Opinião
- 18 de maio de 2010
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Não se esqueça do Robin
Rodrigo de Lima Ferreira
A bênção da internet é saber como éramos bregas e não sabíamos! Recentemente assisti a um filme do Batman, dos anos 60, baseado na famosa série com Adam West (Batman) e Burt Ward (Robin). Era engraçado ver um Batman meio barrigudinho e um Robin com aquele cabelo entupido de gel. A cena mais ridícula no filme foi a em que Batman, pendurado em uma escada de helicóptero, sobrevoando o mar aberto, é atacado por um tubarão e então contra-ataca com um repelente de tubarões em spray retirado do seu batcinto de utilidades!
Na minha imaginação infantil, quando o seriado era exibido na TV, era impossível ter o Batman sem o Robin. E sem também aquele batmóvel maravilhoso, mas esta é outra história. Portanto, aonde o Batman ia, o Robin ia atrás.
Nos tempos de Jesus também havia uma dupla dinâmica. Não era formada por um protótipo de Batman e Robin, mesmo porque o morcego era animal imundo perante a Lei. Mas era a dupla dinâmica formada por fariseus e saduceus.
Os fariseus são constantemente lembrados hoje em dia. Não há ofensa maior que chamar alguém de fariseu. Isso porque fariseu é entendido como alguém intransigente, cabeça dura ou, conforme disse Rubem Alves, seguidor do protestantismo de reta doutrina, onde o que importa é a letra da Lei, não o seu espírito. Segundo o fariseu, o que vale é a correta interpretação da Lei, dada por ele mesmo, e não ela em si.
Mas os saduceus formavam um grupo diferente. Eram judeus que tinham um tipo de fé diferente. Não criam na ressurreição. Diziam que a tradição oral não valia como a tradição escrita. Eram pessoas, conforme nos diz Flávio Josefo, que criam apenas no livre-arbítrio aqui e agora.
O mais interessante é que, para pegar Jesus, eles sempre se alinhavam com os fariseus, que criam de modo diametralmente oposto. Para um “bem comum”, ou melhor, mal comum, aceitavam a união com um pretenso inimigo.
Os saduceus, embora menos citados na Bíblia, eram tão perniciosos quanto os fariseus em sua busca em perseguir Jesus. Sua perniciosidade residia não só em sua hipocrisia e em seu “colaboracionismo” com o farisaísmo, gerando uma distorção do conceito de co-beligerância de Francis Schaeffer. Sua malignidade residia principalmente em sua incredulidade latente.
Vemos hoje o grande mal que estruturas doentes fazem com as pessoas. A cada dia que passa aumenta o número de pessoas traumatizadas com igrejas, lideranças e pastores. Tal como um alérgico em um ambiente mofado, esses indivíduos começam a agonizar com a simples lembrança de algo que já foi belo, mas que hoje necessita urgentemente de uma reforma e um avivamento (citando, novamente, Schaeffer). Essas pessoas necessitam de amparo, comunhão e restauração do verdadeiro Deus e da verdadeira Igreja, que é seu corpo e que reside nas igrejas e fora delas.
Mas, tal como lobos que acompanham rebanhos machucados, os saduceus modernos espreitam tais pessoas, afirmando seu egoísmo como parte inerente ao reino, dizendo que a “igreja sou eu”, quando, na verdade, a igreja nunca é um indivíduo apenas. Estes saduceus apresentam sua incredulidade em uma capa estranha de piedade mundanizada e santidade suja, crendo transmitir o “verdadeiro Evangelho”, como se os últimos dois mil anos tivessem gerado apenas espertalhões e heréticos, mas que agora a realidade estava revelada a eles. Movimentos heréticos, como os Testemunhas de Jeová e os Mórmons, tiveram início bem semelhante. Em seu descaminho, semeiam apenas a desgraça, a arrogância, a amargura, o cinismo, a incredulidade e o sarcasmo. Tudo em nome de Jesus.
Jesus condenou tanto os fariseus quanto os saduceus: “Vocês erram, não conhecendo as Escrituras” (Mt 22.29). E são essas mesmas Escrituras, tão vilipendiadas hoje em dia, que testemunham de Jesus (Jo 5.39). Na busca pela restauração da igreja, a incredulidade e a carnalidade humanas nunca podem ser alternativas viáveis. É hora, portanto, de buscarmos a Palavra, a santidade e o Senhor, deixando os modernos saduceus de lado. São guias cegos, e não quero que ninguém seja guiado ao precipício (Mt 15.14). Abra bem os olhos e nunca se esqueça do Robin!
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A bênção da internet é saber como éramos bregas e não sabíamos! Recentemente assisti a um filme do Batman, dos anos 60, baseado na famosa série com Adam West (Batman) e Burt Ward (Robin). Era engraçado ver um Batman meio barrigudinho e um Robin com aquele cabelo entupido de gel. A cena mais ridícula no filme foi a em que Batman, pendurado em uma escada de helicóptero, sobrevoando o mar aberto, é atacado por um tubarão e então contra-ataca com um repelente de tubarões em spray retirado do seu batcinto de utilidades!
Na minha imaginação infantil, quando o seriado era exibido na TV, era impossível ter o Batman sem o Robin. E sem também aquele batmóvel maravilhoso, mas esta é outra história. Portanto, aonde o Batman ia, o Robin ia atrás.
Nos tempos de Jesus também havia uma dupla dinâmica. Não era formada por um protótipo de Batman e Robin, mesmo porque o morcego era animal imundo perante a Lei. Mas era a dupla dinâmica formada por fariseus e saduceus.
Os fariseus são constantemente lembrados hoje em dia. Não há ofensa maior que chamar alguém de fariseu. Isso porque fariseu é entendido como alguém intransigente, cabeça dura ou, conforme disse Rubem Alves, seguidor do protestantismo de reta doutrina, onde o que importa é a letra da Lei, não o seu espírito. Segundo o fariseu, o que vale é a correta interpretação da Lei, dada por ele mesmo, e não ela em si.
Mas os saduceus formavam um grupo diferente. Eram judeus que tinham um tipo de fé diferente. Não criam na ressurreição. Diziam que a tradição oral não valia como a tradição escrita. Eram pessoas, conforme nos diz Flávio Josefo, que criam apenas no livre-arbítrio aqui e agora.
O mais interessante é que, para pegar Jesus, eles sempre se alinhavam com os fariseus, que criam de modo diametralmente oposto. Para um “bem comum”, ou melhor, mal comum, aceitavam a união com um pretenso inimigo.
Os saduceus, embora menos citados na Bíblia, eram tão perniciosos quanto os fariseus em sua busca em perseguir Jesus. Sua perniciosidade residia não só em sua hipocrisia e em seu “colaboracionismo” com o farisaísmo, gerando uma distorção do conceito de co-beligerância de Francis Schaeffer. Sua malignidade residia principalmente em sua incredulidade latente.
Vemos hoje o grande mal que estruturas doentes fazem com as pessoas. A cada dia que passa aumenta o número de pessoas traumatizadas com igrejas, lideranças e pastores. Tal como um alérgico em um ambiente mofado, esses indivíduos começam a agonizar com a simples lembrança de algo que já foi belo, mas que hoje necessita urgentemente de uma reforma e um avivamento (citando, novamente, Schaeffer). Essas pessoas necessitam de amparo, comunhão e restauração do verdadeiro Deus e da verdadeira Igreja, que é seu corpo e que reside nas igrejas e fora delas.
Mas, tal como lobos que acompanham rebanhos machucados, os saduceus modernos espreitam tais pessoas, afirmando seu egoísmo como parte inerente ao reino, dizendo que a “igreja sou eu”, quando, na verdade, a igreja nunca é um indivíduo apenas. Estes saduceus apresentam sua incredulidade em uma capa estranha de piedade mundanizada e santidade suja, crendo transmitir o “verdadeiro Evangelho”, como se os últimos dois mil anos tivessem gerado apenas espertalhões e heréticos, mas que agora a realidade estava revelada a eles. Movimentos heréticos, como os Testemunhas de Jeová e os Mórmons, tiveram início bem semelhante. Em seu descaminho, semeiam apenas a desgraça, a arrogância, a amargura, o cinismo, a incredulidade e o sarcasmo. Tudo em nome de Jesus.
Jesus condenou tanto os fariseus quanto os saduceus: “Vocês erram, não conhecendo as Escrituras” (Mt 22.29). E são essas mesmas Escrituras, tão vilipendiadas hoje em dia, que testemunham de Jesus (Jo 5.39). Na busca pela restauração da igreja, a incredulidade e a carnalidade humanas nunca podem ser alternativas viáveis. É hora, portanto, de buscarmos a Palavra, a santidade e o Senhor, deixando os modernos saduceus de lado. São guias cegos, e não quero que ninguém seja guiado ao precipício (Mt 15.14). Abra bem os olhos e nunca se esqueça do Robin!
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Casado, duas filhas, é pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil desde 1997. Graduado em teologia e mestre em missões urbanas pela FTSA, é autor de "Princípios Esquecidos" (Editora AGBooks).
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