Opinião
- 17 de novembro de 2009
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O Cachimbo de Magritte e o espelho de Deus
João Thiago da Cunha Netto
“Isto não é um cachimbo” (Renée Magritte)
“Por meio de Jesus podemos nos aproximar de Deus do jeito que somos. Mais ainda, por meio de Jesus somos chamados a nos tornar mais verdadeiramente humanos e a refletir a imagem de Deus no mundo”. (N. T. Wright)
Poucos artistas conseguiram entender tão bem o quanto nosso mundo é feito de referências a imagens quanto Renée Magritte. O pintor belga e seu cachimbo, que não é cachimbo, entendiam que aquilo que vemos é, em linhas gerais, nada mais que um reflexo, um eco de algo que é real, mas que não está ao alcance de nossos olhos.
N. T. Wright entende que nosso mundo é um eco, e em Simplesmente Cristão não só nos revela esta verdade como explica de forma clara como devemos lidar com ela.
Para Wright, nossos sentimentos e aspirações (anseio por justiça, busca por espiritualidade, necessidade de relacionamento e desejo pela beleza), bem como toda a obra de Deus na terra, são reflexos de um mundo que nos espera; ecos da voz de um Deus que quer se expressar para nós.
A mensagem de Deus por meio desses ecos é que a origem do som é melhor que o reflexo dele. Enquanto não conseguimos satisfação quando a procuramos à nossa volta, Deus nos oferece o que tem de melhor. Se a beleza do mundo é efêmera, a de Deus é eterna. Se a justiça dos homens tarda e falha, a de Deus é perfeita. Enquanto procuramos formas religiosas de nos relacionar com Deus, ele quer abrir nosso coração para habitar dentro dele. Se nos contentamos com um simples “oi, Jesus”, ele quer se relacionar conosco em um nível de intimidade mais profundo.
Deus nos convida todos os dias a olhar além dos reflexos. Ao invés de vermos a imagem refletida, ele nos chama a ver a imagem-referente, onde a imagem não perde seus matizes; pelo contrário, é plena de suas cores reais.
Wright nos proporciona um belo jogo de espelhos. Como nós refletimos em nossas vidas o desejo de Deus de se reunir com sua criação e como Jesus reflete em si mesmo a imagem-referente de Deus. Como Israel é apenas um eco da Nova Jerusalém que espera por nós e como o templo é um reflexo do que nós viríamos a ser: templos para o Espírito Santo de Deus. De todas essas imagens, a única em que se atinge a verossimilhança é Jesus refletindo Deus.
Críticos têm comparado “Simplesmente Cristão” com “Cristianismo Puro e Simples” de C. S. Lewis. Dizer isso é incompleto. Mais que uma discussão apologética, o livro de N.T. Wright é uma visão filosófica e criativa sobre como enxergar Deus além de nossos espelhos. Quando tiramos os filtros que ficam no caminho, conseguimos ver o cachimbo por trás do quadro e o Deus por trás do homem.
• João Thiago da Cunha Netto, casado com Fernanda, é jornalista e escreve no blog www.webbencao.blogspot.com e no site www.jornallivrearbitrio.com. Escreveu o blog-livro www.larinterior.blogspot.com. Atua como evangelista na Igreja Apostólica Batista Projeto Céu, em Santos, SP.
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“Por meio de Jesus podemos nos aproximar de Deus do jeito que somos. Mais ainda, por meio de Jesus somos chamados a nos tornar mais verdadeiramente humanos e a refletir a imagem de Deus no mundo”. (N. T. Wright)
Poucos artistas conseguiram entender tão bem o quanto nosso mundo é feito de referências a imagens quanto Renée Magritte. O pintor belga e seu cachimbo, que não é cachimbo, entendiam que aquilo que vemos é, em linhas gerais, nada mais que um reflexo, um eco de algo que é real, mas que não está ao alcance de nossos olhos.
N. T. Wright entende que nosso mundo é um eco, e em Simplesmente Cristão não só nos revela esta verdade como explica de forma clara como devemos lidar com ela.
Para Wright, nossos sentimentos e aspirações (anseio por justiça, busca por espiritualidade, necessidade de relacionamento e desejo pela beleza), bem como toda a obra de Deus na terra, são reflexos de um mundo que nos espera; ecos da voz de um Deus que quer se expressar para nós.
A mensagem de Deus por meio desses ecos é que a origem do som é melhor que o reflexo dele. Enquanto não conseguimos satisfação quando a procuramos à nossa volta, Deus nos oferece o que tem de melhor. Se a beleza do mundo é efêmera, a de Deus é eterna. Se a justiça dos homens tarda e falha, a de Deus é perfeita. Enquanto procuramos formas religiosas de nos relacionar com Deus, ele quer abrir nosso coração para habitar dentro dele. Se nos contentamos com um simples “oi, Jesus”, ele quer se relacionar conosco em um nível de intimidade mais profundo.
Deus nos convida todos os dias a olhar além dos reflexos. Ao invés de vermos a imagem refletida, ele nos chama a ver a imagem-referente, onde a imagem não perde seus matizes; pelo contrário, é plena de suas cores reais.
Wright nos proporciona um belo jogo de espelhos. Como nós refletimos em nossas vidas o desejo de Deus de se reunir com sua criação e como Jesus reflete em si mesmo a imagem-referente de Deus. Como Israel é apenas um eco da Nova Jerusalém que espera por nós e como o templo é um reflexo do que nós viríamos a ser: templos para o Espírito Santo de Deus. De todas essas imagens, a única em que se atinge a verossimilhança é Jesus refletindo Deus.
Críticos têm comparado “Simplesmente Cristão” com “Cristianismo Puro e Simples” de C. S. Lewis. Dizer isso é incompleto. Mais que uma discussão apologética, o livro de N.T. Wright é uma visão filosófica e criativa sobre como enxergar Deus além de nossos espelhos. Quando tiramos os filtros que ficam no caminho, conseguimos ver o cachimbo por trás do quadro e o Deus por trás do homem.
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