma vida mais santa.
O testemunho de Joseph Benson sobre ele é tocante:
O leitor me perdoará se pensa que estou exagerando, mas meu coração se ilumina enquanto escrevo. Isto é o que eu via: que direi? Um anjo em corpo humano? Não me excederia muito da verdade se assim o dissesse. Em verdade eu via diante de mim um descendente do caído Adão tão completamente restaurado das consequências da queda, que embora o corpo estive atado a terra, sem dúvida sua essência era dos céus, e sua vida estava dia após dia escondida com Cristo em Deus... raramente não o escutavam por muito tempo sem que brotassem lágrimas de seus olhos e sem que cada coração se incendiasse com a chama que ardia em sua alma.1
Ele foi pregar em Dublin, acompanhado de sua esposa (o leitor conhecerá a grande mulher que Deus preparou para John, que foi Mary Fletcher, ao ler o livro). Infelizmente, porém, ao saberem de seu envolvimento com os metodistas, os púlpitos das igrejas anglicanas foram fechados para ele. Mas não os da igreja francesa. E lá ele pregou com ousadia sobre Hebreus 10.32.
Muitos que o assistiam não entendiam francês, mas assim mesmo o foram escutar. Indagados do porquê o faziam, responderam: “Fomos olhar para ele, porque o céu parecia descer em feixes sobre sua face”.2
Em 1785, após apenas 4 anos de seu feliz casamento, John foi acometido de uma forte febre, que contraiu cuidando de seus paroquianos doentes, e clamava, em meio a dor: “Deus é amor, proclamai-o, proclamai-o com força! Oh! Que uma onda de louvor se estenda até aos confins da terra”.3
Mary Fletcher testemunhou que na proximidade da morte sua preocupação era com os pobres que cuidava. E afirmou que o esposo fora abençoado com um grau tão elevado de humildade que é difícil ser encontrado.
Segundo o poeta Robert Southey, nenhuma época forneceu um homem de piedade mais ardente ou mais perfeita caridade, e nenhuma igreja jamais possuiu um ministro mais apostólico. E até mesmo Voltaire, o grande filósofo iluminista, quando desafiado a citar um personagem tão perfeito como Cristo, mencionou Fletcher de Medeley.
Não pode haver melhor pessoa nos avivamentos em que devamos nos espelhar e buscar imitar em 2021, ano de incertezas e, provavelmente, de mais dores. Mas, que em meio a aflições, não desanimemos e ansiemos que Deus seja louvado em nossas vidas.
Notas
1. BARBIERI, Sante Uberto. Estranha estirpe de audazes. São Bernardo: Imprensa Metodista, p. 101.
2. MOORE, Henry. The life of Mrs. Mary Fletcher. p. 101.
3. MOORE, Henry. The life of Mrs. Mary Fletcher, p. 189.
>> Conheça o livro Vozes Femininas nos Avivamentos
Entre as vozes destacadas no livro Vozes Femininas nos Avivamentos, encontram-se as dos avivalistas: grandes homens de Deus. No livro são apresentados: os irmãos Wesley, George Whitefield, Dwight Moody e outros.
Mas, um em especial eu não conhecia e fiquei muito feliz de saber sua história e me inspirar muito com ela. Ele foi chamado de “um anjo em corpo humano”, “o paladino da divina misericórdia”; “o homem santo do metodismo”. Ele foi John Fletcher, o primeiro teólogo do metodismo e aquele a quem John Wesley desejava como seu sucessor.
John nasceu em Nyon, na França, e estudou na Universidade de Genebra. Tornou-se militar e emigrou para a Inglaterra para trabalhar como preceptor. Porém, sua constante inquietação espiritual o fez desejar conhecer mais intimamente as coisas de Deus.
Ele ouvira falar dos metodistas como o povo que orava dia e noite e resolveu encontrá-los. A comunhão com eles foi plena e fez crescer seu desejo de servir a Deus como anelara desde sua juventude. Foi, então, ordenado ministro da Igreja Anglicana e escolheu Madeley como paróquia, onde havia muita miséria e perdição.
Lá abundava o comércio de bebidas, o povo se levantava tarde aos domingos, e ele começou a ir cedo pelas ruas tocando campainhas e convidando os moradores para os cultos. Além disso, visitava assiduamente todas as pessoas.
John não tinha boa saúde, ele sofria de tuberculose, mas ministrava com dedicação e carinho e sua igreja se encheu. A influência de sua piedade e de seu amor aos paroquianos era sentida e ele logo se tornou conhecido como o vigário de Madeley, aquele que a todos conduzia para uma vida mais santa.
O testemunho de Joseph Benson sobre ele é tocante:
O leitor me perdoará se pensa que estou exagerando, mas meu coração se ilumina enquanto escrevo. Isto é o que eu via: que direi? Um anjo em corpo humano? Não me excederia muito da verdade se assim o dissesse. Em verdade eu via diante de mim um descendente do caído Adão tão completamente restaurado das consequências da queda, que embora o corpo estive atado a terra, sem dúvida sua essência era dos céus, e sua vida estava dia após dia escondida com Cristo em Deus... raramente não o escutavam por muito tempo sem que brotassem lágrimas de seus olhos e sem que cada coração se incendiasse com a chama que ardia em sua alma.1
Ele foi pregar em Dublin, acompanhado de sua esposa (o leitor conhecerá a grande mulher que Deus preparou para John, que foi Mary Fletcher, ao ler o livro). Infelizmente, porém, ao saberem de seu envolvimento com os metodistas, os púlpitos das igrejas anglicanas foram fechados para ele. Mas não os da igreja francesa. E lá ele pregou com ousadia sobre Hebreus 10.32.
Muitos que o assistiam não entendiam francês, mas assim mesmo o foram escutar. Indagados do porquê o faziam, responderam: “Fomos olhar para ele, porque o céu parecia descer em feixes sobre sua face”.2
Em 1785, após apenas 4 anos de seu feliz casamento, John foi acometido de uma forte febre, que contraiu cuidando de seus paroquianos doentes, e clamava, em meio a dor: “Deus é amor, proclamai-o, proclamai-o com força! Oh! Que uma onda de louvor se estenda até aos confins da terra”.3
Mary Fletcher testemunhou que na proximidade da morte sua preocupação era com os pobres que cuidava. E afirmou que o esposo fora abençoado com um grau tão elevado de humildade que é difícil ser encontrado.
Segundo o poeta Robert Southey, nenhuma época forneceu um homem de piedade mais ardente ou mais perfeita caridade, e nenhuma igreja jamais possuiu um ministro mais apostólico. E até mesmo Voltaire, o grande filósofo iluminista, quando desafiado a citar um personagem tão perfeito como Cristo, mencionou Fletcher de Medeley.
Não pode haver melhor pessoa nos avivamentos em que devamos nos espelhar e buscar imitar em 2021, ano de incertezas e, provavelmente, de mais dores. Mas, que em meio a aflições, não desanimemos e ansiemos que Deus seja louvado em nossas vidas.
Notas
1. BARBIERI, Sante Uberto. Estranha estirpe de audazes. São Bernardo: Imprensa Metodista, p. 101.
2. MOORE, Henry. The life of Mrs. Mary Fletcher. p. 101.
3. MOORE, Henry. The life of Mrs. Mary Fletcher, p. 189.
>> Conheça o livro Vozes Femininas nos Avivamentos
Mestre em teologia e pós-graduada em história do cristianismo, é autora de Vozes Femininas nos Avivamentos (Ultimato), além de Vozes Femininas no Início do Cristianismo, Uma Voz Feminina Calada pela Inquisição, Uma Voz Feminina na Reforma e Vozes Femininas no Início do Protestantismo Brasileiro (Prêmio Areté 2015).
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